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Bambu é risco para preservação da Amazônia

publicado: 02/07/2019 10h59, última modificação: 23/07/2019 10h02
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Até 2100, parte da região sudoeste da Amazônia, atualmente coberta por florestas, será ocupada por um tipo de vegetação parecido com savanas. Um dos fatores, além das mudanças climáticas, é o avanço desordenado do bambu em áreas de exploração madeireira e regiões impactadas por queimadas feitas pelo homem e incêndios florestais decorrentes de secas extremas. A descoberta foi publicada na revista “Ciência e Cultura”, pelo professor da Ufac e pesquisador do Núcleo de Apoio à Pesquisa no Acre do Instituto de Pesquisas da Amazônia, Evandro José Linhares Ferreira.

Em seu artigo, ele explica que na região sudoeste da Amazônia ocorrem extensas áreas de floresta nativas, mas com seu interior dominado por espécies de bambu do gênero Guadua; esses locais são conhecidos vulgarmente como tabocais. “Então, por exemplo, se há uma exploração madeireira na floresta que resulte na abertura de clareiras e o bambu do entorno se apresentar em alta densidade, significa que a clareira vai ser invadida pelo bambu”, disse.

Os tabocais são, também, um desafio para o modelo de manejo florestal aplicado atualmente, segundo o pesquisador. Avaliações feitas em manejo de madeira em florestas dominadas por bambu no leste do Acre mostraram que, depois do primeiro ciclo de exploração da madeira, houve redução de dois terços do número de espécies de árvores com valor comercial. 

Em longo prazo, o manejo de espécies comerciais fica comprometido pela pouca quantidade de árvores passíveis de exploração futura”, alertou Ferreira. 

Além da exploração madeireira, incêndios florestais e queimadas também favorecem o avanço do bambu. Na seca de 2005, o fogo impactou a diversidade da flora e causou a morte de árvores de grande porte. “Nessas condições, é possível que tenha havido uma expansão do bambu para o interior dessas florestas”, comentou o pesquisador. “Em lugares atingidos pelos incêndios florestais ocorridos durante as secas de 2005 e 2010, a densidade de colmos de bambu aumentou nove vezes. Isso quer dizer que outras plantas que nasceram naquele locais não vão crescer ou terão dificuldade para atingir a fase adulta.”