Pesquisa

Livro aborda ensino de matemática em escolas indígenas

publicado: 10/12/2019 15h05, última modificação: 18/11/2022 16h11
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Fruto de um interesse nascido em 2004, quando o autor Morane de Oliveira conheceu a Comissão Pró-Índio, o livro “Matemática Básica no Sudoeste da Amazônia: Uma Proposta para Escolas Indígenas” (Appris Editora, 2019, 295 p., R$ 78) foi lançado durante a programação da 3ª Semana Acadêmica do Mestrado Profissional em Ensino de Ciências e Matemática (MPecim). 

Dividida em cinco capítulos, a obra trata do desenvolvimento de uma proposta pedagógica para agentes agroflorestais indígenas com relação à utilização de ideias, procedimentos e práticas matemáticas presentes no sudoeste da Amazônia. 

“Consideramos importante pensar conteúdos matemáticos que aumentem a capacidade indígena em atividades práticas e de planejamento que incluam situações envolvendo alimentação, cuidado com territórios e aprimoramento de técnicas de agricultura, onde há conhecimento tradicional, por exemplo”, avalia Morane, professor do Instituto Federal do Acre (Ifac) e egresso da segunda turma do MPecim. 

Com coautoria dos professores da Ufac, Edcarlos Miranda e Itamar da Silva, o livro é o desdobramento de uma pesquisa realizada pelo trio e que culminou com a dissertação de mestrado de Morane, apresentada ao MPecim.

Para elaboração da obra, os pesquisadores catalogaram textos teóricos e elaboraram atividades matemáticas próximas a identidades próprias da cultura indígena, buscando atender suas necessidades profissionais de maneira interdisciplinar e contextualizada. 

“O livro está fincado em três aspectos principais: fundamentação teórica, valorização de práticas culturais, nesse caso, as indígenas, e associação a conteúdos programáticos que fazem parte da cultura ocidental”, explica Edcarlos Miranda.  

Entre os temas abordados no livro, estão: contagem dos povos indígenas no sudoeste da Amazônia; escrita dos algoritmos; operações nos sistemas de numeração decimal; sistemas de medidas; geometria e proporcionalidade, tudo elaborado a partir de situações-problema contextualizadas nos afazeres cotidianos locais.

“Essa obra permite que possamos pensar práticas que expandam possibilidades de trabalho junto a outras minorias: comunidades ribeirinhas, seringueiros, guetos do contexto urbano, associação de agricultores”, analisa Itamar da Silva. “Há abundância de trabalhos teóricos ou relatos de prática, o que nos falta são trabalhos interdisciplinares, focados em perspectivas multiculturais. Esse é o diferencial desse livro.”