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Professora da Ufac é consultora em reportagens sobre queimadas

publicado: 25/08/2021 15h32, última modificação: 18/11/2022 16h20
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A professora Sonaira Silva, pesquisadora do Laboratório de Geoprocessamento Aplicado ao Meio Ambiente (LabGama), do campus Floresta da Ufac, em Cruzeiro do Sul, trabalhou como consultora científica para a série de reportagem especial sobre queimadas do site InfoAmazônia.

O projeto, intitulado “Engolindo Fumaça”, investiga os efeitos da poluição do ar causada pelas queimadas sobre a saúde da população amazônica, considerando a pandemia da covid-19, e foi resultado de uma análise de dados realizada, durante cinco meses, por uma equipe multidisciplinar de jornalistas, geógrafos e estatísticos do InfoAmazonia, em parceria com pesquisadores do LabGama e da Fiocruz.

Respirar, principalmente em municípios dos Estados de Rondônia, Mato Grosso, Acre e Amazonas, ficou mais perigoso por causa de dois inimigos invisíveis aos olhos humanos: o vírus pandêmico e o material particulado fino, poluente microscópico que afeta os pulmões”, explica Sonaira Silva.

A pesquisadora alerta que os incêndios florestais e queimadas por desmatamento têm atingido níveis recordes nos últimos anos, com aumento de internações por doenças respiratórias durante o auge das temporadas do fogo, que ocorrem na estação seca — meses de julho a outubro.

As consequências da combinação entre queimadas e a pandemia do novo coronavírus são perversas, segundo Sonaira. “A cada dia em que os finíssimos grãos de material particulado ficaram em suspensão na atmosfera acima do patamar considerado seguro pela OMS [Organização Mundial de Saúde], o risco de uma pessoa contaminada pelo novo coronavírus ser internada subia 2%”, conta.

A análise de dados revela que a fumaça das queimadas esteve relacionada a um aumento de 18% nos casos graves de covid-19 (aqueles em que houve internações hospitalares) e de 24% em internações por síndromes respiratórias nos cinco Estados com mais fogo da Amazônia durante as queimadas de 2020: Amazonas, Acre, Rondônia, Mato Grosso e Pará.

A série de reportagens, intitulada “Além do Aquecimento Global: Efeitos das Queimadas sobre a Saúde da População Amazônica Brasileira Durante a Pandemia de Covid-19”, mobilizou a atuação de oito jornalistas, entre repórteres e fotógrafos, que percorreram esses cinco Estados da Amazônia Legal. O trabalho iniciou em julho de 2021; a equipe envolvida viajou pela BR-319, entre Humaitá (AM) e Porto Velho, para a reserva extrativista Chico Mendes, em Xapuri (AC), e para Poconé (MT), além de outras cidades.

O projeto “Engolindo Fumaça” teve apoio da Universidade de Stanford (Califórnia, EUA), por meio do programa Big Local News, cujo objetivo é disponibilizar dados que possam ser divulgados por jornalistas de todo o mundo.