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Projeto de extensão apresenta músicas autorais no Spotify

publicado: 17/12/2020 17h07, última modificação: 18/11/2022 16h16
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O projeto de extensão Pocs, ligado à temática LGBT, realiza lançamento de músicas autorais no Spotify. As composições são de alunos de graduação da Ufac, bolsistas participantes do projeto, os quais também estão envolvidos na realização de palestras, oficinas, trabalhos cênicos, musicais e performances. A maioria das atividades são realizadas na modalidade on-line, por meio de lives em redes sociais.

O coordenador do Pocs, Humberto Issao Sueyoshi, professor do curso de Artes Cênicas, justifica que o projeto oferece um espaço de empoderamento e visibilidade a pessoas reprimidas, considerando ainda dados que indicam acentuado índice de violência e discriminação à comunidade LGBT. “O ‘artivismo’ da atividade de extensão se utiliza dos meios artísticos por uma questão política através de apresentações com reinterpretações de músicas que trazem questões sobre o movimento”, pontuou Sueyoshi. 

Ele ressalta que os trabalhos ficaram concentrados nas casas dos alunos, que produziram e divulgaram suas criações pela internet, em isolamento social devido à pandemia do novo coronavírus e para evitar propagação da covid-19. “Este ano conseguimos criar muito e postar bastante”, disse.

Artista participante da ação, Carine Santos contou que desde criança mantém uma relação íntima com a música, já que cresceu no meio de músicos e sempre gostou de cantar e tocar. “Acredito que esse projeto tem muita importância para representatividade de jovens e adultos acreanos LGBTQIA+”, opinou. “As pocs são incríveis e cada uma traz, por meio da música, a alegria e a dor que carrega.”

“Pocs”, título do projeto e palavra utilizada por Carine em sua declaração, é uma gíria que, inicialmente, referia-se a gays chamativos e considerados mais afeminados; a expressão “poc poc” é onomatopeia para o barulho de sapatos de salto alto. Hoje o termo “poc” é utilizado pela comunidade LGBT de forma humorística, afetiva e como símbolo de empoderamento.

Integrante do projeto, Hernan Castro relatou que a iniciativa surgiu durante as eleições de 2018, quando cresceu um desejo de apresentar e representar a voz LGBT. “Com o tempo fui aprendendo a escrever uns versinhos, fazer poesia, até que a vontade de cantar começou a ficar insuportável”, lembrou. “Num dia, escrevi ‘Armado’, a primeira canção da nossa banda, a Zingari. Depois disso eu praticamente larguei todo o resto e me dediquei mais a compor e produzir músicas.”

A estudante Mirian Therése de Andrade e Silva dedicou-se às composições de letras e melodias desde o início do projeto e começou os estudos básicos de produção musical, o que a ajudou na produção das faixas lançadas. “Como artista preta e lésbica, me sinto apagada diante da sociedade patriarcal na qual vivemos”, declarou. “Muitos artistas estão na mesma situação, com suas vozes caladas. Esse projeto nos dá visibilidade, espaço, voz, gostinho de liberdade para nossas formas de expressão, resistência e luta.”