Racismo e iniquidades em saúde: o papel da identidade racial na promoção do bem-estar social

O Brasil, apresenta o maior contingente de afrodescendentes fora do continente africano (Chor & Lima, 2005), sendo que o período da escravatura deixou marcas na posição social de sucessivas gerações da população negra brasileira.
Contudo, apesar do processo histórico-social ter gerado iniquidades sociais por critérios raciais, essas desigualdades, no âmbito da saúde, têm sido pouco investigadas no Brasil, ao contrário de outros campos como o da educação, mercado de trabalho e justiça (Chor & Lima, 2005).
Estudos demonstram a correlação positiva entre iniquidades e morbidade das minorias através dos adoecimentos físico e/ou mental (Batista, 2002; Batista, Volochko; Ferreira & Martins, 2005; Barros e Batista, 2017) e, inclusive, mortalidade precoce (Chor & Lima, 2005; Paixão & Carvano, 2008a; 2008b) com frequentes exposição ao racismo. No âmbito das políticas públicas, em 2006, foi aprovada a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN), que consta o “reconhecimento do racismo, das desigualdades étnico-raciais e do racismo institucional como determinantes sociais das condições de saúde”.
Por outro lado, a identidade racial tem se mostrando um “mecanismo” de enfrentamento do racismo como promotor de saúde (Quintana, 2007).
Portanto, acredita-se que estar vinculado ao movimento negro ou compartilhar de ideias propagadas pelo movimento negro, proporcione uma identidade racial positiva, que por sua vez deve influenciar nos índices de morbidade e mortalidade, reduzindo-os, se comparados com grupos de negros que não recebem/vivencie, necessariamente, uma conscientização político-identitária.
Objetiva-se, com essa proposta de trabalho, mapear, descrever e compreender as dinâmicas identitárias de grupos de pessoas negras da cidade de Rio Branco (AC) em relação ao pertencimento e/ou conscientização político-identitária, com intuito de compreender e analisar a relação da identidade racial, como ferramenta, de enfrentamento: do racismo, da percepção da discriminação e do estresse na prevalência da saúde/doença das referidas populações negras acreanas.

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