Banco de artigos/capítulos de livros/ resumos
“DEAR WHITE PEOPLE”: PORQUE FALAR SOBRE AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS DO BRASIL PARA A POPULAÇÃO BRANCA?
Autoras: Andressa Queiroz da Silva e Flávia Rodrigues de Lima Rocha
Resumo: O presente estudo é fruto do projeto de extensão “Em favor da aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na Educação Básica”, da Universidade Federal do Acre – UFAC, que está em sua terceira edição neste ano, cujo objetivo é promover a aplicabilidade da referida lei, buscando romper com preconceitos e discriminações relacionados à cor/raça negra no âmbito escolar. A lei 10.639/2003, que altera a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Básica, a Lei no. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, inclui no currículo escolar e obriga o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica. Porém, apesar da obrigatoriedade, muitas instituições e professores desconhecem esta legislação, ainda mais quando se trata de instituições privadas cuja maioria de alunos são brancos. O trabalho aqui apresentado foi realizado numa instituição de ensino privada, com turmas do Ensino Médio, cujo tema foi “Educação das relações étnico-raciais do Brasil”, para isso utilizamos como referencial teórico Kabengele Munanga (2005) e Nilma Lino Gomes (2005), bem como dados estatísticos sobre a população negra do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2010) e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA (2011), que nos mostra que, uma vez comparada com a população branca, a população negra (pretos e pardos) vive em desigualdade, e a cor da pele negra ainda é correlacionada à aspectos negativos em nossa sociedade. Além de expor dados estatísticos, foi feito uma contextualização histórica para mostrar como e porque ainda existe racismo em nosso país, abordamos os conceitos de raça, etnia, preconceito, discriminação, racismo e foi definido o que é injúria racial e racismo segundo nosso código penal, mostrando alguns casos famosos. Ademais, foi feito um debate sobre as cotas raciais nas universidades. Foi mostrado como no Brasil escravista a população negra sofreu e continua sofrendo até hoje, bem como sua exclusão, sobretudo no sistema escolar, daí a necessidade de políticas afirmativas para este grupo como forma de reparação devido ao histórico da escravidão que ainda afeta negativamente a vida, a trajetória e a inserção social dos descendentes africanos em nosso país. Portanto, obtivemos como resultados desta ação, o contato do alunado - em sua maioria branca - com temas de enfrentamento ao racismo. Instigando-os a repensar as relações étnico-raciais através da valorização da história e cultura africana e afro-brasileira, incentivando assim a igualdade racial na escola. Palavras-chave: Lei 10.639/2003; Educação antirracista; Educação cidadã.
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA É EDUCAÇÃO TRANSFORMADORA: UMA ANÁLISE DA EFETIVIDADE DA LEI Nº 10.639/03
Autoras: Andressa Queiroz da Silva e Rosilene Silva da Costa
Resumo: O presente texto é resultado do projeto de pesquisa “Observatório de Discriminação Estadual do Acre (ODR/AC)” idealizado pelo Fórum Permanente de Educação Étnico-Racial do Estado do Acre (FPEER/AC), o qual atua em parceria com a Universidade Federal do Acre – UFAC desde 2016. Devido ao histórico de escravismo sofrido pelos povos negros africanos fundou-se uma ideologia em torno desse contexto de valorização e superioridade da cultura eurocêntrica hegemônica, gerando uma representação negativa do indivíduo negro pela mídia, livros e até pela educação ofertada na escola. Ocorre uma perpetuação do racismo no cotidiano escolar e para romper com essa prática o movimento negro do século XXI buscou mecanismos para valorização da história e da cultura africana e afro-brasileira, bem como para a promoção da igualdade racial na escola. Foi por esse histórico de lutas que a Lei nº 10.639/2003 foi promulgada. Este trabalho tem como objetivo analisar a Lei 10.639/2003 numa perspectiva de uma educação antirracista e transformadora, tendo como base dessa análise o posicionamento de professores do ensino fundamental II da rede pública de Rio Branco-Acre em relação às temáticas étnico-raciais a partir das respostas dadas à pesquisa aplicada no projeto do Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre (ODR/AC). Ademais, pretende-se verificar como gênero, religião, idade e a formação desses professores pode influenciar no seu posicionamento frente a questões raciais que ocorrem no ambiente escolar. E analisar o cumprimento da Lei no. 10.639/2003, que visa o enfrentamento ao racismo e a promoção da igualdade racial. Para isso foi utilizado como referencial teórico a própria Lei nº 10.639/2003, Cavalleiro (1998) Gomes (2005), Foucalt (1979). O resultado obtido através da análise dos dados a partir de uma abordagem qualitativa e quantitativa nos mostra a necessidade de formação inicial ou continuada sobre a temática étnico-racial e de práticas pedagógicas antirracistas. Palavras-chave: Educação antirracista. Lei nº 10.639/2003. Professores.
FILME “PANTERA NEGRA”: A REPRESENTAÇÃO POSITIVA NO CINEMA PARA O ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA
Autoras (es): Mauricio dos Santos Lopes Junior e Andressa Queiroz da Silva
Resumo: Cinematografia é uma forma de linguagem e por isso é carregado de discurso, faz parte de uma ideologia e possui um objetivo. Quando analisamos o cinema, percebemos que o personagem negro e o continente África muitas vezes (quase sempre) é representado de maneira estereotipada. Dessa maneira, produções como o filme Pantera Negra (Black Panther, 2018) que rompem com esse panorama são tão importantes e podem ser usados na sala de aula como instrumento pedagógico. O presente estudo possui como objetivo analisar o filme Pantera Negra para assim mostrar como o uso deste em sala de aula pode contribuir para o ensino de história da África em conformidade com a Lei 10.639/2003. Para auferir tal objetivo utilizamos como referencial teórico: Napolitano (2003) Souza (2011) e Bittencourt (2004; 2008), além do próprio filme e a Lei 10.639/2003. A metodologia utilizada é de cunho qualitativo, baseado nos três elementos de análise de filmes citados por Napolitano (2003). Assim, chegamos à conclusão de que o presente filme pode ser uma maneira positiva de representação do continente africano, uma vez que rompe com os modelos de filmes da indústria ao valorizar a África e sua história por isso deve ser usado na sala de aula no ensino de História da África com finalidade educativa, efetivando também a Lei 10.639/2003. Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Pantera Negra. Representação.
FORMAÇÕES DE PROFESSORES E A LEI 10.639/03: POR UMA DESCOLONIZAÇÃO DO (S) SABER (ES) NA ESCOLA
Autoras: Andressa Queiroz da Silva e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: Passados 16 anos desde a publicação da Lei 10.639/2003 que inclui em todo o currículo escolar brasileiro a obrigatoriedade do ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, ainda pode-se identificar que hoje o desconhecimento por parte dos profissionais da educação - da referida Lei, os dados do Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre (ODR/AC) comprovam isso através dos resultados de sua pesquisa de 2018. O presente estudo tem como foco compreender a importância das formações para professores da Educação Básica da Lei 10.638/2003, em Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) e, de como têm sido introduzidas e constituídas no processo metodológico de formação como importantes temáticas de enfrentamento no ensino ao preconceito social e institucional, refletindo assim, sobre a resistência - de implementação dessa temática, bem como, sobre a não efetivação da Lei no campo do ensino o que corrobora com a manutenção do status quo de uma educação eurocêntrica, racista e discriminatória. Nesse sentido, o estudo partiu dos pressupostos teóricos de autores como: Gomes (2011), Munanga (2005), Corenza (2018), Quijano (2005). O método qualitativo usado como base para analisar os dados do ODR/AC de 2018-2019, se constitui numa metodologia onde os dados obtidos através da aplicação de questionários nas escolas, registrados e tabulados na plataforma online Google Forms produziram uma riqueza de informações sobre a temática da formação de professores que foram analisadas. Logo, inferimos que diante de tal panorama defende-se a importância da formação inicial e continuada para a ERER, numa perspectiva decolonial. Portanto, a partir de uma (re)leitura dos conteúdos curriculares, bem como, a efetiva implementação da Lei 10.639/2003 no âmbito da formação do profissional escolar é uma maneira de garantir uma educação multicultural, antidiscriminatória e antirracista. Palavras-chave: Lei 10.639/03. Formação de Professores. Educação Antirracista.
LEI Nº 10.639/2003: EDUCAR PARA A DIVERSIDADE
Autoras (es): Andressa Queiroz da Silva e Maurício dos Santos Lopes Júnior
Resumo: O Brasil foi construído a partir de três etnias: povos indígenas, europeus e povos africanos, como podemos perceber na formação sociocultural do país já existe diversidade. Entretanto, com a justificação ideológica criada para a escravização dos povos africanos e mesmo depois de sua abolição com a Lei Áurea em 1888, estes continuaram sofrendo devido ao estigma da escravidão e que a cor negra carrega. Assim, foi nesse contexto sócio-histórico que foi estruturado o racismo em nossa sociedade, além disso a valorização cultural e histórica eurocêntrica corroboram para este panorama. Segundo o IBGE (2015) o Brasil hoje conta com 53,6% da população autodeclarada como pretos ou pardos, formando assim a população negra do país. Entretanto, ao analisarmos dados socioeconômicos da população negra veremos que estes estão sempre em desigualdade quando comparados com a população branca, é o que revela o estudo “Retratos das Desigualdades de gênero e raça – 20 anos” (IPEA, 2015). O presente estudo tem como objetivo realizar reflexões sobre a necessidade do ensino sobre a diversidade na escola, sendo a efetivação da Lei nº 10.639/2003 uma possibilidade, para isso teremos como base de analise os documentos oficiais que surgem posteriormente para assegurar a efetivação da referida lei e desmistificam a impossibilidade de inserir a temática na sala de aula. Além disso, abordamos a importância da inserção da história e cultura africana e afro-brasileira no cotidiano escolar como forma de promoção da igualdade racial. Foi utilizado para embasamento teórico Jacques d'Adesky (1997), Silvia Duschatzky e Carlos Skliar (2000), Munanga (2005) e Gomes (2005). Obtivemos como resultado a necessidade de formação docente – inicial ou continuada - para que os professores dessa maneira possam descontruir os valores culturais racistas que foram introjetados em nossa sociedade através da inserção da temática étnico-racial na sala de aula. Palavras-chave: Educação cidadã. Lei no 10.639/2003. Diversidade étnico-racial.
O NÚCLEO DE ESTUDOS AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS COMO PROMOTOR DE IGUALDADE RACIAL NA UFAC
Autoras (es): Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Andressa Queiroz da Silva e Wálisson Clister Lima Martins
Resumo: O Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (Neabi) da Universidade Federal do Acre objetiva de forma geral, apresentar ações realizadas pelo Neabi/Ufac. Esta pesquisa foi desenvolvida por meio da análise de documentos produzidos pelo núcleo, bem como por depoimentos de membros que participam ativamente de suas atividades. Os resultados indicam que a institucionalização do Neabi/Ufac ampliou as possibilidades de formação para ERER não apenas em quantidade de atividades, mas em alcance e diversidade de público, bem como em qualidade, devido ao formato agregador que ganhou o Neabi/Ufac, permitindo assim uma riqueza maior na diversidade de conteúdos e de sujeitos que o compõe. Palavras-chave: Neabi/Ufac. Ações em ERER. Movimento Negro Educador.
O PRETOGUÊS E A ANCESTRALIDADE AFRICANA NO BRASIL: UMA ANÁLISE DE CANTO II, DA OBRA “O CANTO DOS ESCRAVOS”
Autoras (es): Andressa Queiroz da Silva e Selmo Azevedo Apontes
Resumo: Este texto objetiva reunir dados intra e extralinguísticos para mostrar os rastros/resíduos ou ainda o elo entre as culturas negra brasileira e africana trazida para o país através da diáspora. Utilizaremos a música Canto II da obra “O Canto dos Escravos” (1982), interpretada por Clementina de Jesus. O aporte teórico-metodológico para leitura dos fatores extralinguísticos, são: a) aspectos demográficos, b) mobilidade populacional no Brasil, c) escolarização e d) as reconfigurações socioculturais no Brasil (século XIX). A base teórica para a reflexão será de: Lelia Gonzales (1988), Peter (2015), Silva (2015), Hall (2016), Mattos (2012), Bonvini (2008), Romão (2005), Lopes (2003), Eltermann (2015), Sampaio (2008), Azevedo (2016), entre outros. Como resultado, verificou-se que os cantos dos escravos – vissungos – podem ser vistos como uma forma de se conectar com o passado, uma forma de perpetuação de tradição e de transmissão de memórias, rastros/resíduos de um elemento identitário que foi ressignificado por escravizados e seus descendentes em território brasileiro. Dessa forma, é um registro também linguístico do pretoguês como uma das marcas da identidade brasileira que se tentou apagar através da lusitanização da fala do Brasil. Palavras-chave: Pretoguês. Vissungos. Canto dos Escravos.
O USO DO BLACKFACE COMO PRÁTICA PEDAGÓGICA NOS ANOS INICIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA
Autoras (es): Andressa Queiroz da Silva, Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Wálisson Clister Lima Martins
Resumo: Este trabalho tem como objetivo refletir sobre as práticas pedagógicas que utilizam o blackface de maneira equivocada na busca pela valorização da história e cultura afro-brasileira e africana. Para alcançar tal objetivo, utilizamos como aporte teórico Munanga (2008), Hall (2016), Souza (2011) e Silva (2014). A metodologia utilizada foi a análise qualitativa de entrevistas estruturadas e semiestruturadas com os professores da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Fundamental. Por fim, compreendeu-se que muitos professores não sabem do que trata o blackface, mesmo quando o praticam, o que é resultado de uma formação com currículo eurocêntrico que reproduz um discurso racista sem as devidas informações sobre as questões étnico-raciais. Sendo assim, práticas racistas com o intuito de promover igualdade racial nas escolas continuam a ser engendradas, “consumidas” por alunos e também reproduzidas por eles em um contínuo ciclo de repetição, cuja interrupção só será possibilitada com a efetivação de práticas antirracistas que estão em acordo com a Lei 10.639/2003 e suas Diretrizes Nacionais Curriculares (2004). Palavras-chave: Blackface. Lei 10.639/2003. Educação antirracista.
A HISTÓRIA EM QUADRINHOS PANTERA NEGRA: A REPRESENTAÇÃO NA LITERATURA INFANTO-JUVENIL PARA A PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Autora: Andressa Queiroz da Silva
Introdução: Produto de uma colonização que usava mão de obra negra escravizada, o Brasil tem, hoje, como resultado histórico, uma sociedade inserida em um contexto ideológico e cultural de hegemonia branca cuja posição influencia na prática de ações discriminatórias. Na contramão disso, temos a lei 10.639 de 2003 (BRASIL, 2003), instituída com a finalidade de alterar o panorama em que vivemos. Esta lei faz uma mudança nos currículos escolares ao tornar obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana com o objetivo de enfrentar o racismo e promover uma educação antirracista. Conforme alguns dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) , mesmo após 128 anos da abolição da escravidão no Brasil, a situação do negro na sociedade ainda é desigual se comparada com a do branco. Vivemos, em nosso país, um mito da democracia racial. A cor da pele ainda é um fator preponderante para o acesso à saúde, à educação, ao emprego, entre outros. As salas de aulas são os locais onde podemos ter grandes números de manifestações de práticas e ideologias racistas, as quais acabam sendo naturalizadas em todos nós pela influência da mídia e pela própria escola. Somente através da educação e de políticas públicas para negros é que poderemos modificar esse panorama. Se passarmos a observar e analisar filmes, livros didáticos e literários, novelas, séries de TV, jornais, mídias sociais e outros, poderemos perceber que a representação dos negros é influenciada pelo discurso ideológico racista que vem sendo perpassado durante séculos na sociedade, colocando esses sujeitos em uma posição de marginalidade. Normalmente, eles são representados como aqueles que cometem crimes ou como os que devem ser “dominados”. Os negros escravizados são representados como aqueles que aceitaram, de forma pacífica, serem escravizados. É apagado o fato de que os negros participaram de muitos movimentos de luta por direitos e a sua contribuição social, econômica, política e cultural para a construção do país. Assim, esse discurso que permeia o imaginário social deve ser modificado, afinal crianças e adolescentes absorvem e constroem suas identidades com essas referências que os circundam e a ausência de representantes negros – modelos positivos e não folclóricos - para crianças e adolescentes negros afetam a forma como eles representam a si mesmos e como os outros os representam. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 22.
POLÍTICAS DE PROMOÇÃO DE IGUALDADE RACIAL NO PPGE/UFAC A PARTIR DE UMA REVISÃO DE LITERATURA
Autoras (es): Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Andressa Queiroz da Silva, Wálisson Clister Lima Martins
O presente trabalho faz parte das pesquisas realizadas no âmbito do NEABI/UFAC e trata de um levantamento das dissertações produzidas pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da citada universidade (PPGE/UFAC), voltadas para temáticas envolvendo a população negra. O PPGE/UFAC existe desde 2014 e, até 2019, teve 86 defesas aprovadas de dissertações. Este programa foi uma importante conquista para a UFAC no que diz respeito à pós-graduação, sobretudo no que tange à possibilidade de formação de professores. OPPGE/UFAC tem duas linhas de pesquisa, que são: Linha 1) Políticas e Gestão Educacional; e Linha 2) Formação de Professores e Trabalho Docente, que muito têm contribuído para o avanço da ciência educacional no estado do Acre.
Este estudo centrou-se na compreensão da importância de programas como o PPGE/UFAC para o crescimento da formação de professores em relações étnico-raciais, tendo em vista que esta é uma formação prevista em Lei, pela Resolução CNE/CP no 1, de 2004 (BRASIL, 2004), que instituiu diretrizes curriculares nacionais para a educação das relações étnico-raciais e para o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana a fim de regulamentar o artigo 26 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN (BRASIL, 1996), que obriga o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana no currículo da Educação Básica.
Este trabalho indaga quais pesquisas voltadas para a promoção de igualdade racial podem ser encontradas entre as dissertações defendidas no Programa de Pós-Graduação em Educação, desde sua criação, em 2014, até 2019. Além disso, este problema gera outras questões de estudo, como: quem são os sujeitos que desenvolveram estas pesquisas? E quem são os sujeitos que orientaram estas pesquisas? Em qual contexto (período de escrita e de defesa, linha de pesquisa) a escrita destas dissertações foi realizada?
Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 143.
FILME “PANTERA NEGRA”: A REPRESENTAÇÃO POSITIVA DA ÁFRICA E DO NEGRO NO CINEMA COMO AÇÃO DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL
Autoras (es): Andressa Queiroz da Silva e Mauricio dos Santos Lopes Júnior
Resumo: O presente estudo é uma proposta de ação na escola utilizando o filme Black Panther (2018) em conformidade com a Lei nº 10.639/2003 que obriga o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas e tem como objetivo através de sua prática a promoção da igualdade racial na escola e a busca da representação social e cultural de alunos negros. Além disso, busca-se romper com a estereótipos e preconceitos construídos ao longo da vida, e reforçados na escola em consequência da educação eurocêntrica, do negro e da África. Para alcançar tais objetivos foi utilizado como referencial teórico a própria Lei nº 10.639/2003, o conceito de Representação de W.J.T. Mitchell e o filme “Pantera Negra” (2018), a metodologia utilizada é a pesquisa bibliográfica, de cunho qualitativo. No filme 90% do elenco é composto por atores negros, a equipe de produção também é formada por negros que são consciente da causa e da significação do filme, reforçando a representatividade. Os elementos que compõem o filme foram muito bem elaborados com base na cultura Africana, onde podemos identificar elementos da cultura Afro-Brasileira. Assim, este pode contribuir para a construção da identidade e representação de crianças e adolescente negros, uma vez que há elementos narrativos com os quais estes podem se identificar de maneira positiva e benéfica para construção de sua identidade. Para os brancos, esta história contribui no sentido de apresentar uma visão não estereotipada dos negros e de seu legado histórico, contribuindo para o combate ao racismo e ao preconceito. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 161. Palavras-chave: Representação. Pantera Negra. Educação étnico-racial. Lei nº 10.639/2003.1.
RACISMO NA INFÂNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: REFLEXÕES SOBRE A SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autoras (es): Cláudia Marques de Oliveira, Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Débora Matos Ferreira de Souza, Andrisson Ferreira da Silva, Andressa Queiroz da Silva, Maurício dos Santos Lopes Júnior
Resumo: Conhecendo o contexto da construção do racismo científico no mundo, para entender o racismo institucional, a necessidade das políticas públicas, os mecanismos e a não garantia dos direitos das crianças e adolescentes, propomos com este capítulo levantar informações em torno do significado do conceito de direitos humanos, à luz do conceito de racismo e seus efeitos na saúde mental de crianças e adolescentes negros. O objetivo é descrever a existência desse racismo por meio da negligência na coleta e sistematização dos dados raça/cor identificando falhas. Foi realizada uma revisão bibliográfica da legislação em torno dos direitos humanos, dos direitos das crianças e adolescentes, como também uma revisão sobre os efeitos do racismo na saúde dos mesmos. Em uma mostra das escolas da cidade de Rio Branco, o quesito raça/cor solicitado na matrícula, não é devidamente coletado e sistematizado. Nos atendimentos nos postos de saúde, UPAS e hospitais também não há essa sistematização. Nos acolhimentos dos três Conselhos Tutelares, nos CRAS – Centros de Referência e Assistência Social e no Sistema Sócio Educativo, não se coleta esse dado. Podemos relacionar o trato direcionado às crianças negras como fundamento do racismo científico institucionalizado. As tensões e conflitos internos gerados pelo racismo podem desenvolver uma série de deteriorações identitárias, infringindo em sua saúde mental e física, gerando: baixa autoestima, pouco desempenho escolar, menor expectativa para a vida, transtornos psicológicos, conflitos de personalidade, sentimentos de inferioridade, uma não identificação do pertencimento racial, como também ser decisivo para sua entrada ou não no campo da criminalidade. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 214. Palavras-chave: Racismo na Infância, Políticas Públicas e Saúde Mental.
“EU NÃO VEJO AS CORES DOS MEUS ALUNOS”: RACISMO NA ESCOLA
Autoras (es): Andressa Queiroz da Silva, Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Walisson Clister Lima Martins, Andrisson Ferreira da Silva, Cláudia Marques de Oliveira, Mauricio dos Santos Lopes Júnior
Resumo: O presente estudo é resultado da pesquisa do Observatório de Discriminação Racial da Educação Básica – ODR/EB e tem como objetivo expor a necessidade de efetivação da lei 10.639/2003 através dos dados quantitativos analisados, mas também dos etnográficos “colhidos” desde 2015 com a experiência de formação de professores. Para alcançar tal objetivo utilizaremos como referencial teórico Gomes (2012), Magalhães (2012), Munanga (2005). Através da pesquisa é possível perceber um cenário de não efetivação da referida, a analise dos dados nos mostram isso, se faz necessário uma real sensibilização direcionada para os profissionais da educação. Além disso, é perceptível que o mito da democracia racial, da miscigenação brasileira e o da meritocracia estão impregnados na nossa cultura, a não-compreensão do que foi o racismo e suas consequências na sociedade até a atualidade impede que professores sintam necessidade de efetivar a Lei 10.639/2003. Palavras-chave: LEI 10.639/2003. EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA. RACISMO NA ESCOLA.
REFLEXÕES SOBRE A APLICABILIDADE DA LEI 10.639/2003 NAS ESCOLAS DE ENSINO FUNDAMENTAL II NA CIDADE DE RIO BRANCO: LEVANTAMENTOS INICIAIS
Autoras (es): Andrisson Ferreira da Silva, Sulamita Rosa da Silva, Beatriz Domingos da Silva, Andressa Queiroz da Silva, Cláudia Marques de Oliveira e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar os resultados parciais obtidos pelo projeto do Observatório de Discriminação Racial do Acre, desenvolvido nas cidades de Rio Branco e Senador Guiomard entre 2018 e 2019, identificando as dificuldades encontradas pelos docentes do Ensino Fundamental II, para aplicabilidade da Lei n° 10.639/2003 nas escolas. A pesquisa foi de abordagem qualiquantitativa, cujos instrumentos de coleta de dados foram a aplicação de questionários aos docentes dos anos finais do Ensino fundamental. O estudo bibliográfico também foi realizado, com base em Fernandes (2012), Gonçalves e Silva (2018) dentre outros. Observa-se preliminarmente um percentual significativo quanto às dificuldades na aplicabilidade da Lei 10.639/03. Em vista disso, compreende-se o quanto a lei ainda é desconhecida e acompanhada pela precária formação das equipes escolares sobre a temática das relações étnico-raciais. Palavras-chave: Lei 10.639/2003. Ensino Fundamental II. Aplicabilidade.
RACISMO NA INFÂNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: REFLEXÕES SOBRE A SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autoras (es): Cláudia Marques de Oliveira, Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Débora Matos Ferreira de Souza, Andrisson Ferreira da Silva, Andressa Queiroz da Silva e Maurício dos Santos Lopes Júnior
Resumo: Conhecendo o contexto da construção do racismo científico no mundo, para entender o racismo institucional, a necessidade das políticas públicas, os mecanismos e a não garantia dos direitos das crianças e adolescentes, propomos com este capítulo levantar informações em torno do significado do conceito de direitos humanos, à luz do conceito de racismo e seus efeitos na saúde mental de crianças e adolescentes negros. O objetivo é descrever a existência desse racismo por meio da negligência na coleta e sistematização dos dados raça/cor identificando falhas. Foi realizada uma revisão bibliográfica da legislação em torno dos direitos humanos, dos direitos das crianças e adolescentes, como também uma revisão sobre os efeitos do racismo na saúde dos mesmos. Em uma mostra das escolas da cidade de Rio Branco, o quesito raça/cor solicitado na matrícula, não é devidamente coletado e sistematizado. Nos atendimentos nos postos de saúde, UPAS e hospitais também não há essa sistematização. Nos acolhimentos dos três Conselhos Tutelares, nos CRAS – Centros de Referência e Assistência Social e no Sistema Sócio Educativo, não se coleta esse dado. Podemos relacionar o trato direcionado às crianças negras como fundamento do racismo científico institucionalizado. As tensões e conflitos internos gerados pelo racismo podem desenvolver uma série de deteriorações identitárias, infringindo em sua saúde mental e física, gerando: baixa autoestima, pouco desempenho escolar, menor expectativa para a vida, transtornos psicológicos, conflitos de personalidade, sentimentos de inferioridade, uma não identificação do pertencimento racial, como também ser decisivo para sua entrada ou não no campo da criminalidade. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 209. Palavras-chave: Racismo na Infância. Políticas Públicas e Saúde Mental.
A CIDADE COLONIZADA E OS IMPACTOS DA PANDEMIA DO NOVO CORONAVÍRUS NA POPULAÇÃO NEGRA E INDÍGENA
Autoras (es): Andrisson Ferreira da Silva, Sulamita Rosa da Silva e Cláudia Marques de Oliveira
Resumo: O presente trabalho tem o objetivo de analisar os impactos da pandemia do novo coronavírus, que expôs a sociedade em suas velhas práticas de exclusão, tendo como alvo principal a vida da população negra e indígena. Como procedimento teórico-metodológico será feito levantamento de reflexões a partir da obra de Fanon, podendo entrever como a máquina estatal funciona contra os condenados da terra, Foucault tratando sobre a biopolítica e Mbembe acerca da necropolítica. Os resultados permitem a compreensão de como o sistema estatal é colonizador e patriarcal, condenando o corpo inferiorizado – as minorias políticas atingidas pela regulação da vida e da morte, do acesso e do não acesso. Assim, a partir desse contexto pandêmico é possível a percepção de que a biopolítica, a necropolítica, o darwinismo social e a eugenia ganharam ainda mais força pela alastração do SARS-CoV-2 nas cidades colonizadas. Palavras-chave: Racismo. Novo Coronavírus. População Negra e Indígena.
GRUPO DE TRABALHO 06 – REDE MULHERAÇÕES: SABERES E CONHECIMENTOS DECOLONIAIS PARA DEMOCRATIZAR A UNIVERSIDADE
Autoras (es): Sulamita Rosa da Silva, Cláudia Marques de Oliveira e Beatriz Domingos da Silva
Resumo: Esse grupo de trabalho visa reunir especialmente de mulheres que apresentem assuntos, temas relacionados aos saberes e vivências tradicionais, experiências, escrevivências, pesquisas, angustias e contraposições frente ao viés ainda colonizador que por vezes enfrentamos na sala de aula, nos movimentos, diferentes espaços, ações e formações. Através da Rede Mulherações, pretendemos valorizar e visibilizar as categorias gênero e raça de modo interseccionado (CRENSHAW, 2002), contribuindo para o desenvolvimento de escritas e pesquisas acadêmicas ou não. O conceito de autodefinição de Collins 2019 é o princípio estruturante da proposta. As integrantes desenvolvem, coletivamente, os significados de ser uma mulher de cor nos diferentes espaços e em especial na academia. Esta exclui e inferioriza todas as epistemologias não-ocidentais, expressando a continuidade da colonização do saber (TORRES, 2019). Tal padrão de poder afeta diretamente as vidas e as produções de mulheres negras, indígenas e afroindígenas, as quais, na grande maioria dos casos, não encontram nas universidades brasileiras espaços, leituras e orientações que se relacionam com suas demandas no enfrentamento do racismo estrutural, sobretudo no estado do Acre. Em suma, são privilegiadas temáticas que promovam o protagonismo das mulheres negras, afroindígenas e indígenas, contribuindo para fortalecimentos e afirmações identitárias de modo positivo, bem como o enfrentamento ao racismo e ao sexismo. Proporcionando assim abertura para promover no contexto universitário conhecimentos, saberes, experiências e vivências decoloniais erroneamente entendidas como não acadêmicas.
IMPERIALISMO BRITÂNICO NO ORIENTE: O RACISMO CIENTÍFICO NA ADMINISTRAÇÃO DO VICE-REI DA ÍNDIA, LORD LYTTON
Autoras (es): Andrisson Ferreira da Silva e Cláudia Marques de Oliveira
Introdução: A obra de Charles Darwin “A origem das Espécies” publicada na Inglaterra no ano de 1859 em pleno avanço do capitalismo industrial do século XIX, foi utilizada por alguns cientistas, para criarem e categorizarem as diferenças humanas como “raças” inferiores e superiores, no lugar do que conhecemos hoje por etnias ou diferentes povos. E, apesar de Darwin, a priori, não ter abordado em sua obra um viés de cunho diretamente racial sobre os seres humanos, os cientistas contemporâneos a ele e até mesmo posteriores, se apoiaram em seu trabalho para fundamentar que a espécie humana também passava por uma evolução, Desta forma consolidou-se a criação do que chamamos de “Darwinismo Social” em que a raça branca europeia era colocada como hegemônica superior e as demais, eram inferiores fadadas a extinção natural. —uma das bases para a solidificação e a propagação de práticas racistas discriminatórias atuais.
O filosofo inglês Herbert Spencer, conforme aponta Bolsanello (1996) se amparando em Blanc (1994), foi o mentor do darwinismo social, originando-se dele o termo “sobrevivência dos mais aptos”. E ainda, de acordo com a autora:
“O darwinismo social pode ser definido como a aplicação das leis da teoria da seleção natural de Darwin na vida e nas sociedades humanas [...] considera que os seres humanos são, por natureza, desiguais, ou seja, dotados de diversas aptidões inatas, algumas superiores, outras inferiores”. (BOLSANELLO, p. 154, 1996 apud BLANC, 1994).
No entanto, essa teoria terá ainda uma ramificação estabelecida pelo antropólogo francês Georges Vacher Delapouge em sua obra “L’Arien”, onde para ele as raças eram divididas em superiores e inferiores”. (BOLSANELLO, p. 155, 1996 apud CLARCK, 1988).
Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 107.
ASSOCIANDO A PALAVRA ÁFRICA: PROPAGAÇÃO DO CONHECIMENTO OU IGNORÂNCIA – REFLEXÕES A PARTIR DA LEI 10.639/2003
Autoras (es): Andrisson Ferreira da Silva e Danilo Rodrigues do Nascimento
Resumo: O presente trabalho é uma pesquisa quanti-qualitativa desenvolvida com alunos do Ensino Fundamental II de escolas específicas da rede pública da cidade de Rio Branco. Partindo desse pressuposto, temos por objetivo explicitar as concepções desses discentes acerca da palavra “África” e o reflexo de suas associações mediante escolhas de opções apresentadas em questionário e como suas escolhas refletem as nuances que perpassam o currículo da educação básica no que permeia a ausência ou presença das relações étnico-raciais. A justificativa está pautada na necessidade de ampliar o ensino de História da África para orompimento de visões estereotipadas no âmbito escolar. Sendo assim, buscamos amparo teórico em Munanga (2015) no qual escreveu sobre o porquê de ensinar História da África e Pereira (2012) que inferiu sobre a descolonização das consciências para ampliação dos horizontes sobre a história social do povo brasileiro. Além disso, é no decorrer desta produção que também buscaremos compreender que o ensino sobre o continente é amparado na Lei 10.639/2003, e também, pelo fato de que o Brasil foi o maior receptor de negros trazidos forçosamente do território além-mar nos processos diaspóricos do período colonial. Ademais, mediante a explanação dos dados, poderemos compreender o resultado de que muitos alunos ainda veem o continente como um lugar isolado e não civilizado, sendo então perceptível o reflexo do cenário educacional nestas instituições rio-branquenses acerca dos estudos sobre a riqueza histórica e conhecimento por parte dos alunos sobre África, no qual necessita ser ampliado para a diminuição da ignorância. Palavras chave: África. Lei 10.639/2003. Ensino Fundamental II.
A RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NO ENSINO DE HISTÓRIA E SUA CONTRIBUIÇÃO NA APLICAÇÃO DA LEI 11.645/2008 NA ESCOLA LINDAURA MARTINS LEITÃO: POR UMA FORMAÇÃO INDISCIPLINAR E TRANSDISCIPLINAR
Autoras (es): Danilo Rodrigues do Nascimento
Resumo: Este trabalho tem como objetivo destacar as práticas pedagógicas realizadas e construídas pelos bolsistas da residência pedagógica do ensino de história da Universidade Federal do Acre (UFAC) na escola Lindaura Martins Leitão localizada em Rio Branco – Acre. Assim, destacando os materiais didáticos utilizados nas aulas, os desafios em decorrênciado ensino remoto emergencial, as confecções de ações didáticas pedagógicas via WhatsApp e a aplicação da Lei 11.645/2008, que preza pelo ensino da História e cultura africana, afro-brasileira e indígena em todo o currículo escolar. Este trabalho é importante, porque traz à tona processos de ensino-aprendizagem a partir das temáticas indígenas e afro-brasileiras na busca de rompimentos com os preconceitos e estereótipos.Nesta direção, o estudo partiu dos seguintes pressupostos teórico-metodológicos: Moita Lopes (2006), Gallo (1998), Silvia e Costa (2018), Fonseca (2003), Bittencourt (2010). A metodologia utilizada foi a bibliográfica, descritiva e participativa. Desse modo, este caminho metodológico foi traçado a partir das oficinas realizadas pela residência pedagógica, dos cards produzidos pelos residentes, das atividades apresentadas dos alunos e das mensagens via WhatsApp. Portanto, é preciso destacar a importância do trabalho transdisciplinar na didática e na prática de Ensino de História para a execução de temas e temáticas voltadas para cidadania, o senso crítico e a formação de professores decoloniais. Palavras-chave: Lei 11.645/2008. Materiais Didáticos. Trabalho Transdisciplinar.
O ESTUDO DA FILOSOFIA AFRICANA COMO PROMOÇÃO DE IGUALDADE RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR
Autoras (es): Danilo Rodrigues do Nascimento
Introdução: O Brasil ao seguir modelos europeus na gênese da educação escolar brasileira obteve um ensino que apresenta em seu currículo de forma extremamente limitado e exacerbado de estereótipos em relação aos negros africanos e afro- brasileiros, servindo apenas para reproduzir e consolidar a mentalidade racista e a desigualdade das relações étnico-raciais nas escolas e, consequentemente, na sociedade em geral, onde estavam/estão inseridos alunos, como cidadãos e como sujeitos ativamente atuantes nos locais onde estão inseridos. Diante dessas constatações torna-se necessário e urgente desconstruir os mitos que inferiorizam o Continente Africano, construídos ao longo dos séculos de escravização e exploração de seus povos e reproduzidos no discurso pedagógico no ambiente escolar. É imprescindível a apresentação de outros sistemas a serem implantados para ensinar história, incluindo a cultura africana, que tenha entre os 163 seus objetivos os de realçar os diversos aspectos positivos desse Continente, e que possam aproximar os alunos dessa realidade, bem como da sua cultura, história e de seus antepassados, sem que se sintam inferiorizados e nem estereotipados. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 162.
ENTRE MEMÓRIAS E FONTES HISTÓRICAS: DIÁLOGOS, PROBLEMÁTICAS E HISTORIOGRAFIAS EM SALA DE AULA NO ENSINO DE HISTÓRIA
Autoras (es): Danilo Rodrigues Nascimento e Poliana de Melo Nogueira
Resumo: O presente artigo tem como objetivo refletir sobre as múltiplas fontes históricas, suas ampliações e problematizações nas abordagens historiográficas voltadas ao ensino de história. É uma pesquisa bibliográfica a partir de artigo, livros, textos e trabalhos feitos nas disciplinas Ensino de História (CFCH318), Ensino de História II (CFCH131) do curso licenciatura em história da Universidade Federal do Acre. Assim, este trabalho tem como filtros conceituais: memórias, ensino de história, linguagens e de fontes históricas em sala de aula. Nossa perspectiva é que o diálogo entre professores, fontes e alunos trazem à tona outras experiências e vivências a partir da oralidade, da música, das letras, entre outras dimensões pedagógicas e metodológicas do cotidiano escolar. A pesquisa indica que teorias e metodologias não devem ser abordadas separadamente, pois interatuam na construção de outros conteúdos nas relações ensino aprendizagem na disciplina de História. Palavras chave: Memórias; Ensino de História; Linguagem; Fontes Históricas;
FILOSOFIA AFRICANA E A LEI 10.639/2003
Autoras (es): Danilo Rodrigues Nascimento e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: Este trabalho tem como objetivo propor uma nova maneira de pensar a origem e as articulações da filosofia, a fim de ampliar a discussão sobre sua procedência para além da Grécia, bem como discutir a aplicabilidade da Lei 10.639/2003, levando em consideração uma revisitação ao ensino de história da filosofia, fazendo um paralelo do ensino de história e culturas afrodescendentes e a filosofia africana no ensino de Educação Básica. Este trabalho tem como base as principais ideias dos filósofos africanos Marcien Tawa, Cheikh Anta Diop, Imhotep, Ptahhotep, Amenemhat, Merikare, Duauf, Amenhotep, Akhenaton, Amen, entre outros, que defendem que a filosofia já se desenvolvia na África muito antes de existir uma filosofia grega. Espera-se como resultado deste trabalho demonstrar a existência e a importância de uma filosofia negro africana, bem como demonstrar a importância da África na formação de nossa sociedade contemporânea, embora seja um continente ainda tão estigmatizado, quando não silenciado. Este artigo encontra-se a partir da página 185 do livro. Palavras chave: Filosofia. África. Lei 10.639/2003.
FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES: CONVERSAS SOBRE RELAÇÕES RACIAIS E EDUCAÇÃO
Autoras (es): Andrisson Ferreira da Silva, Beatriz Domingos da Silva, Danilo Rodrigues do Nascimento e Elivelton Silva de Lima
Introdução: A autora Janaína de Azevedo Corenza possui graduação em Pedagogia e especialização em Educação pela Universidade Federal Fluminense (UFF), também é doutora em Ciências Humanas, pelo qual sua tese se transformou na presente obra que temos por objetivo trazer a presente resenha. O Livro: “Formação Inicial de professores: conversas sobre relações raciais e educação” é resultado de uma pesquisa de doutorado realizado na PUC-Rio, sendo formado a partir da necessidade da autora de se aprofundar nas questões de relações raciais e também na educação. Janaína foi professora da educação básica por vinte anos, no estado do Rio de Janeiro e foi onde percebeu a deficiência na formação inicial de professores para trabalhar acerca das relações raciais. A metodologia utilizada leva em consideração uma maior interatividade com o autor, pelo que a escritora denomina pelo termo “conversas”. A leitura do livro não se torna nada dificultoso, há fácil entendimento, pois, a metodologia utilizada possibilita. A introdução já tem início com (MUNANGA, 2010) que defende a diversidade cultural brasileira, cujas culturas africanas e indígenas devem ocupar o mesmo espaço das demais, pois juntas compõem a memória coletiva, memória que precisa ter resguardada o cultivo e a conservação por meio do sistema de ensino. E nessa introdução é apresentada a Lei 10.639/2003, que é a peça fundamental para o desenvolvimento do seu trabalho, uma vez que, a autora vai ter por método a pesquisa da formação inicial de professores com o preparo embasado na lei que garante o ensino das histórias renegadas no Brasil (BRITO, 2009). Também é abordado na construção desta introdução para o decorrer do livro, que defende que a referida legislação é configurada como um instrumento de luta, pois ela confronta as ideologias dominantes e é implantada em meio a um debate sobre implantação de políticas afirmativas para a classe social para os mais pobres que é onde entrará os afrodescendentes. E nesses meandros onde é defendido que o professor reconheça os múltiplos fatores que permeia a diversidade para que não efetivar a manutenção de uma “história unilateral”.
OS DIVERSOS SENTIDOS DA ESCOLA PÚBLICA: UM AMBIENTE DE PRÁTICAS EDUCATIVAS E CONFLITOS COTIDIANOS
Autoras (es): Emilly Ganum Areal, Valda Inês Fontenele Pessoa, Danilo Rodrigues do Nascimento e Luiza Camyla da Costa Correia
Introdução: Esse artigo tem por objetivo refletir sobre os diversos sentidos atribuídos à escola pública, buscando compreender esse espaço múltiplo e plural,desvelando suas práticas educativas, os conflitos cotidianos que acontecem dentro da escola, além de discutir o processo formativo do professor e daquilo que constitui o escolar. Utilizando como metodologia a pesquisa bibliográfica e documental, tendo em SIMONS e MASSCHELEIN (2014), CHARLOT (2013), PATTO (2015), COSTA (2003) e TEIXEIRA (2007) os principais aportes teóricos para o diálogo, formulamos cinco questionamentos para orientar a reflexão: Em que se constitui o que nomeamos de escolar? Por que a escola não só é alienação, corrupção e desigualdades? O que é da natureza da escola? Como ela se organiza e trabalha? Como se dá essa profanação de colocar o jovem em contato com o tempo da escola?
O tempo da escola não é o tempo em que se está com a família, mas é um tempo de um mundo de outras possibilidades de um outro mundo. A escola ainda está nessa zona de sombra, entre o tempo presente e o tempo futuro, as crianças têm o tempo presente. O tempo importante, potente, é o do agora, do presente.
A partir da compreensão da escola pública e do que constitui o escolar, tentamos entender a relação das práticas educativas com o saber, concebendo a Sociologia como um instrumento a serviço das lutas e das minorias, para abordar o fracasso escolar e sua relação com as desigualdades sociais. Partimos do pressuposto de que a escola pode ser uma (dentre muitas outras forças) força transformadora potente do status quo, pela via de um currículo flexível, pela formação docente e pela relação docente e discente na escola.
A partir desse pressuposto, visualizamos essa escola, desenvolvendo um trabalho interdisciplinar, pois os diálogos entre as disciplinas colocam o ambiente escolar em diálogos com diversos saberes sem hierarquizá-los, possibilitando e promovendo interculturas que vá ao encontro de uma diversidade de perspectivas de ensino e de aprendizagens entre alunos e professores. Para contribuir com a discussão central do artigo, tomamos de empréstimo dos autores Masschelein e Simons (2017), o entendimento deles sobre tempo livre. Segundo esses dois pensadores, o tempo livre não remete ao relaxamento como é pensado hoje, mas é o tempo do viver-mundo, das diversidades, das linguagens e da reflexão. Eles afirmam que a escola é um espaço-tempo onde as regras para atender às expectativas cultural, econômica e social devem ser deixadas de lado.
OS POVOS INDÍGENAS DO ACRE NO JORNAL VARADOURO
Autoras (es): Danilo Rodrigues Nascimento e Teresa Almeida Cruz
Resumo: Este trabalho objetiva dar visibilidade aos povos indígenas do Acre a partir do jornal Varadouro: um jornal das selvas. Está vinculado ao Programa Institucional de Bolsa de Iniciação Científica (PIBIC), em andamento, desenvolvido no projeto de pesquisa intitulado “Releituras da História: povos indígenas nos arquivos de Rio Branco – Acre”. Na história do Acre assim como na história do Brasil, os indígenas foram marginalizados. Os jornais locais, os relatórios de governo invisibilizam a ação histórica dos indígenas. Entretanto, o Varadouro se diferencia dos outros jornais, trazendo uma série de matérias que destacam a situação de abandono dos indígenas e suas lutas em defesa de seus territórios e seus modos de vida. Então, este trabalho analisa estas matérias deste jornal a partir das leituras teóricas da historiadora Maria Regina Celestino de Almeida e do antropólogo João Pacheco de Oliveira que trazem uma perspectiva da participação dos povos indígenas na construção e consolidação da História do Brasil, quebrando uma visão de que eles desapareceriam da história. Nesse sentido, tivemos como resultados parciais a visibilidade dos indígenas no Varadouro, construindo um novo olhar que considera a valorização dos povos indígenas na formação histórica e social do Acre. Palavras chave: Arquivos. Povos Indígenas. História do Acre.
CONHECIMENTO E SABERES DO PÁSSARO AZUL (SHANENAWA)
Autoras (es): Edilene Barbosa Pakakuru, Eldo Shanenawa e Danilo Rodrigues do Nascimento
Resumo: Este trabalho tem como finalidade apresentar histórias antigas Shanenawa que fazem parte do início da criação, envolvendo elementos da natureza. Estas narrativas são contadas pelos mais antigos como forma de reprodução sociocultural e fortalecimento da memória e identidade. Elas contêm diversos ensinamentos (educação cultural e socioambiental) que justificam a melhor relação dos Shanenawa com meio ambiente. Desta forma, doenças, conflitos, vingança da natureza e outros fenômenos, são reflexo desta desobediência humana com o previsto nas narrativas dos tempos da criação. Desta forma, a partir destas narrativas, faremos um contraponto entre o que falam os avós e a atual situação deste povo e da aldeia Morada Nova, situadas na Terra Indígena Katukina/Kaxinawa, localizada no município de Feijó – Acre. Palavras chave: Narrativas. Ensinamentos. Shanenawa.
EDUCAÇÃO ESCOLAR HUNI KUĨ: SABERES, EXPERIÊNCIAS E BASE CURRICULAR
Autoras (es): Danilo Rodrigues do Nascimento
Resumo: O presente trabalho é uma dissertação em andamento que tem como objetivo compreender de que maneira as práticas educacionais do povo Huni Kuĩ articulam-se com a educação escolar indígena do Acre através do uso de seus saberes, linguagem e organização curricular nas amazônias. Desse modo, a abordagem teórica-metodológica utilizada partiu dos pesquisadores (as) Weber (2006), Almeida (2010), Dalmolin (2004), Derrida (1973), dos Kaxinawá (2014), Moita Lopes (2016), Almeida (2014) e Fazenda (1994). A metodologia aqui utilizada é de abordagem qualitativa, partindo de uma revisão bibliográfica. Para isso, o primeiro passo foi fazer um levantamento das produções bibliográficas que possuem como tema as escolas Huni Kuĩ. Após este levantamento bibliográfico foram selecionados os principais textos, visando alcançar os objetivos propostos nesta dissertação. Em primeiro lugar foi estudado os conteúdos relacionados à Educação Huni Kuĩ e na sequência os relatórios dos professores Huni Kuĩ e, por último a influência da educação em Hãtxa Kuĩ no desenvolvimento das comunidades Huni Kuĩ. Dessa maneira, pensando a experiência de autoria e o protagonismo do povo Huni kui. Este trabalho foi organizado em três seções: a primeira aborda o contexto etnográfico desde do primeiro contato com a pesquisa na época do PIBIC até a aprovação no mestrado; a segunda tem como objetivo central destacar os avanços conquistados na implementação da educação escolar Huni Kuĩ e de que forma a escola tem auxiliado no fortalecimento da língua e das linguagens em Hãtxa kuĩ; a terceira está organizada em analisar a Base Curricular Huni Kuĩ proposta pelos professores. Por fim, nos resultados parciais da pesquisa observamos que a educação escolar Huni Kuĩ apresenta a partir das perspectivas intercultural, bilíngue, transdisciplinar, centralizada nas necessidades específicas e reivindicações dos professores. Uma educação voltada para o aprender-aprender-Huni-Kuĩ em diálogo com as pedagogias da jiboia. Palavras-chave: Educação Huni Kui. Protagonismo. Interculturalidade.
FATORES DE (IN)SATISFAÇÃO E PROFISSIONALIDADE NA PROFISSÃO DOCENTE: UM RECORTE ÉTNICO-RACIAL
Autoras (es): Fábio de Farias Soares e Kaliny Custódio do Carmo
Resumo: Este trabalho faz parte das reflexões desenvolvidas no decorrer da disciplina Profissão Docente, Identidade, Carreira e Desenvolvimento Profissional, ministrada na Universidade Federal do Acre (Ufac), no ano de 2018. A realização da disciplina por uma(um)3 das(os) autoras(es) despertou interesse sobre a temática, e como pesquisadoras(es) do Observatório de Discriminação Racial do Acre, optou-se por um recorte étnico-racial. O intuito deste texto é apresentar os resultados de uma pesquisa realizada com professoras e professores da rede pública e privada de Educação de Rio Branco/Acre, que culminou no presente artigo. O objetivo fora identificar os fatores de Satisfação e Insatisfação das(os) professoras(es) da Educação Básica e a relação com o sentido de Profissionalidade, sob uma perspectiva étnico- racial. Realizou-se através de revisões bibliográficas e análise de questionários auto aplicados com docentes de várias áreas e modalidades da Educação Básica. Para isso, fez-se necessário entender a relação da vida pessoal da (o) docente com a profissão, bem como o percurso da docência no Brasil e as possíveis influências que o quesito “cor/raça” exerce no fazer-se professora. Discorremos com a colaboração de Penin (2009), de Vicentini e Lugli (2009) e Fernandes (2017). Com a pesquisa, pôde-se perceber que a população negra tem alcançado com maior expressividade o nível superior e, notadamente, à docência, e que em determinados aspectos referentes à profissão existem algumas discrepâncias e semelhanças. Palavras chave: Educação Básica. Profissionalidade. Fatores de Satisfação e Insatisfação. Étnico-racial.
NARRATIVAS AFRICANAS SOBRE A CRIAÇÃO DO MUNDO
Autoras (es): Fábio de Farias Soares
Introdução: As narrativas compreendem uma gama de conhecimentos tão vastos e complexos quanto a própria subjetividade do pensamento humano. Integram a mitologia de um povo e servem para explicar um determinado fenômeno da natureza de acordo com as experiências, individual ou coletiva. Cada povo, em diferentes lugares do planeta, foi desenvolvendo um valor especial para as experiências com a natureza e os mistérios que a cerca. Dessa forma, concretizaram-se conhecimentos específicos que, paulatinamente, dão vida a uma cultura. Os povos africanos podem ser considerados como os pioneiros desse tipo de pensamento, uma vez que a África é considerada, cientificamente, como o berço da humanidade. A criação do mundo e o surgimento da humanidade contem arcanos que nem mesmo a moderna ciência consegue explicar. Todavia, há milhões de anos, homens e mulheres tentam aclarar esses fenômenos por intermédio dos vieses religioso e mágico através das mitologias. Dessa maneira, concebe-se a existência de diversas histórias de distintos povos na tentativa da explicação desses dois eventos. Dentro do continente africano coexistem diversas tradições que contam e recontam o fenômeno da criação. Essas concepções de mundo expressam maneiras peculiares de narração dessa história por diferentes povos. Uma das principais, devido as relações coloniais com a Europa, é o cristianismo, a partir da narrativa dolivro de Gêneses da tradição judaico-cristã. Existem também os seguidores do islamismo, das teorias científicas e outra porcentagem subdivide-se entre as diversas tribos africanas. Contudo, na contemporaneidade relegam-se esses saberes para o campo religioso, associados muitas vezes a mentira. Uma vez que a racionalidade admite que não é mais necessário recorrer a tais práticas primitivas e selvagens, pois acredita-se que a natureza está sob o domínio do homem. “Já não precisamos recorrer aos meios mágicos para dominar ou implorar aos espíritos, como fazia o selvagem, para quem esses poderes misteriosos existiam. [...]”. (WEBER, 1982, p. 165). Mas, o conhecimento das narrativas proporciona um elo entre o passado e o presente em meio as várias concepções de mundo, cientificas ou não, de um determinado grupo de pessoas. O conhecimento da origem do povo brasileiro e para além de nossas fronteiras depende dessas sabedorias. A importância desse trabalho se dá não apenas para o reconhecimento e valorização de outra cultural através das narrativas africanas, mas pela necessidade da aplicação de instrumentos jurídicos como as Leis: no 10.639, de 09 de janeiro de 2003 e no 11.645, de 10 de março de 2008, que tornam, respectivamente, obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas e o ensino da história e cultura indígena. Por essa razão, através do curso Uniafro – Política de Promoção de Igualdade Racial no Ambiente Escolar – disponibilizado pela Universidade Federal do Acre (Ufac) - ocorre o aperfeiçoamento de educadores e futuros docentes para trabalharem em conformidade com as temáticas inferidas por aquele instrumento jurídico. Este artigo faz parte de uma coletânea e encontra-se a partir da página 40.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS DE TRABALHO COM RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA ESCOLA NA PERSPECTIVA DA LEI No 10.639/03
Autoras (es): Fábio de Farias Soares, Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Wálisson Clister Lima Martins
Introdução: A obra resenhada traz os resultados da pesquisa encomendada pelo Ministério da Educação/ Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (SECADI) e a representação da UNESCO no Brasil, desenvolvidas na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) no ano de 2009, contando com a participação de vários acadêmicos e militantes do movimento negro. Como o título sugere, o tema principal da publicação diz respeito à relação entre as práticas pedagógicas e a Lei no 10.639/2003, que fora a responsável por tornar obrigatório o ensino das temáticas relativas à história e cultura africana e afro-brasileira em todo o âmbito/currículo das escolas públicas e privadas do ensino fundamental e médio. Alterando o artigo 26 A da Lei de Diretrizes e Bases (LDB). Atingindo uma amplitude de caráter nacional, a pesquisa procura evidenciar as práticas pedagógicas voltadas para o trabalho com a Lei n° 10.639/2003 no mosaico de realidades brasileiras. A organizadora da publicação, Nilma Lino Gomes, é uma figura importante no movimento negro, graduada em Pedagogia pela Universidade Federal de Min+as Gerais (UFMG), mestra em Educação/UFMG, doutora em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-doutora em Sociologia pela Universidade de Coimbra. Integra o corpo docente da pós-graduação em educação Conhecimento e Inclusão Social – FAE/UFMG. Foi Ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR (2015) e do Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial, da Juventude e dos Direitos Humanos (2015 - 2016) do governo da presidenta Dilma Rousseff. É membro da Associação Nacional de Pós- graduação e Pesquisa em Educação (ANPED), Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Associação Brasileira de Pesquisadores Negros (ABPN).
LIVRO DIDÁTICO E AS POLÍTICAS PRÁTICAS CURRICULARES COTIDIANAS NA RESISTÊNCIA ANTIRRACISTA
Autoras (es): Fábio de Farias Soares e Rafael Marques Gonçalves
Introdução: O livro didático (LD) constitui-se como um dos mais importantes materiais didáticos de apoio à prática didático-pedagógica de professoras e professores. É um artefato pedagógico e cultural que sintetiza, em linguagem acessível, práticas culturais e saberes científicos. Por essa razão, é tido como um “grande aliado” dos(as) professores(as). Por outro lado, também é material de consumo de estudantes, seja através de eventuais consultas ou como único referencial sistematizado de conhecimento. Em todo caso, o LD consiste em material didático, instrumento de trabalho do professor e do aluno, fundamental na mediação entre o ensino e a aprendizagem (BITTENCOURT, 2008). A centralidade atribuída ao LD no cotidiano escolar se deve, em grande medida, ao crescimento de políticas públicas educacionais destinadas ao fornecimento de materiais didáticos às escolas públicas brasileiras, como o Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD). Por consequência, a indústria do livro brasileiro se expandiu tendo no LD o seu principal segmento, o que movimenta anualmente cifras na casa dos milhões. Mas o processo de definição de materiais didáticos utilizados na sala de aula não é simples. Como objeto cultural complexo, o LD envolve diversos sujeitos no seu processo de produção, circulação e consumo (BITTENCOURT, 2008). Além disso, também faz-se necessário considerar que livros e outros materiais didáticos não são objetos neutros e assépticos cuja finalidade esteja limitada apenas ao processo de ensino e aprendizagem, visto que, assim como o currículo, estes resultam de disputas de poder que definem o que é tido como “conhecimento oficial”, assim como o que é “periférico”. Nesse aspecto, livros didáticos, como uma das representações do texto curricular (SILVA, 2010), carregam valores e ideologias que muitas vezes podem (re)produzir formas de discriminação, preconceitos e estereótipos que corroborem com a perpetuação de desigualdades sociais, sobretudo no âmbito escolar.
O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA E A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/2003
Autora: Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a participação do negro no livro de História da Educação Básica e como a Lei 10.639/2003 tem influenciado a renovação do discurso a respeito desse sujeito. Para desenvolver este trabalho escolheu-se a coleção mais pedida pelas escolas brasileiras, por meio do Programa Nacional do Livro Didático, em suas últimas edições para o Ensino Médio na disciplina de História. Estas edições foram analisadas em seus textos, imagens e os conteúdos, numa comparação entre as duas. Sabe-se que nenhum livro didático é ingênuo, antes representa ideologias a serem ensinadas nas escolas (Bittencourt, 2009). Sendo assim, verificou-se pouca mudança de uma edição para outra, bem como muito da ideologia europeia a predominar nos conteúdos e nas abordagens de seus diferentes assuntos, apesar de perceber-se também um esforço das editoras em se adequar as legislações exigidas pelo PNLD. Palavras-chave: Lei 10.639/2003: Livro Didático; História.
RACISMO NA INFÂNCIA E POLÍTICAS PÚBLICAS: REFLEXÕES SOBRE A SAÚDE MENTAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES
Autoras (es): Cláudia Marques de Oliveira, Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Débora Matos Ferreira de Souza, Andrisson Ferreira da Silva, Andressa Queiroz da Silva, Maurício dos Santos Lopes Júnior
Resumo: Conhecendo o contexto da construção do racismo científico no mundo, para entender o racismo institucional, a necessidade das políticas públicas, os mecanismos e a não garantia dos direitos das crianças e adolescentes, propomos com este capítulo levantar informações em torno do significado do conceito de direitos humanos, à luz do conceito de racismo e seus efeitos na saúde mental de crianças e adolescentes negros. O objetivo é descrever a existência desse racismo por meio da negligência na coleta e sistematização dos dados raça/cor identificando falhas. Foi realizada uma revisão bibliográfica da legislação em torno dos direitos humanos, dos direitos das crianças e adolescentes, como também uma revisão sobre os efeitos do racismo na saúde dos mesmos. Em uma mostra das escolas da cidade de Rio Branco, o quesito raça/cor solicitado na matrícula, não é devidamente coletado e sistematizado. Nos atendimentos nos postos de saúde, UPAS e hospitais também não há essa sistematização. Nos acolhimentos dos três Conselhos Tutelares, nos CRAS – Centros de Referência e Assistência Social e no Sistema Sócio Educativo, não se coleta esse dado. Podemos relacionar o trato direcionado às crianças negras como fundamento do racismo científico institucionalizado. As tensões e conflitos internos gerados pelo racismo podem desenvolver uma série de deteriorações identitárias, infringindo em sua saúde mental e física, gerando: baixa autoestima, pouco desempenho escolar, menor expectativa para a vida, transtornos psicológicos, conflitos de personalidade, sentimentos de inferioridade, uma não identificação do pertencimento racial, como também ser decisivo para sua entrada ou não no campo da criminalidade. Este artigo encontra-se a partir da página 185 do livro. Palavras-chave: Racismo na Infância. Políticas Públicas e Saúde Mental.
A LEI 10.639/2003 E A SUA INSERÇÃO NO 8° ANO DO CURRÍCULO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO ACRE
Autoras: Márcia Costa Pinheiro e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: A Lei 10.639/2003 inclui no currículo oficial da Rede de Ensino a obrigatoriedade da temática ensino de história e cultura africana e afro-brasileira, considerando valorizar e contribuir de forma significativa com a questão étnico-racial. É importante mostrar aos alunos e à sociedade que todos têm direitos iguais independente da classe social ou etnia. Este trabalho tem como objetivo estudar a aplicabilidade da lei no currículo de história contribuindo para efetivar e desenvolver propostas pedagógicas em educação das relações étnico-raciais. Profissionais da educação devem conhecer a lei, pois se forem favoráveis para a desigualdade racial no espaço escolar estes devem repensar quanto à sua prática de educador (Brasil, 2005). A metodologia consistiu em análise dos conteúdos e objetivos do Caderno de Orientações Curriculares de História do 8° ano do Estado do Acre e pesquisa bibliográfica para elaboração de sequências didáticas, aplicando a referida lei, que, como vertente na promoção da igualdade racial, deve estar presente no processo de ensino- aprendizagem. Palavras-chave: Ensino. Currículo. Lei no 10.639/2003.
A LEI 10.639/2003 E A SUA INSERÇÃO NOS 6° E 7° ANOS DO CURRÍCULO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA DO ESTADO DO ACRE
Autoras: Alexandra da Silva Gonçalves e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: O presente trabalho trata das possibilidades de inserção de conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileira, através da intervenção da Lei 10.639/2003, no currículo de História dos 6° e 7° anos, do Estado do Acre. A importância deste trabalho está na apresentação de uma possibilidade de afirmação da lei através do ensino aplicado nas salas de aula. O objetivo deste trabalho é identificar itens de ensino que possam concretizar esta temática, bem como propor atividades que possam desenvolver estes itens, o que torna a disciplina de história fundamentalmente educativa, formativa, emancipadora e libertadora (Fonseca, 2003, p. 89). Foram elaboradas sequências didáticas nas quais a lei pode ser inserida e trabalhada, uma vez que não são tão específicas no currículo e também foram estudados referenciais bibliográficos que somaram a este projeto com valiosas contribuições para entendimento das questões étnico-raciais e a referida lei. Palavras-chave: Ensino de História. Currículo. Lei no 10.639/2003.
REVISITANDO O LIVRO DE HISTÓRIA DO 1º ANO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ATRAVÉS DA LEI 10.639/2003
Autoras(es): Eumar Conde de Queiroz Junior e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: Este trabalho é um desdobramento do projeto intitulado "Revisitando o livro de História da Educação Básica através da Lei 10.639/2003", do Programa Institucional de Iniciação Científica (Pibic), da Universidade Federal do Acre (Ufac). Esta análise torna-se importante uma vez que o livro didático ainda é o recurso mais utilizado nas salas de aula. Tem por objetivo analisar as mudanças so fridas nas obras didáticas em relação à referida lei. A metodologia se deu através de leituras do referencial teórico, baseado, sobretudo, em Bittencourt (2008) e Silva (2011), e de análises da 1º e 2º edições do livro em estudo, para identificar conteúdos relacionados à temática africana e afro-brasileira e de que forma os negros estão inseridos nos mesmos. Através dos estudos desenvolvidos e das análises, notou se que ambas as edições, mesmo possuindo limitações, houve uma maior inserção de conteúdos de história e cultura africana e afro-brasileira.
REVISITANDO O LIVRO DE HISTÓRIA DO 3° ANO DO ENSINO MÉDIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA ATRAVÉS DA LEI 10.639/2003
Autoras: Márcia Costa Pinheiro e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo:O presente trabalho é o resultado de uma análise do livro didático de História, identificando as mudanças ocorridas no mesmo a partir da Lei 10.639/2003. Este trabalho se faz importante, pois tem o propósito de observar como o negro está inserido neste livro a partir da referida lei. Tem como objetivo entender como é o tratamento dispensado ao negro neste material didático. Foram realizados estudo do referencial teórico, onde se buscou um embasamento da temática, apoiado em autores como Bitencourt (2004) e Jesus (2012). E análise do livro didático de História, do 3º ano, do Ensino Médio da coleção História Sociedade & Cidadania, de Alfredo Boulos Junior. Desta forma, em uma análise comparativa, pode-se perceber que houve poucas mudanças de uma edição para a outra e as que aconteceram não privilegiaram a tematica estudada, visto que foi constatada uma redução tanto nas imagens quanto nos textos no que diz respeito à temática trabalhada. Palavras-chave: Ensino de História. Lei 10.639 2003. Livro didático.
A LEI 10.639/2003 E A BNCC: POSSIBILIDADES DE TRABALHAR EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autoras: Joana Marques de Lima Saar Xavier e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Introdução: A Educação Infantil é a primeira fase da Educação Escolar, conforme prevê a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, a Lei 9.394/19961. É importante e necessário que, desde o início de sua trajetória escolar, as crianças tenham acesso a uma educação antirracista e que promova a valorização da diversidade humana, das múltiplas identidades e das diferenças. Então perguntamos, mas é possível discutir relações étnico-raciais na Educação Infantil? E é pensando nessa pergunta e nessa possibilidade de dar suporte aos profissionais que trouxemos essa proposta. Este artigo tem como objetivo trabalhar a Lei 10.639/20032 na Educação Infantil, valorizando a cultura africana e afro-brasileira e usando a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para discutir identidade, diversidade, racismo e preconceito na infância. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica, onde utilizamos como referencial teórico: Brasil, Brasil, Gomes, Bittencourt, Munanga, Gomes, Silva, Oliveira, Brasil e Acre e a análise da Base Nacional Comum Curricular e do Currículo de Referência Único do Acre – Educação Infantil. A partir das leituras das referências, da BNCC e do Currículo de Referência Único do Acre – Educação Infantil realizamos a criação de possibilidades de atividades/experiências que possam contribuir com a educação para as relações étnico-raciais desde a primeira infância. O currículo a que se tem acesso, desde a Educação Infantil, é predominantemente eurocêntrico, trazendo a população negra quase sempre associada apenas à escravidão e/ou à situações de inferioridade, onde aparecem poucas ou não aparecem experiências positivas sobre a diversidade cultural africana e afro-brasileira, e prevalecem os conceitos estereotipados acerca da população negra ou em torno da África como lugar de miséria e doenças, abordagens que não positivam a identidade, dificultando assim a construção da identidade das crianças negras. Mesmo com as conquistas do Movimento Negro, o povo negro continua como sujeito com espaços silenciados no currículo, nas páginas dos livros e nas práticas de professores(as). A BNCC estabelece dez competências, essas competências norteadoras dão muitas aberturas para a aplicação da Lei 10.639/2003 em todo o currículo. Competências que começam na Educação Infantil, e o alcance das mesmas dar-se-á a partir dos seis direitos de aprendizagem propostos para a Educação Infantil: conviver, brincar, explorar, participar, expressar e conhecer-se. Com base nestes pressupostos, um(a) professor(a) com a devida formação antirracista pode desenvolver experiências/atividades que garantam o cumprimento dos mesmos (que constam em cada um dos cinco Campos de Experiências da BNCC. E por meio desses direitos de aprendizagem construímos propostas de atividades/experiências que oportunizam às crianças, negras e brancas, uma educação para as relações étnico-raciais. Através das sugestões de atividades que serão propostas, esperamos como principal resultado que as crianças cresçam com autoestima positiva, afeto por si e por outras pessoas, valorizando sua identidade, sua ancestralidade e a diversidade humana. Este artigo encontra-se a partir da página 43 do livro.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS EM EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: REVISANDO A LITERATURA ACADÊMICA DE PROMOÇÃO DE IGUALDADE RACIAL NO AMBIENTE ESCOLAR DAS CRIANÇAS BEM PEQUENAS E PEQUENAS
Autoras(es): Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Kaliny Custodio do Carmo e Joana Marques de Lima Saar Xavier
Introdução: Este capítulo é uma revisão de literatura das práticas pedagógicas em educação para as relações étnico-raciais na Educação Infantil por meio de artigos, teses e dissertações com este recorte temático, encontrados nas bases do Scielo e da Capes.
Compreende-se neste texto por prática pedagógica a relação entre docentes e discentes no processo de ensino e aprendizagem, incluindo-se os recursos didáticos e as situações de aprendizagem por eles vividas no contexto escolar. Além disso, Souza (2009) considera que a prática pedagógica se divide em diversas dimensões e diferentes articulações com a prática docente, a prática gestora, a prática discente e a prática epistemológica, ampliando assim o alcance dessa prática e articulando-a com um número maior de sujeitos dentro da unidade escolar. Não é incomum encontrar trabalhos acadêmicos que tratem de práticas pedagógicas, porém ainda são recentes as pesquisas que tratem de práticas pedagógicas em educação para as relações étnico-raciais, tendo em vista que esta política educacional ainda não tem uma longa tradição histórica no Brasil. Surgiu por meio dos artigos 26-A e 79-B da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 (LDBEN), alterados em 2003, por meio da Lei no 10.639/2003, que incluiu a obrigatoriedade da história e da cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica, legitimada por suas Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Africana e Afro-Brasileira (DCNERER), de 2004. Segundo Dias (2018) é ainda menor o número de pesquisas voltadas para a educação das relações étnico-raciais direcionadas para a Educação Infantil.
A educação das relações étnico-raciais é um termo sistematizado e legitimado pelas DCNERER (2004), que a define como a educação de “cidadãos quanto à pluralidade étnico-racial, tornando-os capazes de interagir e de negociar objetivos comuns que garantam, a todos, respeito aos direitos legais e valorização de identidade, na busca da consolidação da democracia brasileira”. (BRASIL, 2004, p. 01). De acordo com o artigo 29 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996, a Lei n° 9.394/1996, a Educação Infantil é “a primeira etapa da Educação Básica” e tem como propósito “o desenvolvimento integral da criança até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social”. A Educação Infantil é voltada à educação dos bebês (zero a 1 ano e 6 meses), das crianças bem pequenas (1 ano e 7 meses a 3 anos e 11 meses) e das crianças pequenas (4 anos a 5 anos e 11 meses) e é desde essa importante etapa da Educação Básica que as experiências compartilhadas nas instituições educativas precisam ser planejadas visando o combate ao racismo e às diversas formas de preconceitos, uma vez que a Educação Infantil visa o desenvolvimento integral das crianças. Tendo em vista o alto nível de racismo classicamente reproduzido no ambiente escolar, incluindo a Educação Infantil, pesquisas como estas tornam-se de grande relevância, à medida em que elas apresentam possibilidades de educação antirracista em um ambiente que deve ser o mais afetivo, acolhedor e seguro possível, a fim de cumprir o que diz a legislação sobre a Educação Infantil, que muito se preocupa com o cuidado e com a construção das identidades de forma confiante e respeitosa para consigo e para com o outro. Este artigo encontra-se a partir da página 103 do livro.
NÚCLEO DE ESTUDO AFRO-BRASILEIROS E INDÍGENAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE: TRAJETOS DE LUTA POR MEIO DE PESQUISAS DE PROMOÇÃO DE IGUALDADE RACIAL (2018-2020)
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque
Introdução: Este texto trata das pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre (Neabi/Ufac), entre os anos de 2018 e 2020. O Neabi/Ufac foi criado institucionalmente como unidade administrativa em 22 de novembro de 2018 como proposta aprovada no Conselho Universitário da instituição. É importante ressaltar que a proposta foi construída pela então representante do Fórum Permanente de Educação Étnico- Racial do Estado do Acre(FPEER/AC), organismo do movimento negro acreano que sempre compreendeu a importância da articulação entre movimento negro e academia, numa busca pela ampliação do movimento negro educador, como propõe Gomes (2017). Além disso, o Neabi/Ufac também foi logo posteriormente cadastrado na plataforma do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), como Grupo de Pesquisa, ao qual se vincularam diversos professores e alunos da instituição, bem como professores da educação básica e pessoas da comunidade em geral. É importante destacar que a forte adesão ao Neabi/Ufac deve-se ao fato de que as políticas de promoção de igualdade racial na Ufac já vinha se desenvolvendo e sendo aplicadas há alguns anos, tendo em 2013 tido início o curso de especialização Uniafro: Política de Promoção de Igualdade Racial na Escola, com uma segunda edição, em formato de aperfeiçoamento, em 2016. Em 2016, articu- lado também com o FPEER/AC a Ufac criou o Observatório de Discriminação Racial, com o intuito de desenvolver pesquisas que investigassem o racismo na sociedade acreana e formas de enfrentá-lo.
O Neabi/Ufac é estruturado por meio de coordenadorias, entre estas está a coordenadoria de pesquisa, que abriga o Observatório de Discriminação Racial, que atualmente é um laboratório de pesquisa da instituição, bem como as pesquisas institucionais, as pesquisas de Iniciação Científica dos docentes que compõem o XI COPENE - Congresso Brasileiro de Pesquisadores/as Negros/as Movimentos negros, pensamento, história e resistências núcleo e as pesquisas de pós-graduação dos membros do núcleo. E é sobre este caráter de promotor de pesquisas voltadas para pesquisas de promoção de igualdade racial, denvolvidas pelo Neabi/Ufac que este texto vem tratar.
A MESTIÇAGEM NA REGIÃO AMAZÔNICA VERSUS ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL
Autor: Jorge Fernandes da Silva
Resumo: O artigo analisa o processo de mestiçagem na região amazônica em relação aos princípios legais estabelecidos pelo Estatuto da Igualdade Racial. Entre os objetivos, buscou-se contextualizar a política de casamentos inter-raciais na região amazônica, com destaque para as uniões matrimoniais entre o colonizador europeu de cor branca e indígenas. Investigou-se também o processo de inserção do negro no caldeamento das mestiçagens branca e indígena na região amazônica. A partir da primeira República, a intenção foi identificar os direitos legais da população indígena e negra, perpassando pelo século XX, e adentrando no século XXI buscando compreender as motivações dos movimentos de resistências das populações mestiças e caboclas na luta pelo reconhecimento de suas identidades étnico raciais em contraste aos ideários preestabelecidos no Estatuto da Igualdade Racial. A pesquisa qualitativa bibliográfica guiou o referencial metodológico, com contribuições de Loureiro, (1995) e GUSMÁN, (2006). Os resultados em aberto indicam a necessidade de revisão do Estatuto da Igualdade Racial, no sentido de repensar a inserção no texto oficial, da população parda e mestiça das regiões amazônicas, de mestiçagens indígenas, que não apresentam raízes de matriz africana. Palavras chaves: Região amazônica; Mestiçagem; Estatuto da Igualdade Racial.
ENTRE O LEGAL E O REAL: VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NAS ESCOLAS
Autor(es): Ivanete Silva de Souza e Jorge Fernandes da Silva
Resumo: Este artigo analisa a visão dos professores do Ensino Fundamental I sobre a aplicabilidade da Lei 10.639/2003 nas escolas públicas de educação básica, aborda o conceito desta Lei e a intencionalidade de sua proposta nas escolas. Como embasamento epistemológico utilizamos Pereira (2010) ao tratar das narrativas das diferentes histórias e Arroyo (2014) e (2017) ao abordar a ideia de representação das diversas culturas e a necessidade da construção de novas pedagogias. A pesquisadora Gomes (2007) traz sua contribuição ao texto por explicitar a necessidade de novos currículos que contemplem a diversidade presente nas escolas. O trabalho é resultado de uma pesquisa realizada pelo Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre – ODR/AC, através de uma equipe de pesquisadores que visitou 108 escolas no município de Rio Branco – AC. Foram aplicados questionários estruturados para gestores, professores, alunos e pais. As análises parciais dos dados, permitem inferir que quase metade dos professores entrevistados não possuem conhecimento sobre a Lei objeto da pesquisa e em consequência, não aplicam ou não sabem como fazer essa aplicabilidade. Contudo, é possível concluir que alguns professores veem a Lei como uma poderosa ferramenta para que as histórias e culturas dos afrodescendentes sejam recontadas ao passo que outros sentem um certo desconforto quanto ao seu conteúdo e aplicabilidade.
POLÍTICAS DE AÇÕES AFIRMATIVAS: LEGALIDADES E LEGITIMIDADES NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
Autor(es): Jorge Fernandes e Angela Maria Bastos de Albuquerque
Resumo: O contexto histórico, a partir de 2003, que envolve as políticas de ações afirmativas no campo da educação brasileira tem na formação de professores uma de suas principais bases em razão dos enfrentamentos da aplicabilidade das leis e legitimidade para um ensino alinhado a complexidade das diversidades no espaço escolar. Nesse sentido, o foco deste artigo centrou se nas gêneses das politicas, nas leis de reservas de vagas e nas formações de professores para identificar as intrinsecas relações desses elementos e as perspectivas do ensino público brasileiro a partir do marco da Lei 10.639/2003. Assim. partindo dos pressupostos de Zaidan (2003) e Gomes (2003) que possibilitaram entrever os efeitos das politicas de ações afirmativas nas formações docentes. Nesse estudo se aplicou o método de análise comparativa das legislações federais e suas respectivas regulamentações através das Resoluções do Conselho Nacional de Educação n" 1 de 2004 e 2 de 2015. Sobressaindo dai trés resultados: 1) a politica de reserva de vagas nas universidades que apontam para equiparação das notas finais tanto de alunos cotistas, quanto não cotistas. 2) A legitimidade das Leis de reserva de vagas no esforço de reduzir as desigualdades de oportunidades, e 3) pela necessidade de ampliação dos espaços de mudanças nas formações de professores que se ajustem as realidades impostas pela politica de reserva de vagas. Palavras-chave: Ações afirmativas Formação de professores. Reserva de vagas.
AUTODECLARAÇÃO DE COR/RAÇA
Autor: Jorge Fernandes da Silva
Introdução: A autodeclaração no Brasil até o início da primeira década do século XXI era irrelevante, os progenitores determinavam qual seria a cor/raça de seus descendentes que nem sempre aceitavam de bom grado a escolha da cor que lhes era atribuída nas certidões de nascimentos. A autodeclaração assumiu relevância com a implementação do Estatuto da Igualdade Racial – EIR, ao estabelecer no corpo teórico o conceito de população negra: “o conjunto de pessoas que se autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, ou que adotam autodefinição análoga”.
Essa redação registrada no Art. 1 inciso IV do EIR alterou significativamente o quesito autodeclaração de cor/raça, principalmente da população brasileira descendentes de africanas e africanos, de cor preta que durante mais de trezentos anos ingressaram no país na condição de escravizadas e escravizados. No dicionário autodeclaração significa “Declarar algo sobre si mesmo; fazer uma autodeclaração”.
Em outro conceito na Infopédia da editora Porto assevera--se que autodeclarar é um ‘verbo pronominal’ que significa “fazer uma declaração ou afirmação pública sobre si próprio”.3 O que seria então a autodeclaração racial? Nas Instituições de Ensino Superior – IES, a autodeclaração de cor/raça é um documento que candidatas e candidatos de um processo seletivo devem preencher e assinar afirmando sua cor/raça. Para compreender o sentido da autodeclaração racial no contexto dos atuais debates acalorados em torno da Lei de cotas raciais seria de interesse compreender o que Rocha & Resemberg nos traz atenção ao afirmar que “o vocabulário racial assentado em ‘cor da pele’ penetrou o Brasil Colônia e se mantém até os dias atuais, sendo as mesmas alternativas de cor incluídas nos inquéritos populacionais, com pequenas variações, desde o primeiro Censo Demográfico de 1872”. A manutenção secular de conceitos pouco alterados induz a uma aceitação raramente questionados assumindo ares de naturalização com uma estrutura histórico ideológica pouco perceptível diante do senso comum.
CABOCLO
Autor: Jorge Fernandes da Silva
Introdução: O presente ensaio emerge de algumas reflexões sobre o uso da palavra Caboclo no Estado do Acre, especialmente nas cidades de Feijó, Tarauacá, Santa Rosa do Purus, Jordão, Porto Walter, Marechal Thaumaturgo, nessas localidades, há expressivo contingente de populações de origem Katukinas, Kaxinawas, Yawanawá e Shanenawa, que apresentam aversão ao uso do termo Caboclo quando designado como forma de identificação com conotações pejo- rativas. A proposta visa discutir alguns contornos e rumos tomados pela expressão em pauta no sentido de compreender as generalizações como formas equivocadas para tratar do sentido das palavras. Seria impossível nesse breve ensaios discutir todas as possibilidades de usos, significados e representações no entorno da palavra Caboclo. Os apontamentos seguem na direção defendida por Moreira,de que “uma identidade fixa e consistente foi sempre uma ilusão”.
Outra vertente da palavra Caboclo, não menos polêmica, trata do termo no contexto da Religião Umbanda e alguns de seus significados. As reflexões trazem também variados condicionantes em que a proposta da palavra está inserida, desde suas manifestações e tentativas de se buscar sua origem por alguns pesquisadores, até sua utilização tanto de formas pejorativas, quanto literárias em variadas figuras de linguagens. Na parte final deste ensaio buscou-se dois exemplos de populações caboclas no Acre e no Rio Grande do Norte evidenciando o quanto a expressão pode ser usada segundo o interesse e a conveniência dos processos de colonização, invasões de fazendeiros e exploradores latifundiários.
O discurso sobre o sujeito Caboclo encontra-se figurativamente, mas quase literalmente, no que Silviano Santiago chamou de “entre-lugar”, pois ora o Caboclo é um, ora torna-se outro, na visão do outro, e quando lhe é conveniente, ser Caboclo, assume essa condição e, quando não, torna-se o outro. As múltiplas facetas em o entorno do nome faz com que os sujeitos assumam também múltiplas facetas até ondem lhes é possível. Ao estarem constantemente situados no entre-lugar, podem estar aqui ou lá, e no enredo dessa narrativa, encontram dificuldades em se situar quer seja aqui, quer seja acolá. Nessa “gangorra”, Moreira identificou um espaço sombrio e inconsciente permeado de “medos, reprimidos em função de normas e proibições sociais e culturais”.
A expressão inventada para identificar o sujeito considerado Caboclo, não se sustenta numa identidade cultural fixa, porque, se de fato ela “carregasse consigo tantos traços de unidade essencial, indivisibilidade e permanência, não haveria como explicar a proliferação de múltiplas identidades inscritas em relações de poder e construídas pela diferença”.O deslocamento de sentido entre a rejeição do termo pelos moradores das florestas no Acre e seu significado místico em outros espaços reafirma a posição de Moreira ao afirmar que uma “narrativa se conta por diferentes formas” porque a identidade pode ser constituída “como uma ponte entre o eu e as dimensões culturais”.
EDUCAÇÃO E IDENTIDADE ÉTNICO-RACIAL
Autor: Jorge Fernandes
Resumo: Este artigo busca discutir o papel da educação formal frente às questões étnico-raciais, como atenuante dos preconceitos e atitudes discriminatórias sociais na sua prática cotidiana em sala de aula. Realizamos uma abordagem qualitativa do tipo bibliográfica, analisando as relações entre educação e construção da identidade negra, relacionando os efeitos do currículo escolar na formação da criança de etnia negra; abordamos a temática da identidade nacional versus identidade negra, buscando compreender como as políticas educacionais da primeira República, foram influenciadas pelas teorias raciais darwinianas. Abordamos também a relação entre memória e identidade nacional nas dimensões pessoais e coletivas. Palavras-chave: educação; identidade; negra.
NEGROS NA AMAZÔNIA ACREANA
Autor: Jorge Fernandes
Introdução: O livro está dividido em duas grandes partes: a primeira faz um mapeamento do deslocamento demográfico até a Amazônia Acreana, no título “Origem dos Negros no Contexto Nacional”, que disserta sobre os deslocamentos desde a África, passando pelos rigores da escravidão até os resultados da libertação. Na Amazônia, apontando para a presença marcante desde 1854, com a abertura de seringais e a corrente humana que chega em 1880 trazendo tanto homens livres quanto escravos, ex-escravos e descendentes de escravos, além dos barbadianos (trabalhador e da Madeira Mamoré) que chegaram na primeira década do século XX. Além disso, relaciona a vinda de negros para o Acre, com os movimentos nacionais de construção da cidadania: a Revolta da Vacina e a Revolta da Chibata.
A segunda parte, “Os Negros nos Municípios Acreanos” confronta dados do perfil étnico coletados pelo IBGE, com o material da pesquisa de campo realizada em todos os municípios do Estado, a partir de ralatos dos moradores afro-descendentes mais antigos e seus descendentes, e outros. Identificando traços da cultura e organização da população afro-brasileira, permitindo maior visibilidade e importância, simultaneamente registrando a reflexão dos afrodescendentes sobre a sua própria condição social.
Considerando as duas partes, pode-se afirmar que contribuem para a ampliação da visão de mundo sobre essa questão, e que fornecem subsídios para a práxis social, seja destruindo preconceitos, seja subsidiando a prática pedagógica com material informativo sobre a história afro-brasileira com a especificidade desenvolvida na Amazônia acreana, redimensionando a identidade dos acreanos como um processo em construção.
MULHER NEGRA NA ARENA PORNÔ-ERÓTICA DO PÓS-ABOLIÇÃO CARIOCA: EMBATES ENTRE O FEMININO GENTRIFICADO DO RIO NU E O FEMININO VIVIFICANTE DE GILKA MACHADO
Autora: Marina Vieira de Carvalho
Resumo: Essa pesquisa analisa o imaginário pornô-erótico sobre a mulher negra no pós-abolição carioca. Nessa ordem discursiva se confrontaram o que chamamos de “potências pornô-eróticas masculinas” – o periódico Rio Nu (1898-1916) – e “potências pornô-eróticas femininas” – a poesia de Gilka Machado. Tais produções, recorrendo a diferenciados significados para as performances de gênero - interseccionados por questões de classe e raça - criaram diferentes tipos ficcionais de mulher na disputa pela construção de uma sensibilidade erótica moderna. A irrupção da poesia erótica de Gilka Machado – mulher, afrodescendente e socioeconomicamente vulnerável -, transgrediu a própria tradição pornô-erótica ao alterar a condição feminina - de objeto para sujeito; bem como ao p/ossibilitar outras representações para mulheres negras e pobres na alvorada da modernidade carioca. Palavras chaves: pornô-erotismo; relações de gênero, raça e classe; Gilka Machado.
TRAJETÓRIAS, “IDENTIDADES” E FORMAS DE RESISTÊNCIAS NO MOVIMENTO ESTUDANTIL NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE (1970 - 1980)
Autora: Queila Batista dos Santos
Introdução: O presente texto pretende discutir o movimento estudantil no estado do Acre entre os anos de 1970-1980, destacando sua trajetória inicial, sua “identidade” e nesse percurso, evidenciaremos, as formas de resistência do ME no contexto da Ditadura Militar visto que o mesmo vai se consolidar dentro dessa conjuntura política no Brasil.
No estado do Acre o movimento estudantil foi se formando a partir da implantação do ensino superior no recém-criado estado, em meio a processos de mudanças e transformações econômicas, políticas e sociais decorrentes da passagem de Território Federal a Estado (1962) e de expropriação de terra e deslocamento de seringueiros no sentido floresta-cidade. A ocupação da Amazônia se torna prioridade máxima após o golpe de 1964, quando fundamentado na Doutrina da Segurança Nacional, o objetivo básico do governo militar torna-se a implantação de um projeto de modernização nacional (BECKER, 1990, p.12). As implicações geopolíticas, que estas questões traziam, provocavam uma intensificação dos esforços da ditadura militar para “ocupar” e garantir a “soberania nacional” na região.
No final da década 60, a empresa seringalista chega ao fim no estado do Acre, transformando drasticamente a estrutura social do mesmo, tanto na cidade como na floresta. Aos antigos donos dos seringais não restam outras alternativas que não fosse a venda nos mesmo, pois endividados, tinham decretado a falência. A região Amazônica passa a ser o principal alvo, nesse processo de modernização e acumulo de capital, sendo alvo de cobiça principalmente do capital internacional.
A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO- RACIAIS NAS LICENCIATURAS DA UFAC: UMA PESQUISA EM ANDAMENTO
Autor: Wálisson Clister Lima Martins
Introdução: A Lei no 10.639/2003 (BRASIL, 2003), amplamente entendida enquanto fruto da atuação política do Movimento Negro brasileiro (GOMES, 2011, 2012; SANTOS, 2005), modifica a Lei n.o 9.394/2003, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) (BRASIL, 1996), para tornar obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nos sistemas de ensino fundamental e médio do país. Decorrente de tal legislação, em 2004 foram publicadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (DCNERER) (BRASIL, 2004), que ampliam essa obrigatoriedade para toda a Educação Básica e lançam as bases para se trabalhar a temática e orientam a articulação dos diferentes sistemas de ensino para o atendimento de atividades formativas destinadas a professores. Em âmbito local, Andressa Silva e Rosilene Costa (2018), analisando os dados da pesquisa produzida pelo Observatório de Discriminação Racial do Estado do Acre (ODR/AC), constatam que os professores da Educação Básica acreditam no mito da democracia racial e acabam reproduzindo informações que continuam estagnadas no senso comum por falta de conhecimento da legislação e da temática afro-brasileira. Além de Andressa Silva e Rosilene Costa (2018), Andressa Silva e Flávia Rocha (2020) também direcionam para a necessidade de efetivação de políticas de formação inicial e continuada de professores para o trabalho com a Educação das Relações Étnico-Raciais. Nesse sentido, o presente texto prioriza a compreensão da Lei no 10.639/2003 e como ela tem sido implementada nos cursos de Licenciatura em História, Pedagogia e Matemática. Este texto objetiva analisar a atuação da Universidade Federal do Acre no atendimento à formação inicial de professores para o trato com a Educação das Relações Étnico-Raciais. O objetivo geral se divide em três específicos, sendo: a) Identificar a inserção da temática da Educação das Relações Étnico-Raciais nos cursos de Licenciatura em História, Pedagogia e Matemática da UFAC; b) Conhecer as estratégias de formação inicial ofertadas pelos cursos de licenciatura da Ufac na implementação da Lei no 10.639/2003; e c) Analisar os desafios enfrentados pelos professores da UFAC na inserção, em sua formação de professores, da temática da Educação das Relações Étnico-Raciais.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ALUNOS DA EDUCAÇÃO BÁSICA DE RIO BRANCO-AC SOBRE O RACISMO
Autoras(es): Wálisson Clister Lima Martins e Liliana Piedade de Oliveira
Resumo: Este trabalho baseia-se nos dados da pesquisa do Observatório de Discriminação Racial do Acre da Educação Básica, desenvolvida entre os anos de 2018 e 2019, para identificar as ideias que flutuam sobre o conceito de racismo nas representações socialmente compartilhadas por alunos de escolas de Rio Branco. Apresentar essa compreensão sobre como os alunos entendem o racismo a partir das informações que recebem (ou deixam de receber) no decorrer de sua formação é importante por abrir possibilidades para que sejam construídas reformulações didático-pedagógicas na educação das relações étnico-raciais. Como base teórica, são estabelecidos diálogos com Moscovici (2005) e Gomes (2005). A metodologia utilizada se assemelha a um estudo descritivo-interpretativo, como definido por Amado (2017), lançando mão de questionários e entrevistas estruturadas, aplicadas a alunos, gestores e professores das escolas; bem como o uso da técnica de análise de dados. O recorte aqui se concentra nas respostas dos alunos sobre a pergunta “O que é racismo?”. Nestas, pode-se perceber o desconhecimento do próprio conceito de racismo, confusões entre racismo e bullying, bem como um considerável distanciamento entre as definições dadas pelos alunos e o conceito consolidado como correto. Palavras-chave: Representações sociais. Racismo. Lei 10.639/2003. Educação Básica.
A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE LICENCIATURA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
Autoras(es): Wálisson Clister Lima Martins e Simone Maria Chalub Bandeira Bezerra
Resumo: Este estudo faz parte da pesquisa de mestrado desenvolvida no âmbito do Programa de Pós-Graduação em Educação e busca descrever a atuação da Universidade Federal do Acre (Ufac) no atendimento à Formação Inicial de Professores para o trato com ‘História e Cultura Afro-Brasileira e Africana e com a Educação das Relações Étnico-Raciais’, como impetrado pela Lei 10.639/2003 e decorrentes documentos legais. Afim de atingir tal objetivo, serão feitas análises dos Projetos Políticos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura do Campus Rio Branco, e para a construção do corpus da pesquisa, pretende-se utilizar questionários e/ou entrevistas junto aos coordenadores dos cursos, professores que afirmam trabalhar a temática e alunos. Em investigação exploratória, percebeu-se que apenas cinco, das dezessete licenciaturas, adequaram seus currículos de modo a atender à referida legislação. Apesar de se esperar que tais temáticas sejam inseridas no currículo da educação nacional, são percebidas dificuldades de implementação dessas políticas educacionais. Palavras-chave: Lei 10.639/2003; Educação das Relações Étnico-Raciais; Formação Inicial de Professores; Trabalho Docente; Universidade Federal do Acre.
O PROTAGONISMO DA MULHER NEGRA NA ESCRITA DA HISTÓRIA DAS ÁFRICAS E AMÉFRICAS LADINAS
Autoras: Iamara da Silva Viana, Mariana Bracks e Marina Vieira de Carvalho
Introdução: A mulher é riqueza, diz o provérbio Igbo. A maior riqueza, pois é a mulher que dá a vida, que planta os alimentos, que nutre a sociedade. A “unidade matricêntrica” é um traço que une todas as sociedades africanas, um legado civilizatório deste continente, concluiu Amadiume ao examinar os papéis sociais desempenhados pelas mulheres Nnobi, subgrupo Igbo. No dia-a-dia das comunidades, são as mulheres que garantem a existência da população e isso é amplamente reconhecido e venerado, como indica o ditado acima.
A grande importância que as mulheres africanas tiveram desde a Antiguidade é alvo de estudos há décadas. Desde a década de 1970, Cheikh Anta Diop apontou evidências de que as sociedades africanas pré-coloniais foram governadas por mulheres, o que ele enxergou ser o traço que unia toda a África Negra. Diop nomeou “matriarcado africano” o modelo caracterizado pela preponderância da agricultura, em que a mulher ocupa o centro enquanto detentora dos segredos da natureza e dos ritos de fertilização da terra. Mas o polímata senegalês chamou atenção que o matriarcado não pode ser entendido como o oposto do patriarcado branco Ocidental, o qual estabelece uma dicotomia entre feminino e masculino, oprimindo as mulheres e todos os valores/comportamentos relacionados ao feminino em benefício de um padrão masculinista-opressor da diversidade da existência, da vida. Não há essa matriz de poder dicotômica nomatriarcado africano e sim uma complementariedade cosmogônica entre masculino e feminino, com efeitos diretos nas organizações sócio-hitóricas.
A História da África é repleta de exemplos de mulheres que assumiram a liderança política, militar, espiritual de suas sociedades. São elas as mais aptas a se comunicarem com as forças da natureza, a mandarem as chuvas descerem dos céus, a transmitirem conselhos dos antepassados. A espiritualidade africana, de forma geral, ancora-se em divindades femininas que trazem a fertilidade, a prosperidade, o equilíbrio: Auset, Mut, Maat (em Kemet, Egito Antigo), Oxum (Yorubá), Idemili (Igbo). Estas concepções cosmogônicas dão grande peso ao feminino, diferente das religiões monoteístas que exaltam UM Deus único, pai criador, associado ao
masculino.
Assim, nas sociedades africanas pré-coloniais, as mulheres exerciam papéis sociais relevantes, não apenas nas altas esferas do poder político e espiritual, mas também na base, na estrutura de cada família, clã ou linhagem, eram as mulheres as responsáveis por transmitir os valores, as regras morais, princípios estéticos, técnicas de artesanatos como cerâmica, tecelagem, pinturas corporais, tranças etc. Essa complementariedade entre masculino e feminino possibilitou diferentes atuações, organizações e expressões de poder relacionadas às mulheres. Na verdade, esse conceito de “mulher” enquanto determinismo biológico não pertence às sociedades africanas, como vem argumentando Oyèwùmí. O que quer dizer que a compreensão física do corpo pela modernidade Ocidental, seu dimorfismo sexual e seu padrão cis-heteronormativo, que formam “o que se entende por sexo biológico é socialmente construído” (LUGONES, 2008: 84). Inclusive a “ideologia de gênero” para as sociedades africanas tradicionais é bem mais fluída do que nas concepções ocidentais.
LITERATURA INFANTIL E REFLEXÕES ANTIRRACISTAS NO COTIDIANO DA PRIMEIRA INFÂNCIA
Autoras(es): Samara da Rosa Costa, Sara da Silva Pereira e Lucimar Rosa Dias
Resumo: Este artigo traz reflexões sobre práticas antirracistas por meio da apresentação de artefatos culturais africanos e afro-brasileiros para crianças da Educação Infantil, apontando o livro como um importante artefato que possibilita este trabalho. A discussão acerca de literatura infantil, que apresente qualidade estético-literária a partir da representação da diversidade étnico-racial brasileira de forma positiva, tem aporte teórico em autoras como: Araújo (2020), Debus (2017), Pereira (2019), dentre outros (as). Ao discutirmos a literatura como um artefato cultural pode-se afirmar que ela fortalece um ambiente antirracista contribuindo para que crianças negras se percebam representadas, elevando a autoestima e para que as crianças brancas reconheçam e valorizem a diferença, rompendo com as estruturas da branquitude normativa. Palavras-Chave: Educação Infantil. Literatura infantil. Artefatos culturais. Diversidade étnico-racial.
FRUIÇÃO E MAGIA: DO SILENCIAMENTO À VISIBILIDADE NEGRA NA LEITURA DE LIVROS DE LITERATURA DE TEMÁTICA DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Autoras(es): Sara da Silva Pereira e Vanessa de Senia Monteiro Carneiro
Resumo: O artigo retrata um projeto institucional desenvolvido pelo Centro Municipal de Educação Infantil Flor-de-Lis, em São José dos Pinhais, Paraná, tendo como foco central a literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira no contexto da Educação Infantil. O projeto foi idealizado como forma de se garantir o estímulo à formação do leitor literário, o conhecimento e o contato das crianças com outras culturas e o respeito à diversidade. Assim, a questão do texto literário surge bem delineada no documento, que fundamenta a temática da cultura africana e afro-brasileira como contribuição para a noção de pertencimento, descartando textos de cunho utilitário e primando pela fruição e o prazer pela leitura. Por este viés, a Literatura é uma das experiências oferecidas para que a criança tenha contato com a linguagem oral e escrita e está presente desde as práticas com os bebês, permeando todo o trabalho desenvolvido nesta etapa de atendimento. Autores como REYES (2010), FONSECA (2012), ROSEMBERG (1985), DEBUS (2007), SOUSA (2001) contribuem amplamente com a fundamentação teórica da proposta realizada pela instituição, que mesmo em andamento, já mostra resultados profícuos. Fato este que pode ser comprovado tanto pela riqueza das representações infantis quanto pela devolutiva dos demais envolvidos, que se materializa em forma de registros realizados através de imagens e textos, passando a compor o acervo documental da instituição. Palavras-chave: Educação Infantil. Literatura Infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira. Leitura.
ESCREVIVÊNCIAS DE MULHERES NEGRAS RUMO À PÓS-GRADUAÇÃO
Autoras(es): Sara da Silva Pereira e Lucimar Rosa Dias
Introdução: Iniciar este ensaio com as palavras de Conceição Evaristo é mais que uma apreciação por suas obras, é uma opção metodológica, tomando as histórias de mulheres negras ao que a autora denomina de “Escrevivências”. Para ela: [...] seria escrever a escrita dessa vivência de mulher negra na sociedade brasileira. Eu acho muito difícil a subjetividade de qualquer escritor ou escritora não contaminar a sua escrita. [...] A minha escrevivência e a escrevivência de autoria de mulheres negras se dá contaminada pela nossa condição de mulher negra na sociedade brasileira. As mulheres com as quais dialogamos neste artigo não apenas morderam a palavra, como versejaram o âmago das coisas, retratando uma realidade comum a todas. Ao concorrem a uma vaga no Curso de Formação Pré-Acadêmica: afirmação na Pós UFPR, também chamado de “Pré-Pós”, organizado pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade Federal do Paraná (NEAB-UFPR) e realizado em 2017, elas tiveram oportunidade de escrever sobre si, seus anseios, sua jornada, caminhos nem sempre exitosos e na maioria das vezes árduos. O que há de comum entre elas? O que as unem ou as distanciam? O que as motivam? A partir da Escrevivência dessas mulheres, vamos conhecer um pouco de- las e refletir sobre a importância da adoção de políticas afirmativas diante do cenário brasileiro que apresenta o racismo e o sexismo como estruturantes sociais que convergem em inúmeros tipos de desigualdades. O reconhecimento de relações de poder assimétricas que impõem à mulher negra dupla discriminação leva as mesmas a se movimentarem na busca para transpor essa situação e a continuidade dos estudos, preferencialmente em uma universidade pública, se apresenta como uma das possibilidades. Assim, costuram-se trechos de seus relatos autobiográficos que denotam traços comuns entre elas e mostram que, em suma, todas são atravessadas pelo mesmo ideal de melhoria das condições de vida e por lutas comuns às mulheres negras. Mulheres negras no “Pré-Pós”: entre a possibilidade e a realidade O Curso “Pré-Pós” foi realizado pelo NEAB em 2013. A UFPR foi uma das 13 Instituições de Ensino Superior do país selecionadas no Concurso de Dotações para Formação Pré-acadêmica: equidade na pós-graduação, promovido pela Fundação Ford e Fundação Carlos Chagas. Por ter apresentado resultados positivos, o curso ganhou uma segunda edição, em 2017, com financiamento do Ministério da Educação e SEPPIR (Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial), em parceria com a CEPIGRAD (Coordenação de Políticas Inovadoras de Graduação) e do NAPNE (Núcleo de Apoio às Pessoas com Necessidades Especiais). Neste ano, comum diferencial: uma turma foi ofertada na Comunidade Quilombola de João Surá, localizada em Adrianópolis no Estado do Paraná. De acordo com o edital 2017, o projeto Formação Pré-acadêmica Afirmação na Pós UFPR voltou-se para atender a candidatos e candidatas que se autodeclarassem negra/o ou indígena; egressas/os de programa de ação afirmativa no ensino superior, na modalidade de cotas ou bônus, quilombolas e povos do campo, pessoas com deficiência, surdos/as, comunidade LGBTT Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis,Transexuais e Transgêneros que pertencessem a grupos de vulnerabilidade socioeconômica, visando equidade e diversidade na pós-graduação.
HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRA NOS LIVROS DIDÁTICOS
Autoras(es): Sulamita Rosa da Silva e Maria Irinilda da Silva Bezerra
Resumo: Com a criação da Lei 10.639/03, a história e a cultura afro-brasileira deveriam ser incluídas nos currículos escolares, a fim de contribuir para a valorização do papel do negro na sociedade brasileira. Neste sentido, este estudo teve como objetivo analisar a inclusão da história e da cultura afro-brasileira nos livros didáticos de uma escola pública do município de Cruzeiro do Sul, buscando identificar como a figura do negro é apresentada nestes materiais. Como metodologia, utilizamos a abordagem qualitativa, o estudo bibliográfico e a pesquisa documental. Por meio dos resultados, notamos que o negro é inserido nos livros didáticos ressaltando questões sobre a diversidade cultural e o respeito às diferenças étnicorraciais. Todavia, o continente africano ainda é abordado de modo superficial, apresentando as regiões mais precárias dos países que o compõem, baseando-se no ideário da cultura europeia. Palavras-chave: Negro. Cultura. Livros didáticos.
INTELECTUALIDADE NEGRA EM AÇÃO: ENTRE O NÃO LUGAR E O PROTAGONISMO NA PRODUÇÃO DE SABERES
Autoras(es): Sulamita Rosa da Silva
Resumo: O conceito de forasteira de dentro de Collins (2016) discorre a respeito de a mulher negra ser vista como sujeita política, mas ao mesmo tempo como uma de fora, devido ao seu lócus ser permeado de opressões históricas, sociais e culturais. Diante disso, o presente trabalho teve como objetivo abordar sobre as reflexões emergidas por intermédio das experiências vivenciadas nos cursos de Licenciatura em Artes Cênicas: Teatro e Filosofia da UFAC/Campus Rio Branco, contribuindo para um repensar nos currículos dos cursos de formação de professores. A autonarrativa foi um dos procedimentos metodológicos utilizados, em que a descrição de uma maneira autobiográfica de alguns momentos referentes ao 1o semestre de 2019 no decorrer do exercício da docência, estenderam-se na elaboração do referido trabalho. As experiências descritas nos cursos de Licenciaturas supracitados corroboram para relevantes pautas a respeito do lugar das mulheres negras no ambiente acadêmico, espaço este que ao mesmo tempo que é permeado por uma cultura branca e eurocêntrica, contribui com o protagonismo na produção de saberes, no qual as escrevivências das intelectualidades negras presentes, surgirão como forma de resistência e abertura a dialogicidade com as diferentes formas de saberes que são experienciados a partir do vivido. Palavras-chave: Professora negra. Saberes. Experiências.
INTERSECCIONALIDADE E TRABALHO DOCENTE: DESAFIOS VIVIDOS POR PROFESSORAS NEGRAS DA UFAC
Autoras(es): Sulamita Rosa da Silva, Tânia Mara Rezende Machado e Ademarcia Lopes de Oliveira Costa
Resumo: A interseccionalidade analisa as discriminações raciais, de gênero, dentre outras opressões de forma sobrepostas na vida de mulheres negras. O objetivo desse estudo foi analisar os desafios de como é ser mulher negra e professora universitária nos cursos de licenciatura da Universidade Federal do Acre/Campus Sede, refletindo sobre as discriminações raciais e de gênero na academia. Na metodologia, fez-se uso das pesquisas bibliográfica e de campo, por meio de entrevistas narrativas. Os traços negroides das docentes eram assemelhados com preconceitos alusivos as suas competências profissionais e titulações, naturalizando-se o racismo na academia. Palavras-chave: interseccionalidade. professoras negras. trabalho docente.
A FACE OCULTA DO RACISMO NO BRASIL: UMA ANÁLISE PSICOSSOCIOLÓGICA
Autoras(es): Leoncio Camino, Patrícia da Silva, Aline Machado e Cícero Pereira
Resumo: No Brasil, atos explícitos de discriminação racial são proibidos por lei. O que estaria levando as pessoas inibirem expressões do preconceito conservando disposições negativas internas. Mas não se trata exclusivamente de um problema psicológico. O discurso moderno sobre as relações raciais é essencialmente contraditório. Num estudo realizado na Paraíba, observou-se que praticamente todos os 120 universitários entrevistados, afirmam que no Brasil existe preconceito, mas curiosamente a grande maioria não se considera preconceituosa. Os estudantes parecem ter clara consciência da discriminação racial que se vive no Brasil mas não aceitam a responsabilidade por esta situação. Assim, observou-se que os estudantes utilizavam mais adjetivos de pessoas simpáticas e menos de pessoas antipáticas para descrever pessoas de cor negra que pessoas brancas, mas pensavam que os brasileiros fariam o contrário: atribuiriam mais adjetivos de pessoas antipáticas e menos de pessoas simpáticas às pessoas de cor negra. Observou-se também que utilizavam mais adjetivos do terceiro mundo e menos do primeiro mundo para descrever pessoas de cor negra. Quando convidados a responder pelos brasileiros davam o mesmo padrão de respostas. Analisam-se estas contradições na perspectiva psicossociológica, usando-se como analogia o conceito de “formação reativa” para indicar que tanto os mecanismos psicológicos de inibição das atitudes negativas como as mudanças nas formas de se representar as diferenças de cor destinam-se a justificar práticas sociais que continuam a manter a discriminação racial. Palavras-chave: Novo racismo. Preconceito. Estereótipos. Funções ideológicas.
A NORMA DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E A DISCRIMINAÇÃO DA MULHER NEGRA NO SETOR INDUSTRIAL
Autoras(es): Valdenice Portela SilvaI, Marcus Eugênio Oliveira LimaI e Patrícia da Silva
Resumo: O objetivo deste estudo foi analisar, de forma comparativa, os impactos da norma de responsabilidade social empresarial e a discriminação das mulheres negras, na indústria de transformação sergipana. Para tanto, foram utilizados os micro dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Emprego (MET) de 2007/2008 e 2013/2014. A partir da análise dos dados, nota-se, em relação à discriminação de gênero, uma tendência à predominância masculina no setor da indústria de transformação sergipana. Os dados indicam também que não apenas o sexo feminino é aquele com menor presença no setor industrial, mas é a mulher de cor preta que possui os menores percentuais de inclusão no setor industrial sergipano. Esse cenário comparativo de discriminação de gênero e raça pouco se alterou com a introdução da norma de responsabilidade social empresarial, a partir da década de 1990. Os resultados são discutidos de acordo com as teorias do sexismo e do racismo. Palavras-chave: Indústria. Raça. Gênero. Norma social. Discriminação.
COMO A SOCIEDADE OS RECEBERÁ? PRECONCEITO E EXPECTATIVAS DE INSERÇÃO PROFISSIONAL DE ESTUDANTES EGRESSOS DO SISTEMA DE COTAS
Autoras(es): André Faro, Patrícia da Silva e Aline Oliveira Machado
Resumo: Em uma sociedade como a brasileira, por um lado regida segundo normas sociais provenientes de valores meritocráticos e individualistas, e, por outro, conforme valores igualitários e humanitários, as políticas afirmativas vêm provocando uma série de debates que vão desde a necessidade de sua implantação até o espaço no mercado de trabalho. No presente artigo, temos como objetivo investigar a existência de diferenças quanto às expectativas futuras de inserção profissional e reconhecimento social de estudantes cotistas e não cotistas, brancos e negros. Participaram 265 pré-vestibulandos. No delineamento experimental, formaram-se 4 alvos: branco não cotista, negro não cotista, branco cotista e negro cotista. Para a coleta dos dados, elaboramos o Questionário de Expectativas Profissionais (QEP), dividido em Expectativas Positivas e Negativas. Como principais resultados, podemos observar que o branco cotista recebeu menores Expectativas Positivas; a cor de pele do alvo não impactou sobre as Expectativas e, quando considerada apenas as cotas para o alvo, creditaram-se menores Expectativas Positivas aos cotistas. Finalmente, discute-se a possibilidade de um tipo específico de preconceito contra cotistas. Palavras-chave: Cotas na Universidade. Preconceito. Racismo.
ESTÉTICA NEGRA: VIVÊNCIA DA IDENTIDADE E NEGRITUDE EM MULHERES NEGRAS SERGIPANAS
Autoras(es): Patrícia da Silva e Eleonora Vaccarezza Santos
Resumo: O presente trabalho objetivou verificar a influência das representações sociais do fenótipo de mulheres negras na identidade racial do grupo alvo. Foi realizado um grupo focal composto por 06 jovens sergipanas autodeclaradas negras. Teve como questão disparadora: “Quais as características da beleza negra?”. Por fim, pode-se concluir que as mulheres negras além de sofrerem discriminação e preconceito racial de toda ordem, enfrentam dilemas quanto à manutenção ou mudanças na estética capilar, o que repercute em marcas na sua autoestima e influencia a construção de uma identidade racial positiva. Palavras-chave: Mulheres Negras. Estética Capilar. Identidade Racial.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS DE ESTUDANTES UNIVERSITÁRIO SOBRE COTAS NA UNIVERSIDADE
Autoras(es): Paula Bacellar e Silva e Patrícia da Silva
Resumo: Foram analisadas as representações sociais de estudantes universitários sobre o sistema de reserva de vagas com base em critérios raciais e sociais nas universidades. Participaram sete estudantes, de ambos os sexos, com idades entre 19 e 49 anos, sendo dois beneficiados pelas cotas. Utilizou-se a técnica de grupo focal, tendo como pergunta inicial “O que vocês pensam sobre o sistema de cotas na universidade?”, e um questionário para dados socioeconômicos. Os dados foram analisados através análise de conteúdo temática, não quantitativa. Os resultados indicam um discurso contraditório e ambivalente (contrário, favorável e em alguns momentos ambivalentes), por outro lado, no que se refere ao convívio com estudantes cotistas houve uma tendência em concebê-los de forma estereotipada, portanto, homogênea. Espera-se que este estudo contribua para melhor compreensão do fenômeno e possibilite novas pesquisas e reflexões sobre as representações sociais da política de cotas. Palavras-chave: Representações sociais. Cotas universitárias. cotistas.
AS NOVAS FORMAS DE EXPRESSÃO DO PRECONCEITO RACIAL NO BRASIL: ESTUDOS EXPLORATÓRIOS
Autoras(es): Leoncio Camino, Patrícia da Silva e Aline Machado
Introdução: É um fato conhecido por todos nós que nas sociedades modernas, particularmente após o movimento dos anos 60 pelos direito civis, atos explícitos de discriminação racial e étnica são publicamente condenados e proibidos por lei. Portanto, pode-se supor, que os preconceitos estão acabando? Não. Na verdade, o que parece estar ocorrendo é uma mudança tanto nas formas de expressão do preconceito e da discrinaminação racial como nas perspectivas em que o racismo é estudado. No que concerne à compreensão das formas atuais que o racismo está tomando, parece-nos necessário analisar o contexto contemporâneo aonde se desenvolvem as novas formas dos processos de exclusão social. E este contexto é dominado pela globalização que deve ser entendida como um conjunto de processos culturais e econômicos, independentes entre si, mas fortemente relacionados. Assim, ao nível cultural, o processo de globalização intensifica as relações entre as diferentes culturas e etnias, fato que produz uma certa ambiguidade. De um lado cresce o respeito frente à diversidade de valores culturais. Mas de outro lado, emergem fortes pressões para a manutenção das identidades e valores culturais regionais. A subida de movimentos nacionalistas na Europa e em outras regiões (Giddens, l996) e o surgimento de fanatismos religiosos de caráter fundamentalista (Brown, l99t), seriam expressão típica da ambiguidade que caracteriza a globalização, a qual traz como efeitos colaterais, o fanatismo e a discriminação contra etnias e grupos minoritários (Wetherell, l996).
VULNERABILIDADE DAS MULHERES NEGRAS EM SAÚDE: UMA ANÁLISE DAS DESIGUALDADE PELO VIÉS DA INTERSECCIONALIDADE
Autoras(es): Patrícia da Silva, André Faro e Marcus Eugênio Oliveira Lima
Introdução: A associação dentre condições de vida e a promoção da saúde não é uma descoberta recente, nem pode ser relegada a segundo plano quando se aborda o processe o saúde-doença. Já no pós-guerra, a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarava a saúde como um completo estado de bem-estar físico, mental e social e não simplesmente ausência de doenças e enfermidades (World Health Organization [WHO], 1946, p.1). A Constituição Federal Brasileira de 1988, passa a adotar a concepção de saúde proposta na 8ª Conferência Nacional de Saúde, como "a resultante de um conjunto articulado de direitos sociais à educação, ao emprego, ao meio ambiente, à previdência social, à habitação, à alimentação e a nutrição, ao lazer, ao esporte, e também ao serviço de saúde" (Mendes, 1987, p.296). Logo percebe-se que ainda não sejam necessariamente novas as acepções da saúde como elemento integrado da experiência humana, ainda hoje se mantêm como meta - utópicas ou não - as políticas e modos de saber-fazer da assistência à saúde. Neste capítulo pretendemos introduzir o leitor no debate acerca da vulnerabilidade da mulher negra no atendimento à saúde a partir da perspectiva interseccional.
EDUCAÇÃO ANTIRRACISTA E A FORMAÇÃO DE PROFESSORES(AS) EM UMA PERSPECTIVA DECOLONIAL
Autoras(es): Maycon David de Souza Pereira, Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: O racismo no Brasil manifesta-se de diversas formas, perpassando pela idealização da democracia racial, no qual é propagado o mito de que, o país vive num verdadeiro paraíso diversamente racial, assim, ocultando e negando a existência do racismo na sociedade brasileira. Isto posto, e, considerando que o Estado brasileiro constata a existência do racismo na sociedade nacional, surgiu como avanço no combate ao racismo a Lei 10.639/2003, fruto da luta antirracista do Movimento Negro, determinando o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana na Educação Básica (BRASIL, 2003), tornando imprescindível a discussão em torno de uma educação antirracista na formação continuada de professoras/es, numa perspectiva decolonial. Compreendendo que, esta formação é uma maneira de expandir a prática pedagógica e os conteúdos disciplinares aos professores(as) que não tiveram uma experiência com a Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) em sua formação inicial, dessa forma, ampliando os debates, as construções de conhecimentos e um maior arsenal de saberes, pois, uma educação antirracista não só proporciona bem-estar humano, como também promove a construção saudável da cidadania e da democracia brasileira. (CORENZA, 2018; SILVA; ROCHA, 2020). Essa pesquisa objetiva analisar como a educação antirracista tem sido introduzida na formação continuada de professores(as) no estado do Acre. Seu processo metodológico constitui-se em três fases: levantamento e estudo de referenciais bibliográficos; construção e aplicação de um questionário e/ou roteiro de entrevista destinados aos responsáveis pelas formações continuadas da Secretaria de Estado de Educação e Secretaria Municipal de Educação de Rio Branco, bem como da Universidade Federal do Acre e do Fórum Permanente de Educação Étnico-Racial; análise e discussão dos dados obtidos. A pesquisa encontra-se em andamento, na primeira fase, após sua finalização espera-se concluir como a educação antirracista vem sendo introduzida nas formações continuadas de professores(as) na Educação Básica do estado do Acre. Palavras-chave: Educação Antirracista. Educação das Relações Étnico-Raciais. Formação Continuada. Lei 10.639/2003.
HISTÓRIA E IMPRENSA: DEBATES SOBRE RACISMO E OS PADRÕES PRESENTES NO JORNAL O RIO BRANCO
Autora: Alice da Silva Leão
Resumo: O presente trabalho é uma pesquisa quanti-qualitativa realizada na cidade de Rio Branco – Acre, durante os anos de 2019 e 2020. O projeto se encontra em curso e está vinculado ao Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) da Universidade Federal do Acre (UFAC). Está sendo usado como fonte de pesquisa o jornal O Rio Branco nas versões impressa e digital, visando realizar um levantamento de dados dos anos de 2015 a 2019, buscando observar se após a criação de algumas políticas de reparação histórica (ações afirmativas, leis de ensino de história e cultura africana, afro-brasileira e indígena), os jornais rio-branquenses possuem uma representação da população negra e de que maneira ela se manifesta, examinando os padrões nas colunas em que são notórias a presença (e ausência) da comunidade negra. Como referencial foi utilizado: Albuquerque (2016), Barros (2012), Pontes; Ban (2018), Oliveira (2017) e Oliveira (2011). Todos os dados informados fazem parte da pesquisa, também vinculada ao Projeto de Iniciação Científica da UFAC, no qual tomo parte como voluntária, no período anual de agosto de 2019 a 2020. Palavras-chave: Racismo; História e Imprensa; Igualdade Racial.
MULHERES, HOMOSSEXUAIS, INDÍGENAS E NEGROS NA DITADURA CIVIL MILITAR: UMA ANÁLISE SOBRE AS MINORIAS NO REGIME POLÍTICO
Autora: Alice da Silva Leão, Fabiane Katarina Fartolino de Almeida, Maria Clara Silva de Souza, Rayra Torquato de Lima.
Resumo: O presente artigo busca mostrar as formas de resistência e o papel da mulher, dos homossexuais, indígenas e dos negros durante o regime político no Brasil conhecido como Ditadura civil militar entre os anos de 1964 a 1985. Tem por objetivo abordar uma temática pouco trabalhada e muitas vezes silenciada, a fim de salientar de maneira implícita qual dos quatro grupos foi o maior prejudicado. Mencionaremos o nome de figuras importantes que possuem pouca visibilidade e não tem sua história e legado perpetuado quando o assunto concerne ditadura militar. Inicialmente será abordado sobre as mulheres, que lutaram sob influência do feminismo, o que acarretou a morte de várias delas. Em seguida, será tratado a luta dos homossexuais, que foram fortemente reprimidos, censurados e sofreram várias tentativas de "higienização". Posteriormente discutiremos a presença indígena no regime militar, dando ênfase a violação de seu direito a posse de suas terras e a sua autonomia para viver de acordo com as suas culturas e tradições, uma vez que durante esse período foram tutelados pelo estado, que visava incorporá-los no meio social. Por fim, trataremos a respeito das lutas da comunidade negras. Através da pesquisa virtual em sites, revistas eletrônicas e afins, pode-se concluir a escassez de matérias que abordem de forma abrangente o assunto a ser trabalhado, comprovando assim como tal temática não é tão abordada quanto deveria. Palavras-chave: Mulheres. Negros. Homossexuais. Indígenas. Ditadura.
AFRICANISMOS EM QUATRO ATLAS LINGUÍSTICOS REGIONAIS BRASILEIROS E DICIONARIZAÇÃO
Autora: Amanda Silva Alves
Resumo: A pesquisa ora apresentada aborda a questão dos africanismos presentes no léxico do português falado no Brasil. Apesar de a influência das línguas africanas no português brasileiro ser inegável, ainda são relativamente poucas as pesquisas realizadas sobre esse tema e, por ser uma temática pouco explorada, pareceu-nos relevante empreender uma pesquisa que contribuísse para os estudos sobre a influência do elemento negro na nossa língua. Para tanto, começamos nosso trabalho selecionando palavras de base africana presentes nas cartas de cunho semântico-lexical de quatro atlas linguísticos brasileiros: Atlas linguístico do Sergipe II, Atlas linguístico do Amazonas, Atlas linguístico do estado do Ceará e Altas linguístico do Acre. Como o Atlas linguístico do Acre encontra-se, ainda, em fase de inquéritos, não utilizamos suas cartas, mas os áudios das entrevistas feitas com os informantes. Baseados nesta seleção, investigamos se essas palavras estão dicionarizadas e se as significações que lhes são atribuídas popularmente são confirmadas nos verbetes de três dicionários de língua portuguesa e em duas obras especializadas em africanismos. Nossa pesquisa, que se insere na linha de descrição e análise linguística, está fundamentada nos pressupostos teórico-metodológicos da Dialetologia, da Geolinguística, da Lexicologia e da Lexicografia. Como não há estudos publicados que discutam a questão dos africanismos no Acre, fizemos uso de pesquisas de autores que tratam da presença de africanismos no português do Brasil. Nos quatro atlas linguísticos que consultamos, encontramos 48 palavras que são consideradas africanismos pelas obras lexicográficas. Destas, 26 estão registradas no Atlas linguístico do Amazonas, 16 no Atlas linguístico do Acre, 15 no Atlas linguístico do Sergipe II e 4 no Atlas linguístico do Ceará. Nosso trabalho é uma tentativa de mostrar as diferenças e semelhanças existentes nas acepções e etimologias atribuídas a palavras de base africana faladas no Sergipe, Amazonas, Ceará e Acre. Palavras-chave: Africanismos. Atlas linguísticos. Lexicologia. Lexicografia. Dialetologia.
A CRIOULIZAÇÃO EM GLISSANT E A PRESENÇA DE AFRICANISMOS NA LÍNGUA PORTUGUESA DO BRASIL
Autora: Amanda Silva Alves
Introdução: Este trabalho surgiu com o objetivo fazer uma relação entre o livro Introdução a uma Poética da Diversidade (2005)de Édouard Glissant e minha pesquisa de mestrado, intitulada, provisoriamentede "A Presença de Africanismos em Atlas Linguísticos Regionais Brasileiros". Neste artigo, partindo da definição de crioulização proposta por Glissant, buscamos comparar as diversas teorias e hipóteses que tentaram explicar a presença de africanismos no português falado no Brasil, adotadas por alguns filólogos e linguistas, a saber Serafim da Silva Neto, Silvio Elia, Gregory Guy, John Holm e Alan Baxter, Fernando Tarallo, Gladstone, Chaves de Melo e Yeda Pessoa de Castro.
Introdução a uma Poética da Diversidade (2005), partindo da análise aspectos da América e, em especial do Caribe, Glissant trabalha alguns conceitos que podem ser aplicados à realidade brasileira. Entende que fatores como o tráfico de escravos africanos, o sistema adotado na plantation e a escravidão foram cruciais na formação cultural e linguística dos povos americanos colonizados pelos europeus. O autor propõe, juntamente com outros pesquisadores, uma divisão tripartite da América: a Mesoamérica, que seria a América dos povos nativos, dos "indígenas"; a Euro-América seria a parte da América marcada pela presença e conservação dos hábitos, culturas e tradições europeus; a Neo américa seria a América que viveu/vive a crioulização por meio da diáspora e da escravidão dos negros africanos. E é na Neoamérica que Glissant insere o nordeste brasileiro, mas quando se observa mais atentamente a realidade dó Brasil, percebe-se que a Neoamérica compreende não somente o nordeste, mas praticamente todo o território brasileiro, inclusive a região amazônica, que também viveu o processo de escravidão e crioulização.
Ao contrário dos portugueses, que vieram para o Brasil munidos de seus elementos culturais familiares, os escravos africanos que aqui chegaram, estavam desprovidos de tudo o que lhes era familiar, são o que Glissant denomina de migrante nu: "aquele que foi transportado à força para o continente e que constitui a base do povoamento dessa espécie de circularidade fundamental [...]" (2005, p21).
A partir do século XVI, durante três séculos, negros provenientes de distintos pontos do continente africano foram trazidos ao Brasil como escravos. Introduzidos nos mais diversos setores das atividades produtivas, eles eram, na época, peça chave na movimentação da economia brasileira. Vale salientar que os documentos referentes aos escravos trazidos ao Brasil são bastante exíguos e a maioria deles é proveniente de fontes oficiais; mais escassos ainda são os documentos de particulares. Também são parcos os dados relativos ao número de negros africanos traficados para o Brasil e à suas etnias. Esse fato se deveem parte à destruição dos arquivos públicos referentes à escravidão já que havia ordens do governo para que esses documentos fossem incinerados. O que se sabe é que os negros que vieram para o Brasil pertenciam basicamente, a dois grandes grupos, linguística e culturalmente bastante diferentes os bantos e os sudaneses. Sabe-se também que eles vieram em quatro grandes ciclos de comércio de escravos.
GÊNERO E RAÇA EM CENA: ANÁLISE COMPARATIVA DA REPRESENTAÇÃO DA MULHER INDÍGENA NA MINISSÉRIE A MURALHA E NA TELENOVELA UGA-UGA
Autora: Aquésia Maciel Góes
Resumo: Este estudo analisa como a mulher indígena é representada em duas produções da Rede Globo, uma minissérie e uma telenovela, respectivamente: A muralha (2000) e Uga-Uga (2000-2001). Pretende-se demostrar como as mulheres indígenas são expostas nas narrativas televisivas, evidenciando as representações estereotipadas em papéis geralmente interpretados por atrizes não indígenas bronzeadas e/ou pintadas. Essa prática nos faz estabelecer uma relação com o blackface, prática que surgiu no século XIX e em que se pintava de preto os atores para que interpretassem papéis de negros no teatro. Na minissérie A muralha, a personagem que analisaremos será a índia Moatira, vivida pela atriz não indígena Maria Maya. Discutiremos a caracterização da prática que aqui chamaremos de redface. Na telenovela Uga-Uga, destacaremos a atuação da atriz indígena Silvia Nobre como Crococá. Analisaremos o papel designado a ela e a forma como foi exposta ao contracenar com atores brancos. Discorreremos sobre as relações de poder e subalternização no que diz respeito a gênero, raça e classe social, bem como sobre os limites do cômico na TV brasileira. Palavras-chave: Gênero e raça. Mulher indígena. Audiovisual. Rede Globo.
OS DIÁRIOS DE LEITURA COMO INSTRUMENTO PARA O LETRAMENTO ANTIRRACISTA DIALOGIA E SUBJETIVIDADE
Autora: Bruna Carolini Barbosa
Introdução: Este trabalho é parte de uma pesquisa em nível de doutoramento e visa a apresentar e discutir parte dos dados obtidos em diários de leitura produzidos pelas alunas e alunos da disciplina de Leitura e Produção de Textos, no primeiro ano da graduação em Letras de uma Universidade Pública no Norte do Paraná. Os diários de leitura (DL) já foram amplamente explorados em sala de aula, nos mais diversos contextos e segmentos educacionais: desde as séries iniciais até o ensino superior. Neste último segmento, mais especificamente, os DL são entendidos como mediadores de leitura e do conhecimento, auxiliando na formação acadêmica dos educando. No contexto deste trabalho, compreendemos os diários enquanto escrita de invenção: configuram-se como expressão da dimensão subjetiva da leitura. Diante disso, o objetivo aqui é analisar, a partir de uma perspectiva dialógica do discurso, as percepções de professores em formação acerca do livro “Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada”, de Carolina Maria de Jesus. Compondo um dos gêneros catalisadores de um projeto de Letramento, que figurou como eixo organizador de práticas de formação em uma práxis de- colonial, os diários permitem a observação impressões das professoras e dos professores em formação em relação a diferentes manifestações sociais do racismo. Vale mencionar que os diários, alinhados a uma prática cursiva de leitura (ROUXEL, 2012), são reveladores de subjetividade, ressaltando a relação valorativa sobre os objetos do discurso e com outros discursos pré-figurados. Essa dimensão subjetiva emocionalmente valorativa observada nos diários determina o estilo e composicionalidade do enunciado. Especificamente, analisamos três entradas dos diários sobre as impressões de leitura de três participantes de pesquisa. Os excertos analisados evidenciam a proposição de que mesmo enunciados que estão distantes em relação ao tempo e espaço são capazes de revelar relações dialógicas e de sentido (BAKHTIN, 2012), neste caso, sobre o lugar social ocupado pelos corpos negros. As análises e discussões apontam para a potencialidade dos diários de leitura como estratégia didática para o letramento antirracista. Inicialmente, estabeleço, brevemente, o perfil metodológico deste trabalho. Em seguida, apresento as bases teóricas que orientam a pesquisa. Por fim, descrevo, discuto e analiso os dados.
A LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA E A CONSTRUÇÃO IDENTITÁRIA DAS CRIANÇAS: UMA ANÁLISE DA LITERATURA NOS ANOS INICIAIS DAS ESCOLAS DE RIO BRANCO
Autores: Edwardy Oliveira Benício de Melo, Liliana Piedade de Oliveira.
Resumo: O presente trabalho teve o objetivo de analisar se a literatura infantil distribuída nos anos iniciais das escolas de Rio Branco contribui com a construção identitária positiva das crianças. Para tanto, investigou-se a presença de produções literárias com a temática africana e afro-brasileira nas bibliotecas das escolas da rede de Educação Básica. Ademais, buscou-se verificar se essas produções literárias expressam uma representação positiva para crianças negras e brancas de forma que contribui no processo de construção de suas identidades. Como aporte teórico foram utilizados Castells (1999) e Gomes (2005) para falar sobre a construção da identidade de crianças negras e Debus (2017) como referência sobre a temática afro-brasileira e africana nas produções literárias desenvolvidas para público infantil. foi utilizada a análise dos registros fotográficos dos acervos das bibliotecas escolares, realizados durante a pesquisa do Observatório de Discriminação Racial da Universidade Federal do Acre – ODR/Ufac (2018-2020), bem como o trabalho de pesquisadoras como Martinhago (2016) e Oliveira (2008) a fim de fazer o levantamento sobre a presença ou ausência de livros que busquem, representar personagens negros em papéis de destaque ou que tenham o objetivo de desconstrução do racismo estrutural. Palavras-chave: Literatura de temática africana e afro-brasileira. Lei 10.639/2003. Identidade negra.
EDUCAÇÃO HUNI KUĨ: ENTRE A BASE ESTADUAL COMUM CURRICULAR E A FORM(AÇÃO) DE PROFESSORES
Autor: Danilo Rodrigues do Nascimento
Introdução: Nos últimos anos, assistimos no Acre o surgimento de novas propostas educacionais da educação escolar indígena, dentre elas, destacamos aque- las relacionadas às áreas de conhecimentos e formação de professores Huni Kuĩ. Segundo dados da Federação do Povo Huni Kuĩ do Estado do Acre (FEPHAC), as comunidades Huni Kuĩ vivem em 12 Terras Indígenas (Tis), com aproximadamente 104 aldeias. No Acre, são aproximadamente 15.000 pessoas. “Antes do contato com os não índios, o número de pessoas Huni Kuĩ era muito maior.” As terras Huni Kuĩ estão localizadas em cinco municípios acreanos: Tarauacá, Jordão, Feijó, Marechal Thaumaturgo e Santa Rosa.
Tais propostas foram possibilitadas a partir da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) de 1996, que em seu artigo 78, possibilita o desenvolvi- mento de programas articulados ao ensino e a pesquisa na oferta de educação escolar bilíngue e intercultural aos povos nativos. Desde então, muito se ter investido na produção de práticas pedagógicas em par com a realidade territorial das comunidades, chegando-se a esboçar outros desenhos curriculares de formação de professores, acompanhados de materiais didáticos diferenciados para auxiliar o ensino da língua materna dos diferentes povos em diálogo. Este texto se propõe a enfocar o processo de formação de professores Huni Kuĩ do Acre, demonstrando o protagonismo desta etnia no pensar e elaborar desde o desenho curricular, às ações nas suas salas de aula, articulado ao diálogo com as pesquisas antropológicas, pedagógicas, linguísticas e historiográficas das últimas décadas. A experiência dos autores com a temática educação escolar indígena é fruto de anos de trabalho de assessoramento, na produção de materiais didáticos, na produção de oficinas pedagógicas, na formação de professores, nas atividades da Comissão Pró Índio do Acre (CPI-AC), da Secretaria de Estado de Educação, Cultura e Esportes (SEEAC), da Universidade Federal do Acre (UFAC), entre outras instituições.
Ao longo da produção historiográfica, os povos nativos foram propositalmente ignorados em detrimento dos ditos “grandes heróis nacionais”, por vezes considerados como “selvagens”, “negros da terra”, “sem lei, sem rei e sem fé”, “incivilizados”, “obstáculo ao progresso”, além de serem considerados como de menor importância na formação da “identidade brasileira”. Muitos docentes e discentes da educação brasileira ainda acreditam em “descobrimento”, “vazios territoriais”, “extermínios das populações indígenas”, entre outras visões preconceituosas e estereotipadas sobre os povos nativos. Portanto, essa conjuntura requer questionamentos, problematizações e mudanças e, por isso mesmo, propomos este texto, articulado com as formações de professores Huni Kuĩ e as suas práticas pedagógicas no ensino da língua Hãtxa Kuĩ.
REFLEXÕES SOBRE O “RE-IMAGINAR A AMAZÔNIA” SUL OCIDENTAL E “DECOLONIZAÇÃO DA ESCRITA” A PARTIR DE PESQUISAS SOBRE FORMAÇÃO DE PROFESSORES E RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Autres (a): Jardel Silva França, Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque.
Resumo: O presente artigo se constitui com o intuito de pensar a decolonização da escrita da história amazônica, tomando como recorte as pesquisas sobre formação de professores e
relações étnico-raciais apresentadas no Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) e Programa de Linguagens e Identidades (PPGLI) da Universidade Federal do Acre (Ufac), no período de 2012 a 2020. Neste sentido, o que aqui se expõe são reflexões a partir de leituras feitas no decorrer das disciplinas de “Culturas, Linguagens e Sociedades Amazônicas”, “Teorias Linguísticas” e “Dissertação” cursadas no Mestrado de Linguagens e Identidades do Programa de Pós-Graduação homônimo de nossa instituição. A isso se acresceu os materiais estudados em “Ensino de História e Educação para Relações Étnico-Raciais” ministrada como optativa no Mestrado Profissionalizante em História da mesma. O objetivo do texto é concatenar a construção identitária populacional acreana com as pautas da Educação das Relações Étnico-Raciais, tomando como referenciais Miguel Nenevé e Sônia M. Gomes Sampaio (2015); Francisco Bento da Silva (2013, 2015, 2017); Gerson R. de Albuquerque (2020); Nedy Bianca M. de Albuquerque (2015); José A. Pádua (2000); Amilcar Araújo Pereira (2013); Jerry Dávila (2006); Frantz Fanon (2008); Nilma Lino Gomes (2020) e Kabengele Munanga (2012, 2020). Assim o texto se organiza em caráter introdutório trazendo a trajetória formativa que impulsiona este estudo, perpassando ao debate sobre identidades correlacionando-as ao caráter polissêmico e multicultural na/da Amazônia sul ocidental, depois adentrando a construção do problema de pesquisa, suas motivações e rotas de investigação, porquanto seja inquirição em andamento e por isso mesmo ainda inconcluso. Palavras-chave: Formação docente. relações étnico-raciais. PPGLI.
A IMPORTÂNCIA DO PIBID PARA A FORMAÇÃO DOCENTE E A IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/2003 NA ESCOLA
Autor: Jardel Silva França
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo mostrar a importância do Programa de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) para os futuros professores de história da Universidade Federal do Acre (Ufac). A metodologia se faz a partir de analise bibliográfica de manuscritos que relataram as experiências vividas durante os anos de 2016 e 2017 na escola Estadual Raimundo Gomes de Oliveira (RGO), na cidade de Rio Branco Acre. Nos anos em comento, o programa estabeleceu como objetivo a atividade de “Ensino com Pesquisa”, uma proposta em que cada estudante de história, bolsista do Pibid teve que elaborar uma aula a partir de linhas de pesquisas indicadas no edital do projeto. Através das aulas procuramos integrar os alunos da escola nos encontros/aulas para que participassem como sujeitos ativos do processo de ensino aprendizagem. Tivemos como temáticas “Brincadeiras afro-brasileiras no ensino de História”, “Novas perspectivas metodológicas na aplicação da lei 10.639/2003: Artes, máscaras e rituais africanos” e “Literatura como forma de libertação no período escravagista“ Usamos como aporte teórico: a lei 10.639/2003, Bittencourt (2005), Munanga (2005), França (2020; 2021), França e Andrade (2020). Nesse sentido, a análise demonstrou que o programa tem sido um grande articulador de saberes entre a universidade e as escolas de ensino básico. Palavras-chave: Pibid. Lei 10639/2003. Formação docente. Cultura afro-brasileira.
FORMAÇÃO DOCENTE: NARRATIVAS E EXPERIÊNCIAS COM AS LEIS 10. 639/03 E 11.645/08 NO PIBID/HISTÓRIA/UFAC
Autores: Jardel Silva França, Ramon Nere de Lima.
Resumo: Apoiado nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008, que estabelecem a obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira, africana e indígena na educação básica, esse trabalho é resultado das experiências vividas durante os anos de 2017 e 2019 no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do Curso de História da Universidade Federal do Acre. Cujo objetivo era a atividade de “Ensino com Pesquisa” ou “Aula Inovadora”, proposta no qual cada bolsista PIBID elaborou uma aula a partir de linhas de pesquisas indicadas no edital do referido projeto. Nessa perspectiva, coube aos bolsistas procurar integrar os alunos da educação básica nas aulas, afim de que os alunos dos sextos anos pudessem participar como sujeitos ativos do processo de ensino e aprendizagem. Usamos como embasamento teórico o artigo “Brinquedos e brincadeiras na educação infantil” de Tizuko Morshida Kishimoto, a apostila “Reencantando a infância com cantigas, brincadeiras e diversão” do Centro de Tecnologia Alternativa da Zona da Mata de Minas Gerais de 2009 e o livro
“Brincadeiras Africanas para a Educação Cultural” de Débora Alfaia Cunha, para trazer o recorte sobre a cultura indígena foi utilizado o artigo “O Amazonismo Acriano e os povos indígenas: revisitando a história do Acre”, de José Pimenta, o livro “Quebrando preconceitos: subsídios para o ensino das culturas e histórias dos povos indígenas”, de Célia Collet et al e a tese de João Veras “Seringalidade: a colonialidade no Acre e os condenados da floresta”. Como resultado, pode-se perceber a importância das experiências desenvolvidas no PIBID como auxílio na abordagem de temáticas étnico-raciais para formação docente e dos alunos envolvidos no programa." Palavras-chave: Aula Inovadora. PIBID. Lei 10.639/03. Lei 11.645/08.
EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS EM GEOGRAFIA: IDENTIFICAÇÃO DE ALGUNS ASPECTOS PRESENTES NO CURRÍCULO DE REFERÊNCIA ÚNICO DO ACRE DA ÁREA DE GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Autoras: Karolayne Almeida de Souza, Lucilene Ferreira de Almeida
Resumo: O objetivo desse trabalho é discutir como a Geografia pode contribuir para o desenvolvimento do ensino a respeito da diversidade racial, mais especificamente, o ensino da história e cultura dos afro-brasileiros e indígenas a partir do que é assegurado na Lei n.o 11.645/2008, traçando um paralelo com a análise do Currículo de Referência Único do Acre no componente curricular de Geografia, anos finais do ensino fundamental, com o intuito de identificar como essa temática é proposta no currículo dessa disciplina. A partir dos apontamentos feitos sobre a educação das relações étnico-raciais em Geografia é possível afirmar que a disciplina tem instrumentos necessários, de acordo com as temáticas que aborda, para a promoção, junto a outras áreas do conhecimento, da educação para as relações étnico raciais. No Currículo de Referência Único do Acre, os objetos de conhecimento que dão margem para abordar a temática étnico-racial, encontram-se evidenciados de forma ampla. Os que estão mais específicos encontram-se no quadro organizador curricular do oitavo ano, a partir da temática sobre o continente africano. Dessa forma, entende-se que o professor de Geografia, mais atento as questões étnico-raciais e empenhado na educação que envolva desenvolver relações étnico-raciais positivas e respeitosas, trabalhará de forma aprofundada essas temáticas no ambiente da sala de aula. Palavras-chave: Ensino de Geografia; Relações Étnico-Raciais; Currículo de Referência Único do Acre.
DISCURSOS RACISTAS INIBEM ACESSO A DIREITOS: POR UMA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/2003
Autor: Maycon David de Souza Pereira
Resumo: Esta pesquisa propõe-se a apresentar dados relativos a percepções sobre cotas raciais de professores e alunos da rede pública estadual do Acre e refletir sobre discursos reproduzidos por professores do Ensino Médio relacionados à Lei no 12.711/2012, Lei de Cotas, que prevê reservas de vagas, para negras e negros, em todas as universidades e instituições federais de ensino superior no Brasil (BRASIL, 2012). Também, tem o objetivo de refletir sobre o poder do discurso e a necessidade da implementação efetiva da Lei 10.639/2003, que determina a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira dentro do currículo do ensino básico (BRASIL, 2003). Para isso foram utilizados dados da pesquisa desenvolvida pelo Observatório de Discriminação Racial da Educação Básica do Estado do Acre (ODR/AC), em que professores e alunos da educação básica, por meio de entrevistas estruturadas e semiestruturadas são questionados sobre a aplicabilidade da lei nas escolas. A partir da análise destes dados observa-se a necessidade, do conhecimento e da implementação da Lei 10.639/2003 para uma educação antirracista, bem como a importância das ações afirmativas de cotas raciais para negras e negros, pois possuem um papel fundamental no combate a desigualdade social e racial existente no Brasil. Palavras-chave: Raça. Racismo. Políticas Afirmativas.
“FELICIDADE POR UM FIO”, “QUEM QUER CASAR COM ISOKEN?” E “ATLANTIQUE” COMO CONTRIBUTO A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Autoras: Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque, Goreth da Silva Pinto.
Resumo: O presente trabalho, tendo como referenciais Nilma Lino Gomes, Maria Xavier de Castro e Marcos Silva, se propõe a análise dos filmes “Atlantique”, “Quem quer casar com Isoken?” e “Felicidade por um fio” a fim de dialogar em caráter interdisciplinar a respeito da utilização das películas como aporte a educação das relações étnico-racial. Neste sentido, num primeiro momento se faz a descrição dos longas-metragens, com as características sociais e culturais que os assemelham e diferenciam. E em etapa posterior voltamos os olhares para as contribuições destes filmes ao debate do ensino das relações étnico-raciais e de gênero, tomando como foco o ensino fundamental II e ensino médio, expondo sugestão de sequência didática de trabalho. Palavras-chave: Educação. Relações étnico-raciais. Mulheres. Filmes.
PENSANDO O RACISMO E AÇÕES AFIRMATIVAS: APONTAMENTOS NORTEADORES DE INQUIETAÇÕES DE PESQUISAS
Autores (a): Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque, Diego Manoel Medeiros de Albuquerque.
Resumo: O presente artigo nasce da reunião de apontamentos norteadores a inquietações que pautam a constituição de projeto de pesquisa relacionado ao racismo e as ações afirmativas, tomando o Acre como recorte espacial e a última década marco temporal. Estudam-se os impactos das ações afirmativas no campus sede da Universidade Federal do Acre como combate ao racismo a partir do estado da arte das produções científicas dos alunos cotistas, com fins de analisar as políticas públicas em espaços universitários, empregando como aporte Almeida (2019); Santos (2018); Bolsanello (1996); Serafim e Azeredo (2011); Dias Monteiro (2011). A metodologia de escrita deste trabalho inicia com a contextualização das escravidões negras e indígenas no Brasil, seguindo-se o diálogo sobre o racismo à brasileira e legislação antirracista, depois se apresenta o estudo da aplicabilidade das ações afirmativas na Universidade Federal do Acre por meio da produção científica dos cotistas, adentra-se as possibilidade de ampliação do campo investigativo, encerrando o texto com a ponderações sobre a temática. Palavras-chave: Racismo. Ações afirmativas. Pesquisas.
PROFESSORAS NEGRAS NOS CURSOS DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA UFAC: PERCURSOS E DESAFIOS NO ÂMBITO DA DOCÊNCIA
Autoras: Sulamita Rosa da Silva, Tânia Mara Rezende Machado.
Resumo: A presença de mulheres negras nos espaços públicos é algo que ainda pode ser visto como casos específicos de sucesso escolar. Ser professora e negra, nestes meandros, é ocupar espaços que não lhes é próprio. É mesmo em meio a um lugar marcado pela eurocentrização patriarcal, resistir, persistir e construir legados. Diante desta abordagem, a presente proposta de pesquisa tem como objetivo geral analisar as trajetórias/percursos de professoras negras nos cursos de formação de professores da Ufac no período de 2018 a 2019, identificando concepções de decolonialidade durante suas travessias e nas organizações curriculares dos planos de ensino de todos os cursos de licenciatura que lecionam, como forma de contribuir para a formação de futuros docentes que visem uma prática educativa de fato crítica e emancipadora. Os procedimentos metodológicos consistirão na técnica snowball, ou cadeia de informantes, em que os próprios participantes indicarão outros sujeitos até atingir um ponto satisfatório das informações. Questionários e entrevistas semiestruturadas descrevendoos perfis socioeconômicos das docentes negras e suas histórias de vida respectivamente, bem como, as análises documentais para estudo dos seus planos de ensino serão realizados para efetivação deste estudo. Como referencial teórico, nos respaldaremos em autores como: Boaventura de Sousa Santos (2009), Costa e Grosfoguel (2016), Carneiro (2003), Costa (1995), Crenshaw (2002), Dubet (2001), Euclides (2017), Guimarães (1999), Hooks (1981),Quijano (2009),Ribeiro (2017, 2018), Scott (1995) entre outros, que subsidiarão as reflexões teóricas aqui levantadas. O presente estudo ainda está em construção, cujas contribuições esperamos que possam ser de suma significância para o combate de práticas sexistas, racistas e estereotipadas na academia. Palavras-chave: Mulher. Negra. Professora. Decolonialidade. Trajetórias.
RUPTURAS NOS PARADIGMAS DA BRANQUITUDE: A ATUAÇÃO DE PESSOAS BRANCAS NA LUTA ANTIRRACISTA NO SÉCULO XXI
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Geovanna Moraes de Almeida
Resumo: O presente trabalho tem por objetivo socializar uma análise sobre a inferência da branquitude no processo de construção histórica do racismo na sociedade brasileira, rememorando o período de colonização, bem como elencar através de um diálogo entre as fontes, as possibilidades e viabilidades que os brancos possuem para romper com paradigmas colonialistas impostos. Como subsídio para a discussão proposta, buscou-se corroborações em Bento (2002), Carreira (2018), Cardoso e Muller (2017), sobretudo em Cardoso (2010) e (2008) com sua importante postulação sobre o conceito de branquitude e suas duas categorizações: crítica e acrítica. A metodologia adotada fora uma pesquisa exploratória e descritiva para o levantamento de dados acerca da problemática. Além disso, esta pesquisa apresenta uma análise de dados obtidos por intermédio de entrevistas orais com mulheres brancas ativas na luta antirracista. Como resultado destas entrevistas, constatou-se que pessoas brancas que se reconhecem como sujeitos dotados de privilégios advindos do racismo estrutural, questionam essa realidade e buscam conhecimento sobre a temática étnico-racial possuem um papel fundamental na luta por igualdade racial. Palavras-chave: Branquitude. Racismo. Antirracismo. Luta contra o racismo. História.
O PROGRAMA LEIA PARA UMA CRIANÇA: UMA FERRAMENTA PARA A EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Raiele Souza Moura
Resumo: Este artigo busca apresentar o Programa Leia para uma Criança, iniciativa do Itaú Social, no qual disponibiliza livros de literatura infantil em formato físico e digital, com a finalidade de promover a leitura desde a primeira infância. A justificativa deste estudo consiste na divulgação das obras literárias que podem ser utilizadas como ferramenta para a Educação das Relações Étnico-Raciais, em conformidade com a efetivação da lei 10.639/2003. Tem por finalidade analisar 03 obras que tratam da representatividade negra e 02 que abordam a promoção da igualdade racial, disponíveis na Estante Digital do referido programa, para tanto, a metodologia adotada foi a qualitativa. No referencial teórico, utilizou-se os escritos de Silvio Luiz de Almeida (2019), Eliane Santana Dias Debus (2017) e Paulo Vinicius Baptista da Silva (2022). Após a finalização da pesquisa, foi possível notar que os livros infantis selecionados contribuem para evidenciar a importância do protagonismo negro, bem como a valorização da identidade e ancestralidade negra. Palavras-chave: Programa Leia para uma Criança; Representatividade negra; Promoção da Igualdade Racial.
DE ENCANTOS E AFETOS: A LITERATURA NEGROAFETIVA DA ESCRITORA SONIA ROSA
Autora: Sara da Silva Pereira
Resumo: Este texto trata da literatura infantil produzida por Sonia Rosa. Ele é resultante de uma longa e reflexiva conversa com a autora, tratando de dois importantes conceitos que emanam de suas obras: o Letramento Racial (2014) e a Literatura Negroafetiva (2021). A escritora apresenta o primeiro conceito como uma ferramenta crucial para a compreensão do racismo e suas manifestações e como possibilidade para construir uma verdadeira pedagogia antirracista. Sobre o segundo, a escritora explica que ele surge da necessidade de utilizar uma nomenclatura para designar sua produção literária, assim este conceito para a autora designa uma literatura com narrativas protagonizadas por personagens negros nas quais o afeto é a marca principal. Dialogamos com Cuti (2010), Gomes (2017), Kilomba (2019), Santana (2011), Júnior (2019), dentre outras referências presentes na obra da própria autora que aponta a quem lê um aporte teórico para compreender os sentidos e significados da produção de autoria negra. Por fim, conclui-se que a Literatura Negroafetiva é uma possibilidade de se contemplar a Lei 10639/2003 na prática, ampliando o repertório cultural de crianças e adultos e contribuindo para a construção de uma identidade étnico-racial positiva, que valoriza a subjetividade da pessoa negra, além de colaborar com uma educação antirracista. Palavras-chave: Literatura Negroafetiva. Letramento Racial. Lei 10639/2003. Literatura Infantil. Sonia Rosa.
LEI 12.711/2012 NA UFAC: ESTUDO DO IMPACTO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO DO CCSD E CCBN DO CAMPOS SEDE ENTRE 2012 A 2020
Autora: Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque
Resumo: Este artigo tem por intenção apresentar os resultados obtidos durante a execução do projeto PIBIC/PIVIC de iniciação científica da “Lei n° 12711/2012 na UFAC: estudo do impacto das Ações Afirmativas étnico-raciais sobre a produção acadêmica científica do Campus Sede entre 2012 a 2020”, orientado pela professora Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque. O que se apresenta neste trabalho se refere às ações afirmativas dos cursos lotados no Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) e no Centro de Ciência, Saúde e Desporto (CCSD). A pesquisa visou contribuir com a revisão da Lei n° 12711/2012, tendo como recorte a Universidade Federal do Acre. Para tanto, o projeto foi dividido em dois anos, sendo o primeiro assentado em cinco etapas em que foram realizados encontros de orientação e debates da bibliografia, levantamento de informações junto ao Núcleo de Registo e Controle Acadêmico e divisão dos bolsistas em equipes de trabalhos para coleta de dados e sua tabulação. Já no segundo ano, realizou-se os registros constituídos das informações coletadas e listadas em planilhas Excel em que se contabiliza um total de 1604 cotistas ingressantes nos cursos do CCBN e 1440 nas graduações do CCSD. Posteriormente, foi realizada a organização dos discentes para apresentação dos resultados obtidos em eventos acadêmicos internos e externos. A metodologia de trabalho parte de uma investigação interdisciplinar, documental e descritiva, tendo como referencial teórico o que foi construído a partir de Munanga (2015), Silva e Borba (2018), dentre outros. Palavras-chave: Lei n° 12711/2012. Cotas. Étnico-racial.
RESISTÊNCIA E INVENTIVIDADE: EXPERIÊNCIA DE EDITORAÇÃO NA REVISTA DAS AMAZÔNIAS
Autor: Jardel Silva França
Introdução: O presente trabalho se insere nesta obra dentro do eixo “Relato de experiência de projeto de extensão” e objetiva compartilhar a vivência durante os anos de 2020, 2021 e 2022 como editores técnicos do periódico científico denominado Revista Discente Das Amazônias. Nosso enquadramento dentro do eixo temático se motiva pelo fato de que a Revista Das Amazônias desde o seu segundo número funcionar tanto como periódico científico, quanto como projeto de extensão, se inserindo dentro da perspectiva de caracterização extensionista na qual os discentes sejam os agentes executores das atividades, sob supervisão docente. Tomamos como referenciais teóricos: França (2020, 2021), França e Carvalho (2020), Silva (2021), a fim de pensarmos a participação discente em periódicos científicos em uma perspectiva editorial. Logo, a metodologia se constrói a partir das nossas observações enquanto equipe editorial da Revista Discente de História da Ufac. O texto se organiza em um breve histórico introdutório, características do periódico e suas funcionalidades. Por fim, trazemos o relato de nossas experiências nos exemplares de 2020, 2021 e a primeira de 2022 produzidos em contexto pandêmico.
PROJETO RAÍZES DA COMUNIDADE
Autora: Liliane Bezerra da Silva
Introdução: O que aqui se apresenta é relato de experiência pedagógica denominada de “Projeto Raízes da Comunidade”, cujo intuito foi aprofundar a identidade pessoal dos estudantes e suas raízes indígenas/afro-brasileiras por meio de reflexão acerca do “local no qual nos identificamos”. O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Tempo Integral José Ribamar Batista (ETI - EJORB), que contempla 400 matrículas, no município de Rio Branco, capital do Estado do Acre, localizada na região conhecida como Baixada do Sol, composta por 18 bairros e estimando ter em torno de 100 mil pessoas (equivalente a 20% da população municipal) cujo grande quantitativo é de sujeitos socialmente vulneráveis. Os estudantes da escola apresentam um grupo heterogêneo com faixa etária de 14 a 19 anos de idade, sendo a maior parte identificável dentro daquilo que o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística caracteriza como população negra. A proposta aconteceu de agosto a dezembro de 2021, período pandêmico em que inicialmente havia sido adotada a modalidade remota e depois híbrida de ensino. O objetivo do projeto era aprofundar a identidade pessoal dos estudantes, bem como, suas raízes afro-brasileiras e indígenas, com reflexão sobre o local no qual nos identificamos. Entendendo como “local de identificação” o trabalho com a relação espaço, sociedade, comunidade em que se situa a escola, onde habita a maior parte dos estudantes e professores. De tal modo buscando efetivar o que preconiza o Art. 26-A da LDB, acrescido das Diretrizes Curriculares para o Ensino de Educação das Relações Étnico-Raciais, somando-se as Competência 1 e 6, Habilidades Instituídas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC) de Ciências Humanas e a Competência 4, 6 e suas Habilidades de Linguagens e suas tecnologias. Para tanto o procedimento metodológico da escrita deste texto constitui-se na presente introdução, seguida de caracterização do espaço no qual se situa o estabelecimento de ensino e o ponto de partida para a pesquisa, acrescentamos a isso referencial com ponderações sobre a BNCC enfatizando as competências e habilidades interseccionando as disciplinas envolvidas neste relato, passando então a expormos o trajeto metodológico e seus resultados, finalizando com nossas considerações.
TRANSGREDINDO A BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR POR MEIO DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA
Autoras/es: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Paulo Vinícius Baptista da Silva
Introdução: Este texto trata de um dialogo entre o currículo nacional, ensino de História para os Anos Finais, em seu 6° ano, mais especificamente, e a lei 10.639/2003. É uma articulação entre estas partes não como norma, mas como resistência e como forma de pensar em uma educação para a diversidade a partir de práticas pedagógicas para a liberdade de cada sujeito envolvido no processo de ensino e aprendizagem no chão da escola.
POSSIBILIDADES DE INSERÇÃO DO ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA NO CURRÍCULO DE HISTÓRIA DO 2o ANO DO ENSINO MÉDIO DO ESTADO DO ACRE
Autor/a: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e João da Silva de Brito
Resumo: Esse trabalho trata da inserção da história e cultura africana e afro-brasileira na educação básica. Sua importância está em buscar incutir no imaginário da sociedade, por meio da educação básica, o respeito e a valorização do negro na formação da identidade nacional. O objetivo desse trabalho é fazer com que os sistemas de ensino respeitem e apliquem a Lei 10.639/2003, diminuindo assim, o preconceito e a discriminação que a população afrodescendente sofre. Silva (2015) salienta que, num país plural como o nosso isso só nos obriga a não permitir que a educação seja dada somente pela matriz européia. É importante conscientizar toda a sociedade, mostrar que brancos e negros precisam se respeitar. A metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica e análise documental do Caderno de Orientações Curriculares do Ensino Médio. Com a produção das sequências didáticas cumpriu-se o objetivo do projeto em fornecer condições para a aplicação da lei.
POVO WARAO INDÍGENA VENEZUELANO NO ESTADO DO ACRE/BRASIL: REFÚGIO, SOBREVIVÊNCIA, HUMANIZAÇÃO DAS PERCEPÇÕES E DIFERENÇAS CULTURAIS
Autores/as: Patrícia da Silva, Solene Oliveira da Costa, Cláudia Marques de Oliveira e Sulamita Rosa da Silva
Introdução: Este artigo discute a violência simbólica contra imigrantes venezuelanos do povo Warao. Ele é parte de um estudo participativo que visa informar políticas para proteção desses refugiados indígenas. Buscou-se captar e descrever as percepções das pessoas Warao que se encontram como refugiadas na cidade de Rio Branco, no estado do Acre (Brasil). O artigo argumenta que existe um contexto de violência simbólica (Bourdieu, 1989) relacionado à assistência e acolhimento oferecido aos Warao pelo Estado brasileiro, isto é, um padrão de resposta da cultura dominante que opera em desacordo com as necessidades culturais, psicológicas desses refugiados como um povo indígena cujas práticas são historicamente construídas. A metodologia consistiu em uma abordagem qualitativa, sendo um estudo de campo realizado no antigo abrigo em que o grupo estava localizado, na Escola Campos Pereira, no bairro da Cidade do Povo em Rio Branco, no Acre. Foram realizadas entrevistas com as duas lideranças indígenas Warao, que têm melhor comunicabilidade na língua portuguesa. Neste artigo há uma delimitação da pesquisa realizada, restringindo-se às condições de trabalho e moradia. Duas vezes por semana – no período matutino de novembro de 2020 a janeiro de 2021 – realizamos visitas ao abrigo, subsidiadas pela concessão de transporte da Defensoria Pública do Estado do Acre. Entrevistas semiestruturadas foram conduzidas com a mediação e tradução das duas lideranças nomeadas como “caciques” – Aidamo, na língua Warao. Os demais integrantes do grupo pesquisado compreendiam pouco e falavam com dificuldade o português, contudo eram fluentes na língua Warao, e alguns, na língua espanhola. Inicialmente, a interação ocorreu com apoio de uma liderança indígena brasileira, que coordena a Organização de Professores Indígenas do Acre – Opiac. Essa interação criou uma abertura importante não só às lideranças, mas também aos mais velhos, que conversaram sobre necessidades, conhecimento, interação, respeito cultural e luta por direitos. Isso ofereceu acesso aos espaços mais íntimos de moradia e preparo da comida do grupo. Buscávamos compreender seus pontos de vistas e percepções, partindo da leitura de suas próprias realidades, sem imposições, respeitando suas vivências enquanto povo indígena venezuelano refugiado, cuja etnia possui significações culturais específicas. A seguir, focamos nas categorias de trabalho e moradia à luz de legislações e práticas de proteção adequadas aos refugiados indígenas.
USO DE TERMOS E CONCEITOS NA EDUCAÇÃO DAS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS
Autores/as: Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Mary Barbosa Eusébio e Kaliny Custódio do Carmo
Introdução: Este texto é referente à aula “Uso de termos e conceitos na educação das relações étnico-raciais”, Módulo I – Introdução à Educação das Relações Étnico-Raciais do Curso Racismos e Antirracismos na Infância. A aula teve o intuito de apresentar aos cursistas conceitos importantes para tratar a Educação das Relações Étnico-Raciais pois, para compartilhar conhecimentos, faz-se necessária a compreensão do que está sendo abordado. Os conceitos que partiram da perspectiva de Gomes (2005) serão aqui apresentados .
MULHER NEGRA NA ARENA PORNÔ- ERÓTICA DO PÓS-ABOLIÇÃO CARIOCA: EMBATES ENTRE O FEMININO GENTRIFICADO DO RIO NU E O FEMININO VIVIFICANTE DE GILKA MACHADO
Autora: Marina Vieira de Carvalho
Resumo: Essa pesquisa analisa o imaginário pornô-erótico sobre a mulher negra no pós-abolição carioca. Nessa ordem discursiva se confrontaram o que chamamos de “potências pornô- eróticas masculinas” – o periódico Rio Nu (1898-1916) – e “potências pornô-eróticas femininas” – a poesia de Gilka Machado. Tais produções, recorrendo a diferenciados significados para as performances de gênero - interseccionados por questões de classe e raça - criaram diferentes tipos ficcionais de mulher na disputa pela construção de uma sensibilidade erótica moderna. A irrupção da poesia erótica de Gilka Machado – mulher, afrodescendente e socioeconomicamente vulnerável -, transgrediu a própria tradição pornô-erótica ao alterar a condição feminina - de objeto para sujeito; bem como ao possibilitar outras representações para mulheres negras e pobres na alvorada da modernidade carioca.
VADIAGEM E CRIMINALIZAÇÃO: A FORMAÇÃO DA MARGINALIDADE SOCIAL DO RIO DE JANEIRO DE 1888 A 1902
Autora: Marina Vieira de Carvalho
Introdução: O advento da vadiagem como fator criminógeno, se articulou as transformações ocorridas na sociedade brasileira em sua conjuntura histórica de desenvolvimento do capitalismo dependente. A abolição da escravatura, o êxito rural o processo de industrialização, a urbanização entre outros processos, foram fatores que caracterizaram tal desenvolvimento. Sendo privilegiada nesta pesquisa o período de 1888 a 1902. O centro da cidade do Rio de Janeiro é o cenário escolhido para análise das conseqüências destes fatos, onde verificamos a gênese e a cristalização da marginalização da pobreza. Os objetivos abordados por esta pesquisa privilegiam: a dinâmica das relações sócio-produtivas que levam a gênese da marginalidade social, o processo histórico do qual resulta o aparecimento do “vadio”, o cotidiano dos supostos vagabundos; o modo como eram vistos pela sociedade; a forma pela qual o Estado se comunicou com estes; e a forma peculiar de inserção na nova divisão social do trabalho. Tal estudo se enquadra no domínio da história social, visto que sua problemática coloca em análise as ações dos homens comuns e os micro-conflitos sociais do cotidiano. A cristalização da ideologia dominante ofusca a percepção das tensões e dinamicidade provenientes da realidade histórico-social em que os conceitos são construídos. A escolha do vagabundo como objeto de análise deste estudo, torna-se significativa para a compreensão dos valores difundidos em nossa sociedade. Visto que, através deste novo criminoso criado pela acumulação capitalista, verificamos como o poder público atuou para o controle dos despossuídos dos meios de produção e como consolidou a ideologia que marginaliza os excluídos dos benefícios do sistema.
ANÁLISE DA DISCIPLINA DE HISTÓRIA DA ÁFRICA OFERTADA NOS CURSOS DE HISTÓRIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO ACRE
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Maria Rosana Lopes do Nascimento
Resumo: Este trabalho pretende fazer uma análise da disciplina de História da África, ofertada nos cursos de História da Universidade Federal do Acre – UFAC. Vários fatores contribuíram para pensar a disciplina de História da África, como o ano em que passa a ser ministrada, a partir de 2004, um ano após a lei 10.639/2003 entrar em vigor alterando o texto da Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB/1996, que obriga os “estabelecimentos de ensino fundamental e médio, oficiais e particulares, ministrarem assuntos referentes à História e Cultura Africana e Afro-Brasileira, entre esses conteúdos, lecionar História da África e falar da sua contribuição para a sociedade.” Desde 2004 os Projetos Políticos Pedagógicos dos cursos de História, Licenciatura e Bacharelado, sofreram algumas alterações, desde ementas, cargas horárias, exclusão de disciplinas e inclusão de outras, contudo a disciplina de História da África não sofreu nenhuma alteração no decorrer desses anos, o que não significa não ter sofrido mudanças na forma de ministração/abordagens e em suas situações de aprendizagens. Larkin (2008) nos traz evidências de que o primeiro homem migrou da África para outros continentes, deixando em cada homem na atualidade vestígios desse marco científico, no que diz respeito ao ensino de História, Bittencourt (2011) nos dá o suporte necessário para a discussão. Como metodologia utiliza-se a análise de Projetos Políticos Pedagógicos, conversas informais com outras professoras que já ministraram a disciplina e leituras bibliográficas. Ensinar história é perpassar temporalidades, não se deter a um só local de conhecimento, um só saber. Valorizar a História da África e seus sujeitos é manter viva uma história que faz parte de todos os continentes, assim como, dar visibilidade as primeiras civilizações e grandes reinos que a história europeia tentou apagar por séculos, sobretudo, contribuir para a formação de professores capazes de perceber a importância desse continente chamado “África”.
OS REFLEXOS DO PRECONCEITO NA ESCOLA E SUA INFLUÊNCIA NA APRENDIZAGEM DO ALUNO
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Navra Lima Braga
Resumo: Este texto é fruto do trabalho de conclusão do curso de Especialização Uniafro: Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola. A monografia foi realizada para investigar se existe ou não preconceito racial no ambiente escolar, mais precisamente na sala de aula, por parte dos professores, uma vez que esses estão diretamente ligados ao aluno e têm sobre eles, e sobre todo processo de ensino-aprendizagem. grande influência.
DISCURSO IMAGÉTICO: LEITURA DE REGISTROS FOTOGRÁFICOS DA PRESENÇA NEGRA NA AMAZÔNIA ACREANA
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Domingas de Souza e Silva
Resumo: O presente trabalho propõe-se a analisar o discurso imagético do negro na história do Acre, através de uma leitura de registros fotográficos da presença negra na Amazônia Acreana, tendo como foco principal uma análise sobre sua presença durante o primeiro surto da borracha como fator econômico e cultural. O referencial teórico-metodológico apoia-se, principalmente, nas reflexões de Benjamin (1993), Salles (1971), Sarlo (2007), e Gilroy (2001). As fontes de pesquisa centraram-se em registros fotográficos de arquivos disponíveis no Museu Universitário – Ufac. Como resultados parciais, espera-se sensibilizar e conscientizar para abertura de debates étnico-raciais dentro do ambiente escolar no 8o ano do Ensino Fundamental através de aplicação de uma oficina pedagógica para promoção de uma melhor qualidade na educação das relações étnico-raciais, com a participação de professores e alunos. Esperamos que ao término da realização da oficina o nosso objetivo seja alcançado com sucesso, levando todos os participantes a realizaram as atividades propostas com bastante responsabilidade e união entre ambos. Deste modo, o uso de registros fotográficos torna-se um alia- do de extrema importância que deve ser incorporado com mais frequência nas práticas pedagógicas, inclusive quando o conteúdo for referente a formação social da sociedade acreana evidenciando a expressiva presença do elemento negro na Amazônia acreana. - Pág. 127.
RAÇA, RACISMO E A GENÉTICA: O ESTUDO GENÔMICO NO COMBATE AO PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Elisámélia Evaristo de Almeida Barros
Resumo: Este trabalho tem o objetivo de abordar questões relacionadas à discriminação racial, mostrando que não existe fundamento genético que justifique qualquer tipo de ação racista na escola. O conceito de raça obedece a diversos parâmetros para classificar diferentes populações de uma mesma espécie biológica de acordo com suas características genéticas ou fenotípicas. Infelizmente este conceito tem seu campo semântico distorcido, sendo então utilizado para legitimar as relações de dominação e de sujeição entre classes sociais. A cor da pele é considerada como um critério fundamental entre as chamadas raças. Por esta e outras razões, o preconceito e a discriminação, conscientes e, às vezes, inconscientes ocorrem também na escola, entre alunos, funcionários e mesmo professores. Um grande passo na ciência foi no início dos anos 90 com o Projeto Genoma Humano, onde cientistas mapearam todos os nossos genes e determinaram com provas científicas que o ser humano possui uma só raça. Segundo a revista Agron, publicada em 2010, o Projeto Genoma revelou que os seres humanos são 99,99% idênticos do ponto de vista biológico, enquanto as diferenças genéticas são representadas por apenas 0,01% do DNA. Do ponto de vista genético, então, raças humanas são indiscutivelmente inexistentes. A solução para o racismo não está somente relacionada na negação das diferenças ou na abolição da ideia de raça, mas na luta por uma convivência das diferenças que sempre irão existir e devem ser tratadas de forma igualitária no meio escolar. Sendo assim, como enfrentamento ao racismo na escola, foi proposto um projeto para trabalhar com os alunos dos 8o anos um projeto de intervenção pedagógica, mostrando através do ensino da genética que não existe distinção racial entre os seres humanos, muito menos superioridade ou inferioridade racial, onde o primeiro passo será a visualização de alguns vídeos de curta metragem que denotem manifestações de racismo no meio que vivemos; em seguida, com a utilização de slides, será feita uma síntese do conceito biológico de raça, enfatizando como este termo foi distorcido, além de abordar sobre nossas origens africanas. Finalmente, cada aluno irá produzir sua árvore genealógica demonstrando como várias características fenotípicas podem ser manifestadas ou não por meio das gerações. Espera-se que esta intervenção pedagógica, através do uso de fundamentos genéticos na disciplina de Ciências faça com que nossos alunos reconheçam e valorizem suas origens biológicas, que estão intimamente ligadas às raízes africanas, assim ao se reconhecer como um afrodescendente entenderá que na realidade o que nos torna diferentes uns dos outros é nosso “olhar” discriminatório, imposto ao longo de vários séculos por uma sociedade intolerante, principalmente com relação à cor da pele, evitando dessa forma, situações de discriminação no ambiente escolar. - Pág. 128.
RESSIGNIFICANDO A PRESENÇA DE DANDARA A FACE FEMININA NO QUILOMBO DOS PALMARES E O 13 DE MAIO
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Elisámélia Evaristo de Almeida Barros
Resumo: O presente trabalho se propõe a analisar um tema fulcral no espaço escolar, tendo como destaque a resistência de Dandara, na luta contra as opressões dos negros que viviam no Quilombo dos Palmares e o que foi o 13 de maio. A base referencial teórico-metodológico se vale de Freitas (1984), Costa (2007) e Prado Júnior (2008). As fontes da pesquisa foram registros históricos contemplados em livros, filmes e documentários existentes. A oficina ocorreu em sala de aula com alunos do 3o ano do ensino médio do Instituto São José, através de atividades de sensibilização como leitura e estudos de textos, palestras, apresentação de vídeos ligados ao tema, aulas expositivas e apresentação de trabalhos em grupo. O objetivo principal foi evidenciar, refletir e analisar a invisibilidade da mulher negra e o significado do 13 de maio. Sabemos da escassez e déficit das escolas no que se refere a incluir a história da África e sua cultura no currículo escolar. E é nesse contexto entre desejos e compromissos, que buscamos em sala de aula, tornar visível uma história desconhecida, evidenciando a luta e a presença da mulher negra e o abandono do povo negro após a abolição da escravatura no Brasil. Pág. 133.
REVISITANDO O LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO BÁSICA ATRAVÉS DA LEI 10.639/2003
Autora: Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: Este projeto trata de um estudo do livro didático de História da Educação Básica, com uma perspectiva voltada para a Lei 10.639/2003, que obriga o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica. A importância desse estudo está em observar o nível de aplicabilidade da referida legislação, bem como compreender o tratamento dado ao sujeito negro neste material didático, usado de forma predominante no processo de ensino-aprendizagem, por fazer parte de uma política pública para as escolas. O objetivo deste trabalho é analisar a participação do negro no livro de História da Educação Básica nos últimos cinco anos e como a Lei 10.639/2003 tem influenciado a renovação do discurso a respeito desse sujeito. Para desenvolver este trabalho escolheu-se a coleção mais pedida pelas escolas brasileiras, por meio do Programa Nacional do Livro Didático, em sua última edição para o Ensino Médio, no ano de 2017, História, Sociedade & Cidadania, de Alfredo Boulos Junior, em suas duas edições, uma de 2013 e a outra de 2016. Estas edições foram analisadas em seus textos, imagens e conteúdos, numa comparação entre as duas edições e entre as edições e as orientações da Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana (2004). Sabe-se que nenhum livro didático é ingênuo, antes representa ideologias a serem ensinadas nas escolas (Bittencourt, 2009) e que o que é ensinado é resultado de uma forte disputa de poder entre grupos que buscam visibilizar suas histórias como mecanismo de dominação ou de libertação, no caso de culturas e histórias por muito silenciadas (Arroyo, 2015). Sendo assim, verificou-se pouca mudança de uma edição para outra, bem como muito de ideologia europeia a predominar nos conteúdos e nas abordagens de seus diferentes assuntos. Apesar dos 15 anos da Lei 10.639/2003 e dos 14 anos de suas diretrizes, pouco se tem acrescentado de história e cultura africana e afro-brasileira no livro didático em pesquisa, sobretudo no que diz respeito a conteúdos clássicos, que ainda são determinados por uma história do colonizador, deixando às margens ou mesmo silenciado, a história do povo negro para além de sua desumanização pela escravidão moderna. Acredita-se que trabalhos como este possam chamar a atenção da necessidade de reavaliar a escrita e a elaboração de materiais didático que possam trazer identidade e valores aos diferentes povos que compõe nossa nação, expressos em salas de aula, como alunos a espera de sua representatividade nos livros didáticos. Pág. 157.
EM FAVOR DA APLICABILIDADE DA LEI 10.639/2003 NAS ESCOLAS DE ENSINO BÁSICO DO ESTADO DO ACRE
Autora: Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: O trabalho aqui apresentado trata da busca pela promoção da igualdade racial nas escolas do Estado do Acre, por meio de proposta ao MEC do Curso de Especialização Uniafro: Política de Promoção da Igualdade Racial na Escola. Busca-se aqui registrar a importância deste programa que é de fornecer formação continuada para professores da educação básica, a fim de dotá-los de conhecimentos e capacidades que lhes possibilitem aplicar eficazmente o ensino de história e cultura africana e afro-brasileira nas escolas. Para isso, o curso conta com uma carga horária de 420h distribuída entre aulas presenciais, semipresenciais e à distancia, via ambiente virtual de aprendizagem; bem como elaboração de propostas de trabalho que insiram a Lei 10.639/2003 no ambiente escolar. Sabe-se que o fim da escravidão no Brasil não eximiu os negros da discriminação racial nem de suas consequências nefastas (SANTOS, 2005); entretanto, as diversas resistências dos africanos e de seus descendentes no Brasil, inclusive através do movimento negro, alcançaram grandes conquistas, como as educacionais, quebrando o silêncio da escola sobre as dinâmicas das relações raciais, já que silenciar sobre o tema não resolve, mas, ao contrário, permite um entendimento estereotipado do assunto (NASCIMENTO, 2006). Sendo assim, propõe-se a trazer para a Universidade Federal do Acre formação continuada para os professores da rede de ensino básico, a fim de que se alcance uma educação mais justa e democrática. Pág. 77.
ESTUDO DA PRESENÇA NEGRA NA HISTORIOGRAFIA ACREANA
Autora: Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Introdução: Como resultado de uma pesquisa de pós-graduação este texto objetiva estudar a apresentação do sujeito negro na escrita da história acreana por nossos autores através do estudo de obras selecionadas por terem grande importância, influência e alcance sobre a população acreana, inclusive sobre outros escritos historiográficos, contribuindo em muito para a formação do imaginário e da mentalidade de quem busca conhecer a história acreana. Pág. 439.
PRESENÇA NEGRA NA AMAZÔNIA
Autora: Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: No Brasil existem muitos estudos dedicados aos negros e aos seus descendentes, porém, na região Amazônica esses estudos ainda são pouco frequentes e no Estado do Acre menos ainda. Apesar da rica documentação (como registros carcerários e relatórios de cronistas e viajantes, por exemplo) e ainda ricas fontes orais e ficcionais sobre a temática, estas não têm sido exploradas, sobretudo com a justificativa de que não havia negros nesta região ou que sua presença era irrisória. Com o presente estudo buscou-se fazer um levantamento histórico acerca da presença negra na Amazônia, especialmente na Amazônia acreana, a fim de desfazer o mito discursivo de que no Acre não tem negros. Esta pesquisa tem como referencial teórico estudos de Gilberto Freyre, que nos traz o conceito da formação do povo brasileiro a partir das três raças, onde o negro se miscigena ao branco e ao índio. Esse estudo é muito criticado por Munanga que afirma que a miscigenação é apenas uma forma de anular o negro da nossa história; enquanto que outros autores como Bhabha e Canclini afirmam que não há cultura pura, mas apenas culturas híbridas. O levantamento bibliográfico em obras que investigaram essa questão foi o método utilizado para compor a pesquisa, que por fim nos mostra a ativa e fluente participação de escravos africanos e seus descendentes na história da Amazônia. Pág. 369.
PUBLICAÇÕES COMO AÇÕES AFIRMATIVAS NO NEABI/UFAC: UMA PRODUÇÃO EMANCIPATÓRIA E ANTIRRACISTA DE CONHECIMENTOS
Autor/a: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Maycon David de Souza Pereira
Resumo: O Movimento Negro Educador segue produzindo saberes outros que emancipam e articulam estudos acerca das questões étnico-raciais no Brasil (GOMES, 2017). Seguindo esta concepção, objetivamos apresentar as ações desenvolvidas por meio da Coordenadoria de Publicações do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre (Neabi/Ufac), para uma produção de conhecimento emancipatória e antirracista. Compreendendo a perspectiva teórica das Ações Afirmativas, que envolvem alternativas de inclusão social e distribuição de poder, objetivando acelerar o processo de reparação das desigualdades sofridas por parte de grupos socialmente vulneráveis (PIOVESAN, 2005; SILVA, MARÇAL E TRIGO, 2019). Dessa forma, as ações desenvolvidas nesta coordenadoria fazem parte de uma política que promove acesso e igualdade de acesso à publicação de trabalhos científicos relacionados à temática étnico-racial para pessoas negras e indígenas, desde a graduação à maior instância acadêmica. Para isto, foi desenvolvido uma pesquisa documental (LAKATOS; MARCONI, 2017) em documentos primários, escritos e/ou oficiais, bem como as publicações realizadas por esta coordenadoria, como fonte de coleta de dados. Assim, a Coordenadoria de Publicações tem desenvolvido trabalhos em torno do periódico científico “Revista Em Favor de Igualdade Racial (Refir)”, como 136 produções publicadas, bem como a publicação da “Coletânea Uniafro: Práticas Pedagógicas em Educação para as Relações Étnico-Raciais na Educação Básica”, além do livro “Racismos e Antirracismos nas Infâncias” (no prelo). Assim, contribuindo para a discussão acerca das temáticas étnico-raciais, promovendo reflexões acerca da História e Cultura Africana e Afro-brasileira, bem como a Educação das Relações Étnico-Raciais, o Antirracismo e em torno das temáticas que contemplam as diversidades dos povos indígenas, proporcionando espaços em que estes saberes sejam validados cientificamente e publicizados para contribuir na construção de uma ciência diversa e não eurocentrada. Pág. 37.
MULHERES NEGRAS EM MOVIMENTO: ATUAÇÃO FEMININA NO MOVIMENTO NEGRO ACREANO
Autor/a: Kaliny Custodio do Carmo
Resumo: O Movimento Negro Acreano, bem como outros movimentos sociais, possui muitos sujeitos e sujeitas, tornando-o plural. Dentre estes/as indivíduos/as, estão as mulheres negras, atuando de diversas formas. Esta pesquisa teve por finalidade mostrar a atuação das mulheres negras dentro do Movimento Negro acreano, especificamente da cidade de Rio Branco, além de identificar os desafios os quais elas enfrentam ou enfrentaram no decorrer de suas trajetórias. Para cumprir o que é proposto, este trabalho apoiou-se nas contribuições de Souza (2021), afirmando que o ato de descobrir-se negra vai além da comprovação do óbvio; Gomes (2017), na perspectiva do Movimento Negro brasileiro como um ator político capaz de dar visibilidade e representatividade aos grupos não hegemônicos e contra hegemônicos da sociedade e de Silva e Barbosa (1997), que aborda o movimento negro como agente que interfere nos processos pedagógicos e políticos escolares. A metodologia utilizada foi o estudo de referenciais bibliográficos, além da abordagem qualitativa, através de questionários on-lines, tendo como critério de seleção mulheres negras acreanas que fazem parte do Movimento Negro do estado. Com a pesquisa, foi possível constatar que, das 08 mulheres entrevistadas, o nome de 07 constam na criação de instituições/organizações que promovem um Movimento Negro educador, sendo elas: Associação de Mulheres Negras do Acre, Fórum Permanente de Educação das Relações Étnico- Raciais do Acre, Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre, Conselhos Municipal e Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial do Acre e Pastoral do Negro. Apesar da atuação em todas estas instituições/organizações citadas, estas mulheres ainda sofrem com o machismo dentro do próprio movimento, portanto, é necessário conscientizar acerca das questões de gênero nestes espaços, pois, infelizmente, o machismo ainda é estrutural nas relações, para que assim homens e mulheres negras/os possam lutar juntos em busca de igualdade racial. Pág. 32.
PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO FUNDAMENTAL I: FORMAS DE ABORDAGEM E APLICABILIDADE DA LEI N° 10.639/2003
Autor/a: Beatriz Domingos da Silva
Resumo: O presente artigo busca analisar os resultados parciais obtidos pelo laboratório de pesquisa Observatório de Discriminação Racial da Universidade Federal do Acre (ODR/Ufac) em sua pesquisa desenvolvida em algumas escolas de Rio Branco e Senador Guiomard, dentre os anos de 2018/2019. A pesquisa buscou dar visibilidade às práticas pedagógicas efetuadas por professores de algumas escolas rurais e urbanas da cidade de Rio Branco e Senador Guiomard, no estado do Acre, que desenvolvem métodos de ensino atendendo ao ensino de história e cultura africana e afro-brasileira na Educação Básica em escolas do ensino fundamental I. Contribuindo, assim, para promover igualdade racial no ambiente escolar, desenvolvidas por profissionais da educação com formação em educação das relações étnico-raciais, fundamentando a necessidade de se trabalhar cada vez mais sobre essa temática, dando visibilidade aos processos de institucionalização da Lei n° 10.639/2003. Pois percebeu-se, na sociedade, desde o princípio da ocupação do continente africano, o uso de pretextos, por parte do invasor, o europeu, procurando justificar em seus discursos e atos, o escravismo que ocorrera e se perpetuara por anos e consequentemente, ainda reflete nos dias atuais. Como metodologia foram utilizados questionários subjetivos e objetivos aos professores e aos gestores das escolas, além de uma roda de conversa com os alunos, podendo então se realizar uma análise qualitativa e quantitativa dos dados obtidos. O aporte teórico teve como base Gomes (2012), Serrano (2010) entre outros autores. Foi possível perceber práticas pedagógicas positivas com o uso de imagens, vídeos, falas sobre as histórias e culturas africanas, utilizadas como forma de contemplar a educação das relações étnico-raciais nas unidades escolares pesquisadas.
O PREPARO DE INGRESSANTES NO PIBID ATRAVÉS DA LEI 10.639/2003
Autores/a: Andrisson Ferreira da Silva, Paulo Alves de Azevedo e Cláudia Marques de Oliveira
Resumo: O presente trabalho trata de como a disciplina de Investigação da Prática Pedagógica ementada à Lei 10.639/2003, lecionada no terceiro período do curso de licenciatura em História no ano de 2018 na Universidade Federal do Acre – Ufac - proporcionou a discussão da história e cultura africana e afro-brasileira, encaminhando essas discussões para uma melhor atuação no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid). A importância deste trabalho está em analisar o aprendizado obtido pelos alunos através dos ensinos abordados em classe e a transmissão destes aprendizados. O objetivo é compreender o desenvolvimento de atividades com alunos do Ensino Fundamental II, onde foi introduzida a perspectiva da África como berço da humanidade e ampliado o assunto para as contribuições dos negros para a sociedade. A metodologia se deu através da leitura do referencial teórico, baseado, sobretudo, em Moore (2005) e Machado (2018), que possibilitou tratar sobre África com a perspectiva da colaboração do seu povo. Tem-se também por método a elaboração de questionários para obtenção de respostas voltadas ao aprendizado dos alunos com o recorte étnico-racial desenvolvido em classe. As análises apontam para a necessidade da ampliação da aplicabilidade da Lei 10.639/2003 na sala de aula, uma vez que, a mesma possibilita o processo do conhecimento de si. Espera-se com este trabalho verificar as ações pedagógicas praticadas em classe acerca do ensino da história e cultura africana e afro-brasileira, que reduz o eurocentrismo e amplia o conhecimento do continente africano, trazendo a valorização de suas raízes.
PANDEMIA(S) NA ERA DIGITAL: O NOVO CORONAVÍRUS E O VELHO RACISMO – A POPULAÇÃO NEGRA E INDÍGENA NO ALVO DA DISCRIMINAÇÃO RACIAL
Autores/a: Andrisson Ferreira da Silva e Paulo Alves de Azevedo
Resumo: A estruturação do racismo em seus níveis diversos foi capaz de atingir populações e inferiorizá-las de maneira a minimizar suas ações e existências. De acordo com Almeida os povos indígenas, historicamente, foram há muito subestimados e vistos como pacíficos no decorrer da colonização, como se vivessem sempre em função dos interesses alheios e, a partir de suas submissões passivas a interação com o sistema colonial lhe fazia menos índio. Assim se apregoou, inclusive, que suas tradições eram a-históricas, sendo descartados seus saberes ancestrais. Os povos indígenas, nesse sentido, são vítimas de um sistema colonial vigorante até o tempo presente a nível econômico e, principalmente, epistêmico. Suas lutas perpassam desde o tempo das malocas ao tempo dos direitos, contudo, isto não os isentou dos ataques às suas maneiras de viver, pelo contrário, as formas de propagação do racismo se tornaram mais sutis, condenando sorrateiramente suas línguas, territórios e diversos modos de vivências. As populações negras, nessa via de exploração dos inferiorizados, transportadas como mercadorias de diferentes partes da África, na categorização humana foram postas abaixo das indígenas. Para o filósofo martinicano Fanon o negro nunca havia sido tão negro desde a chegada do europeu no continente africano, este, por sua vez, foi alvo de grandes imposições e exploração dos regimes colonialistas europeus. Por essa ótica, a pandemia na era digital influenciou nos comportamentos virtuais. Vale destacar, o racismo já se faz presente na sociedade e em suas relações há tempos significativos e, na internet sua presença não é novidade ou produto da pandemia. A proposta parte justamente da percepção e da busca pela reflexão a partir das informações angariadas. As discriminações raciais e o racismo se mostram latentes quanto às matérias jornalísticas sobre negros e indígenas e suas vulnerabilidades econômicas ao novo coronavírus. A partir da pág.71.
A LINGUAGEM DO CORPO E DO CABELO NEGRO: DIÁLOGOS SOBRE IDENTIDADE NEGRA E A APROPRIAÇÃO DA CULTURA AFRO-BRASILEIRA
Autores/a: Andressa Queiroz da Silva e Mauricio dos Santos Lopes Júnior
Resumo: Os turbantes e penteados afros(tranças afros, o blackpower e dreadlocks) que outrora eram característico do cabelo da população negra por possuírem o cabelo crespo ou encaracolado e também símbolo de resistência e luta por ser fora do padrão de beleza liso, ganham destaque e aceitação no século XXI, entretanto, essa aceitação muitas vezes só é direcionada quando os estilos de cabelos anteriormente citados são usados por pessoas brancas. Assim, o presente estudo objetiva realizar diálogos acerca da apropriação cultural afro-brasileira, especificamente sobre o corpo e cabelo negro. Para alcançar tal objetivo utilizaremos para embasamento teórico Laraia (2009), Gomes (2006) e Amanda Braga (2014), entre outros. Chegamos à conclusão de que para compreendermos a apropriação cultural diante de um país multicultural como o Brasil precisamos compreender que apropriação é uma relação de poder e/ou colonização entre cultura inferior, dominada, negra, versus cultura superior, dominante, branca, analisados sob o ponto de vista coletivo, não individual.
HISTÓRIA DA BELEZA NEGRA NO BRASIL: DISCURSO, CORPOS E PRÁTICAS
Autoras: Beatriz Domingos da Silva, Érika Carolaine Siqueira da Silva, Liliana Piedade de Oliveira
Resumo: Na obra a autora busca analisar e compreender os vários discursos construídos pelo tempo, ao longo da história, sobre a estética do negro no Brasil, com embasamento no discurso das várias representações das “Vênus” que surgiram pela história. Com início no período escravocrata, passando pelo século XX até os dias contemporâneos. Tema voltado a questões étnico-raciais, onde entrará em pauta os discursos de eugenia que eram muito utilizados para dividir e supervalorizar um único grupo social, discursos esses presentes nos conceitos e estereótipos que foram sendo relacionados ao negro ao longo da história. A pesquisa traz como tema principal a análise das mutações desses discursos sobre a beleza estética do negro durante a história do Brasil, bem como os modos em que se formularam, além de retratar os discursos sobre o corpo do negro.
BATER CONTRA UMA “PORTA DE VIDRO”: POSSIBILIDADES PARA A CONSTRUÇÃO DE UMA IDENTIDADE BRANCA ANTIRRACISTA
Autora: Sulamita Rosa da Silva
Resumo: Esse estudo tem como objetivo abordar sobre as experiências de duas mulheres negras enquanto formadoras em cursos e oficinas sobre branquitude e racismo no Brasil, refletindo de modo teórico e prático como essas formações contribuem para a construção de identidades raciais brancas antirracistas, a partir da metáfora da porta de vidro (PIZA, 2002). Portanto, trabalharemos centralmente com o conceito de "invisibilidade" da branquitude, e como o se enxergar e se ver enquanto sujeito racializado constitui uma ferramenta potente para a formulação de uma identidade branca antirracista. Como metodologia, adotamos uma abordagem qualitativa apontando estudos bibliográficos utilizados nas formações tais como os de Cardoso (2010; 2020), Bento (2002), Kilomba (2019), Schuman (2012) entre outros autores. Além disso, as memórias referentes aos momentos das formações também foram enfatizadas, institucionais em que descrevemos sobre os pontos que mais se destacaram no decorrer dos encontros formativos, que contribuiram com conscientizações profundas sobre o significado de ser branco na sociedade brasileira. Como resultados, as formações para os participantes foram como bater com uma porta de vidro, visibilizando suas identidades raciais brancas.
O PROJETO DE PESQUISA SOBRE O PROGRAMA DE RESIDÊNCIA PEDAGÓGICA NO CURSO DE LICENCIATURA EM HISTÓRIA NA UFAC(2018-2020) COMO FERRAMENTA DE EDUCAÇÃO PARA AS RELAÇÕES ÉTNICO-RACIAIS NA FORMAÇÃO INICIAL DE PROFESSORES
Autora: Beatriz Domingos da Silva
Resumo: O presente trabalho busca dar visibilidade ao projeto de pesquisa em andamento, intitulado O Programa Residência Pedagógica na Licenciatura em História (2018 - 2020) como ferramenta de aperfeiçoar a formação inicial de professores para a educação das relações étnico-raciais. O Programa de Residência Pedagógica, que é uma das ações desenvolvida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – CAPES, busca preparar o licenciando durante a sua formação inicial, por meio de uma maior relação entre a prática e a teoria. Esta ação se assemelha com o objetivo da disciplina de Estágio Supervisionado que, segundo as Diretrizes Curriculares de 2015, é uma disciplina de componente obrigatório às licenciaturas, para promover uma melhor e mais eficiente articulação e interação do acadêmico com a realidade das escolas e salas de aula. Pág. 171.
UMA PROPOSTA DE LETRAMENTO RACIAL CRÍTICO E ANTIRRACISTA A PARTIR DA HISTÓRIA EM QUADRINHOS “OS SANTOS: UMA TIRA DE HUMOR ÓDIO”
Autora: Andressa Queiroz da Silva
Resumo: O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta de Letramento Racial Crítico e Antirracista utilizando o gênero História em Quadrinhos, mais especificamente a HQ “Os Santos: uma tira de humor ódio”, ilustrada por Leandro Assis e escrita pelo próprio ilustrador e pela ativista Triscila Oliveira. A HQ que é publicada semanalmente na rede social Instagram, na conta dos autores, tem tido um grande alcance no número de leitores e tem servido como uma fonte de debate e reflexão sobre temas como o racismo brasileiro, as desigualdades sociais (e raciais), além das opressões de raça e classe são retratados também de maneira interseccionada questões referentes à orientação sexual e de gênero. A narrativa mostra a vida de duas famílias, quase dicotômicas, uma branca de uma alta classe socioeconômica e outra negra e de uma classe socioeconômica baixa, formado majoritariamente por mulheres e mães-solo. Foi utilizado como referencial teórico Ferreira (2014,2015), Gomes (2005), Almeida (2018), entre outros. Metodologicamente trata-se de uma pesquisa bibliográfica, utilizando a análise da HQ a partir das perspectivas teóricas citadas anteriormente. Assim, consideramos que a citada HQ pode ser utilizada como um mecanismo que propicia um Letramento Racial Crítico e Antirracista diante dos temas explorados na narrativa.
MULTIMODALIDADE, DIALOGIA E RAÇA: DJONGADOR DAS PALAVRAS
Autora: Bruna Carolini Barbosa
Resumo: A linguagem, mais que estrutura ou mero instrumento de comunicação, está indissociavelmente implicada no/pelo social. Partindo dessa premissa, este trabalho tem como objetivo analisar um vídeo-post da página “Quebrando o Tabu”, intitulado “Vai falar que todo preto é bandido? Mentira! – Djonga lendo comentários”, em que o rapper mineiro Djonga responde perguntas de internautas sobre diferentes temáticas, tais como violência, raça, racismo e antirracismo. A análise é realizada à luz dos pressupostos teóricos bakhtinianos, sobretudo ao que concerne a dialogia constitutiva do discurso, neste caso, o discurso digital. Inicialmente, teorizamos acerca dos conceitos fundamentais ao trabalho; em um segundo momento, analisamos alguns segmentosdiscursivos do objeto, considerando sua multimodalidade. A discussão volta-se para o modo como são estabelecidas as relações dialógicas presentes e identificáveis nesta materialidade linguístico-discursiva, bem como para a constituição das categorias raça e racismo. As análises apontam para a compreensão de que o discurso é composto por uma trajetória ideológica de sentido, observável e desvelada nos gestos de interpretação, em que as dimensões sócio-históricas estão necessariamente implicadas.
OS VADIOS NA RESISTÊNCIA AO DISCIPLINAMENTO SOCIAL DA BÉLLE ÉPOQUE CARIOCA
Autora: Marina Vieira de Carvalho
Resumo: O presente tema tem como problemática a reação dos vadios as medidas intervencionistas do poder institucionalizado durante a primeira República, especificamente, o período de 1888 a 1906, época em que se deu a concretização do Código Penal de 1890, o qual estabelecia a contravenção da vadiagem, bem como as reformas urbanas higiênicas e a consequente disseminação do discurso de modernidade. A historiografia que versa sobre os "excluídos", os "marginalizados" do primeiro período republicano é bastante extensa, no entanto, o que se pretende com esse estudo é levantar alguns questionamentos sobre o suposto papel consagrado a esse segmento social.
ESCOLARIZAÇÃO DE NEGRAS E NEGROS NA AMAZÔNIA ACREANA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Autor/a: Jorge Fernandes da Silva e Elizabeth Miranda de Lima
Resumo: A presente pesquisa apresenta os resultados de uma revisão bibliográfica sobre a escolarização de negras e negros na Amazônia acreana. Foram utilizados como fonte de pesquisa os dados obtidos no Censo Escolar referente ao ano de 2019 e os dados referentes aos alunos cotistas ingressantes na Universidade Federal do Acre - UFAC, entre os anos 2013 a 2019. As bibliografias foram extraídas de uma dissertações no banco de dados do Programa de Pós-Graduação em Letras, Linguagens e Identidades - PPGLI, da UFAC, acompanhada de outras três dissertação do Programa de Pós-Graduação em Educação na mesma instituição. Foi também utilizada uma Tese do Programa de Pós-Graduação em Educação e Contemporaneidade - PPGEDUC, da Universidade do Estado da Bahia, além do censo da educação básica do Acre de 2019 e outras informações estatísticas extraídas das bibliografias pesquisadas. Em que pese o enorme histórico de exclusão escolar encontrado nas trajetórias escolares de negras e negros, até o início da primeira década do século XXI, após a implementação das leis de ações afirmativas especialmente com a implementação da Lei 12.711/2012, mais conhecida como lei de cotas raciais ampliaram-se significativamente as oportunidades de acesso da população negra na universidade na região da Amazônia acreana.
APLICABILIDADE DA LEI 10.639/03 NO PIBID HISTÓRIA UFAC: MÁSCARAS, ARTES E RITUAIS RELIGIOSOS
Autor/a: Jardel Silva França e Sandy Maria Gomes de Andrade
Resumo: Apoiado na lei 10.639/2003, que estabelece a obrigatoriedade do ensino de História e cultura afro-brasileira e africana na educação básica, este trabalho compartilha a experiência vivida durante o ano de 2016, no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID) do Curso de Licenciatura em História da Universidade Federal do Acre, cujo objetivo era a atividade de “Ensino com Pesquisa”, propondo a cada bolsista do PIBID elaboração de uma aula a partir de linhas de pesquisas indicadas no edital do referido projeto. Neste sentido, coube aos bolsistas procurar integrar os alunos da educação básica nas aulas, a fim de que os alunos participassem como sujeitos ativos do processo de ensino e aprendizagem. Desenvolveu-se as aulas na Escola Estadual Raimundo Gomes, havendo como temática as máscaras africanas dos povos Dan/Dã, Punu e Chokwe, tendo como finalidade, a compreensão da simbologia das máscaras nas vertentes da arte, cultura e religiosidade. A metodologia empregada nos encontros foram leituras e apreciações dos textos sobre a temática, produções textuais, análises de imagens e mapa político da África para situar os alunos das tribos em comento. Usamos como aporte teórico Mariza Peirano (2003), Simone Martins; Margaret Imbroisi (2016), Maristani Zamperetti (2010). Ao final do trabalho, as alunas receberam um caderno contendo seus trabalhos e reflexões realizadas durante o projeto e as máscaras por elas produzidas foram apresentadas no V Seminário PIBID história UFAC.
OS EFEITOS DA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/03 NO CURRÍCULO ESCOLAR
Autoras: Sulamita Rosa da Silva e Tânia Maria Rezende Machado
Resumo: A presença de mulheres negras nos espaços públicos é algo que ainda pode ser visto como casos específicos de sucesso escolar. Ser professora e negra, nestes meandros, é ocupar espaços que não lhes é próprio. É mesmo em meio a um lugar marcado pela eurocentrização patriarcal, resistir, persistir e construir legados. Diante desta abordagem, a presente proposta de pesquisa tem como objetivo geral analisar as trajetórias/percursos de professoras negras nos cursos de formação de professores da UFAC, identificando concepções de decolonialidade durante suas travessias e nas organizações curriculares de seus planos de ensino, como forma de contribuir para a formação de futuros docentes que visem uma prática educativa de fato crítica e emancipadora. Os procedimentos metodológicos consistirão na técnica snowball, ou cadeia de informantes, em que os próprios participantes indicarão outros sujeitos até atingir um ponto satisfatório das informações. Questionários e entrevistas semiestruturadas descrevendo os perfis socioeconômicos das docentes negras e suas histórias de vida respectivamente, bem como, as análises documentais para estudo dos seus planos de ensino serão realizados para efetivação deste estudo. Como referencial teórico, nos respaldaremos em autores como: Boaventura de Sousa Santos (2009), Costa e Grosfoguel (2016), Carneiro (2003), Costa (1995), Crenshaw (2002), Dubet (2001), Euclides (2017), Guimarães (1999), Hooks (1981), Quijano (2009), Ribeiro (2017, 2018), Scott (1995) entre outros, que subsidiarão as reflexões teóricas aqui levantadas. O presente estudo ainda está em construção, cujas contribuições esperamos que possam ser de suma significância para o combate de práticas sexistas, racistas e estereotipadas na academia.
A LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA PARA BEBÊS E CRIANÇAS PEQUENAS: UM CAMPO CONCEITUAL
Autoras: Sara da Silva Pereira e Lucimar Rosa Dias
Resumo: O objetivo deste artigo é discutir perspectivas conceituais a partir do panorama da produção de literatura infantil de temática africana e afro-brasileira. A metodologia implicou duas etapas, na primeira, realizou-se um levantamento criterioso no Catálogo de Teses e Dissertações da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) e, na segunda, analisou-se o relatório de pós-doutorado de Araújo (2017). Os descritores utilizados foram literatura infantil africana e recepção; literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira e recepção literária e criança; recepção literária e relações raciais; literatura infantil e recepção e usando as aspas: “Literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira e recepção literária e criança”. As discussões conceituais foram ancoradas, especialmente, na produção de Debus (2017), Rosa (2021) e Cuti (2010). Os resultados apontam que o campo está em processo de construção e há poucas pesquisas tratando da escuta de crianças pequenas sobre essa temática.
ENTRE COLOS E AFETOS: A HORA E A VEZ DOS BEBÊS NA LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA
Autoras: Sara da Silva Pereira e Lucimar Rosa Dias
Resumo: O trabalho teve como objetivo analisar os livros: Tanto, tanto (COOKE, 2008); É o aniversário do Bernardo (ROSA, 2015) e Cheirinho de neném (SANTANA, 2011), todos de literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira escritos por mulheres negras e que têm bebês negros como protagonistas. Identificamos como eles contribuem positivamente para a construção da identidade da criança negra com base nos estudos de Araujo e Dias (2019); Oliveira (2003); Debus (2017); Bernardes (2018). Os resultados mostram que estes livros são construídos por textos e imagens que coadunam com uma representação positiva dos personagens negros, apresentando-os de modo a valorizar a estética negra e afirmando a agência dos bebês como produtores de cultura quando protagonizam experiências próprias desta etapa da infância.
LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA DA CULTURA AFRICANA, AFRO-BRASILEIRA E LITERATURA INDÍGENA: ENCANTAMENTO, AFETIVIDADE E REPRESENTATIVIDADE
Autoras: Danilo Rodrigues do Nascimento, Sara da Silva Pereira e Leocardia Cristina Reginaldo da Cruz
Resumo: Desde a educação infantil – na socialização secundária, as crianças devem ser mediadas na construção de uma visão de mundo e de conhecimento por intermédio de elementos plurais, aprendendo a questionar e romper com diversas formas de dominação existentes em nosso meio, e com isso, tanto a literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira quanto a literatura indígena, são importantes aliadas nessa tarefa. Pág. 38.
INFÂNCIAS, EDUCAÇÃO INFANTIL, EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL E BNCC
Autoras: Sara da Silva Pereira, Francisca Lopes Pessoa, Joana Marques de Lima Saar Xavier e Rosamara Silva de Souza
Resumo: Os bebês, as crianças bem pequenas e as crianças pequenas são a razão da Educação Infantil; são protagonistas, sujeitos ativos e de direitos. A Educação Infantil atende à primeira infância, consubstanciada nas interações e nas brincadeiras como eixos estruturantes dessa primeira etapa da educação básica. Da Educação Infantil aos anos iniciais do Ensino Fundamental, as interações e brincadeiras são planejadas e pautadas pelo protagonismo das crianças de todas as faixas etárias. Na etapa da Educação infantil é relevante inserir nos planejamentos experiências antirracistas que promovam a valorização da diversidade humana. Foi com o propósito de auxiliar os (as) profissionais na construção de experiências voltadas à Educação das Relações Étnico-Raciais (ERER) que organizamos este módulo III: Infâncias, Educação Infantil, Educação Étnico-Racial e BNCC. Pág. 47.
ENTRE CURUMINS E ERÊS: VOZES QUE TECEM AS INFÂNCIAS
Autoras: Sara da Silva Pereira e Lucimar Rosa Dias
Resumo: O presente trabalho apresenta o resultado de uma prática pedagógica desenvolvida em um Centro Municipal de educação Infantil, localizado na região metropolitana de Curitiba. Trata-se de uma sequência de atividades realizadas com crianças de 4 e 5 anos, que teve por objetivo escutar crianças pequenas, compreendendo como elas significam outras crianças, presentes na literatura infantil. Para realizar a escuta dos meninos e meninas, consideramos a multiplicidade de infâncias e partimos da concepção de criança à luz da Sociologia da Infância, relacionada à educação das relações étnico-raciais e à literatura infantil. Embasadas em pressupostos que fundamentam esses campos, utilizamos como metodologia: a escuta das crianças nas rodas de conversas e de leituras, a produção de desenhos, utilizando diferentes tipos de suportes e riscantes e a composição com massinha. Pautadas em autoras como Debus (2017); Araujo (2017); Oliveira (2003); Dias (2007); Dorrico (2017); Coutinho (2016), selecionamos quatro obras para subsidiar o trabalho: Curumim (HAKIY,2018); Cada um com seu jeito, cada jeito é de um (DIAS, 2012); O menino Nito (ROSA,2008) e Foi vovó que disse (MUNDURUKU, 2015). Iniciamos a pesquisa em uma roda de conversa com as crianças e a partir da apresentação das capas dos livros perguntamos: Quem você vê aqui? Como você acha que ela/ele é?. Durante a conversa algumas crianças apresentaram representações estereotipadas em relação aos personagens indígenas. Depois foram realizadas as leituras das histórias oportunizando a elas a ressignificação de suas representações. Analisando as falas e produções das crianças, concluímos que elas apresentam pensamento estereotipado em relação aos povos indígenas, especialmente, acreditando que crianças indígenas só existiam em livros e mostram apreciação pelos personagens negros, representando de forma positiva suas características físicas, como cor de pele e cabelo e suas falas não demonstraram preconceito em relação a estes personagens. Conclui-se que: a literatura de temática da cultura africana e afro-brasileira tem sido mais presente nas experiências infantis e isso reverbera de modo positivo nas vozes das crianças; é necessário ampliar a presença da literatura indígena, compartilhando-a com as crianças e corroborando uma educação antirracista. Pág. 29.
ANCESTRALIDADE, AFETO E REPRESENTATIVIDADE NA CONFECÇÃO DE BONECAS NEGRAS
Autoras: Sara da Silva Pereira e Joana Marques de Lima Saar Xavier
Resumo: Qual criança nunca sonhou em ter uma boneca? Isso porque esse brinquedo tão antigo traz alegria para meninas e meninos de todo o mundo. Esse brinquedo é a representação simbólica do ser humano e ganha vida nas brincadeiras das crianças (infantis) que criam e recriam diversas situações (de seus cotidianos) que vivenciam. Assim, bonecas e bonecos assumem diferentes papeis (sociais) durante as narrativas imaginárias que são construídas nas brincadeiras das crianças: mães, pais, filhinhas e filhinhos, princesas, heroínas, professoras, amiguinhas e amiguinhos e muitos outros e outras que a imaginação permite criar. Ao brincar de boneca, a criança exercita o afeto e o cuidado, nos mostrando como elas recebem tais sentimentos e cuidados por parte dos adultos. Mesmo quando não possuem tal brinquedo, as crianças subvertem e dão vida às bonecas e aos bonecos das mais diversas formas: um graveto, uma tampinha, um tecido qualquer. Com isso, percebe-se que itens do dia a dia podem se transformar em uma boneca e ser mimada, acariciada, ninada. Pág. 41.
ENTRE SOLFEJOS ,VERSOS E RIMAS: OS BEBÊS E A LITERATURA INFANTIL DE TEMÁTICA DA CULTURA AFRICANA E AFRO-BRASILEIRA
Autoras: Sara da Silva Pereira e Cleidiane Colins Gomes
Resumo: Como um convite às reflexões aqui apresentadas, iniciamos este artigo dando ênfase às/aos personagens que compõem o conjunto de títulos analisados, todas/os crianças. Esta é uma pesquisa de abordagem qualitativa, do tipo bibliográfica e de natureza interpretativa, que teve por objetivo analisar obras contemporâneas de literatura infantil de temática da cultura africana e afro-brasileira (DEBUS, 2017), indicadas para crianças desde bebês. Para a pesquisadora Maria Cecília de Souza Minayo (1994), a pesquisa qualitativa trabalha com “motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis” (MINAYO, 1994, p. 22). A respeito dos procedimentos, optamos pela pesquisa bibliográfica para coleta de informações e para dar suporte às interpretações dos livros analisados. As pesquisadoras Fabiana Kauark e Fernanda Castro Manhães e o pesquisador Carlos Henrique Medeiros consideram que a pesquisa é bibliográfica “quando elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, material disponibilizado na Internet” (KAUARK; MANHÃES; MEDEIROS, 2010, p. 28). Assim, esse texto tem seu referencial teórico construído por meio da leitura e aprofundamento em artigos de periódicos, livros e dissertações e faz uma incursão na fundamentação teórica que aborda a literatura infantil e as relações étnico-raciais. A primeira seção explica o conceito, cunhado pela pesquisadora Eliane Debus (2017), utilizado para fazer referência a livros que apresentam personagens negras/os em seu bojo e que podem contribuir para a construção do repertório e para o sentido de pertencimento desde tenra idade, bem como a possibilidade destes fazerem parte de ações educativas que trazem em seu escopo a proposta das Leis 10.639/2003 e 11645/2008. Na segunda seção são elencadas quatro obras que se inserem na temática e que podem ser compartilhadas com as crianças desde bebês, bem como as análises das mesmas, que foram feitas à luz de pesquisadoras negras que se debruçam sobre literatura infantil e relações étnico-raciais. Dentre os resultados, concluímos que os livros analisados são constituídos por textos e imagens que coadunam com uma representação positiva das/dos personagens negras/os, valorizando a estética negra e afirmando a agência das crianças como produtoras de cultura quando protagonizam experiências próprias da infância.
FORASTEIRAS DE DENTRO: REFLEXÕES SOBRE A SOLIDÃO INSTITUCIONAL DE MULHERES NEGRAS NA DOCÊNCIA UNIVERSITÁRIA
Autoras: Sulamita Rosa da Silva e Tânia Mara Rezende Machado
Resumo: A problemática do presente artigo foi: como a solidão institucional reflete na vida de professoras negras universitárias, na condição de forasteiras de dentro? É importante ressaltar que as narrativas enunciadas pelas docentes estão em diálogo com as teorias feministas negras trabalhadas no decorrer de todo o texto. A seguir, explicitamos o conceito de solidão institucional para início das discussões sobre as mulheres negras, no qual enfatizamos as experiências vivenciadas pelas professoras entrevistadas, na condição de forasteiras de dentro. Pág. 277.
A LEI 10.639/03: REFLEXÕES SOBRE O CURRÍCULO ESCOLAR
Autoras: Sulamita Rosa da Silva e Maria Irinilda da Silva Bezerra
Resumo: Esta pesquisa tem como objeto de estudo a Lei 10.639/03 e sua influência no currículo escolar. Como objetivo pretendemos analisar o contexto histórico da Lei 10.639/03 e sua implementação no currículo de uma escola estadual do município de Cruzeiro do Sul/Acre. O presente estudo adotará uma abordagem qualitativa por meio do estudo bibliográfico e da análise documental no Projeto Político Curricular de uma escola da rede municipal do município de Cruzeiro do Sul, Acre, a fim de analisar se a história e a cultura afro-brasileira estão inclusas no currículo da escola pesquisada. Nosso embasamento teórico foi buscado nos seguintes autores: Banks (2006), Guimarães (2002), Oliveira (2006), Pinto (2002), Ponciano (2011), Seyferth (2002), Silva (2006), entre outros autores que apresentam estudos referentes ao tema em questão.
HISTÓRICO DO RACISMO NO BRASIL
Autora: Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque
Resumo: Falar de Racismos e Antirracismos na Infância requer inferências sobre as histórias e estórias que são contadas às nossas crianças; requer saber o “porquê”, o “como” e “com quais fins” acontecem essas narrativas. Em geral, ao pensarmos nas historietas infantis, lembramos de príncipes, princesas e bruxas, cujos estereótipos se constituem em torno desses, dos seus servos e escravos. A dualidade entre bons e maus, lívidos e opacos, bonitos e feios, cujos padrões estéticos e comportamentais binários configuram a falsa universalidade homogeneizante. Não há, nos contos infanto-juvenis, a problematização de quem são os ajudantes dos belos e dos malditos, tampouco há a explicação de onde surgem e porque aparecem em condição de inferiorização, massificando no imaginário coletivo a associação de nobreza as padronizações de beleza e ordenamento sociais europeus. Pág. 25.
CORPOS NEGROS COMO LUGAR DE MEMÓRIA: LEMBRAR É RESISTIR
Autora: Geovanna Moraes de Almeida
Resumo: Não é hodierno o fato de que sempre existiu um árduo empenho para a invalidação dos corpos negros. Mas, através da oralidade, como é o exemplo constantemente usado por Antonacci, existe de igual modo uma tentativa de positivação da negritude. Tentativa essa de resgate principalmente dos corpos, desses organismos sociais e humanos vivos, cheio de memórias. Os corpos negros que desafiam as verdades são estes que resistem a narrativas epistemológicas eurocêntricas, à colonialidade há muito tempo imposta nas ciências. São corpos que se desdobram e permanecem. Seguem carregando a força de sua afrodescendência. São lugares de memórias, sobretudo, vivos, para que ninguém os esqueça.
ANÁLISE FÍLMICA DO NEGRO EM TEMPO DE MATAR: UM OLHAR SOBRE IDENTIDADE E REPRESENTAÇÃO
Autoras: Bruna Carolini Barbosa, Letícia Jovelina Storto e Cláudia Maris Tullio
Resumo: A investigação deste trabalho tem como fundamento a Teoria das Representações Sociais, a partir de Moscovici (2004, 1978), e a Teoria Construção da Identidade, vinculada a Hall (2000, 1997), para analisar as representações dos afrodescendentes e a forma como auxiliam na (re)construção da identidade dos negros na obra cinematográfica Tempo de Matar (1996). Nesta pesquisa, compreendemos o cinema como uma prática discursiva que possibilita apreender modos de percepção e de representação da realidade social que constroem identidades e constituem sujeitos. O objetivo geral da pesquisa é verificar de que forma os estereótipos sociais, trazidos pelo senso comum ao longo da história, são representados no cinema, haja vista que este auxilia a constituir ou representar a visão que temos do mundo e dos papéis sociais. Pág. 200.
VARIAÇÃO LINGUÍSTICA E A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADE DE JOVENS INDÍGENAS NO MS
Autoras: Bruna Carolini Barbosa, Kleber Ferreira da Silva, Josiane Junia Facundo e Ana Lúcia de Campos Almeida
Resumo: O presente artigo objetiva analisar a variação linguística numa comunidade indígena da região de Dourados-MS. As análises são realizadas a partir de uma produção musical - “Eju Orendive” - e de uma entrevista com o grupo de Rap “Brô MC’s”, eventos registrados e disponíveis no Youtube. Embora de abordagem variacionista, a ênfase não está na quantificação, não se esgotando na quantidade de ocorrência dos fenômenos; caracteriza-se, portanto, como uma pesquisa de natureza qualitativo-interpretativista, sobre os índices de variação identificados no corpus. As bases teóricas que embasam a pesquisa partem dos estudos Sociolinguísticos e Sociológicos, ancorando as reflexões sobre identidade e variação linguística. Os resultados demonstram que as práticas sociais de jovens dessa comunidade são permeadas pelo uso da escrita, dando origem a formas híbridas de linguagem, expressas na sua arte e nos seus falares.
MANOELZINHO BATISTA SHANENAWA WATA WIRẼ: O ENCANTADO EXISTE
Autoras: Edilene Machado Barbosa, Eldo Carlos Gomes Barbosa Shanenawa e Miriane Braga Teles
Resumo: Este artigo registra a história oral de um indígena Shanenawa, que ficou várias horas dentro do Rio Envira por ter sido encantado. Esta narrativa esteve por anos guardada na lembrança dos moradores daquele período, sendo uma experiência contada desde o ocorrido, ou seja, há cerca de 50 anos. Assim, o registro dessas memórias representa o fortalecimento da cultura Shanenawa, o que tem sido feito também nas atividades do Centro Vakaynu, onde essa e outras histórias são repassadas, bem como os demais saberes da floresta e do povo. Como aporte teórico, utilizamos Lowental (1998), Zumthor (1997) e Vansina (2010), relacionando principalmente a oralidade e a memória com as práticas dos povos tradicionais para a transmissão de ensinamentos.
LEI 12.711/2012 NA UFAC: ESTUDO DO IMPACTO DAS AÇÕES AFIRMATIVAS ÉTNICO-RACIAIS NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO E PROGRAMAS DE PÓS-GRADUAÇÃO DO CCSD E CCBN DO CAMPOS SEDE ENTRE 2012 A 2020
Autoras: Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque, Lucas Nascimento Assef de Carvalho e Kennedy Felipe Alves da Silva
Resumo: Este artigo tem por intenção apresentar os resultados obtidos durante a execução do projeto PIBIC/PIVIC de iniciação científica da “Lei n° 12711/2012 na UFAC: estudo do impacto das Ações Afirmativas étnico-raciais sobre a produção acadêmica científica do Campus Sede entre 2012 a 2020”, orientado pela professora Nedy Bianca Medeiros de Albuquerque. O que se apresenta neste trabalho se refere às ações afirmativas dos cursos lotados no Centro de Ciências Biológicas e da Natureza (CCBN) e no Centro de Ciência, Saúde e Desporto (CCSD). A pesquisa visou contribuir com a revisão da Lei n° 12711/2012, tendo como recorte a Universidade Federal do Acre. Para tanto, o projeto foi dividido em dois anos, sendo o primeiro assentado em cinco etapas em que foram realizados encontros de orientação e debates da bibliografia, levantamento de informações junto ao Núcleo de Registo e Controle Acadêmico e divisão dos bolsistas em equipes de trabalhos para coleta de dados e sua tabulação. Já no segundo ano, realizou-se os registros constituídos das informações coletadas e listadas em planilhas Excel em que se contabiliza um total de 1604 cotistas ingressantes nos cursos do CCBN e 1440 nas graduações do CCSD. Posteriormente, foi realizada a organização dos discentes para apresentação dos resultados obtidos em eventos acadêmicos internos e externos. A metodologia de trabalho parte de uma investigação interdisciplinar, documental e descritiva, tendo como referencial teórico o que foi construído a partir de Munanga (2015), Silva e Borba (2018), dentre outros.
ANÁLISE DA MEMÓRIA INDÍGENA NO LIVRO DIDÁTICO DE HISTÓRIA DO ACRE E O USO DA ORALIDADE
Autoras: Flávia Rodrigues Lima da Rocha e Michele Lima Andrade
Resumo: O trabalho aqui apresentado é fruto do Projeto de Extensão Revisitando o Currículo de História do Acre da Educação Básica através da História Oral, que tem como intuito inserir/ampliar o uso da história oral no ensino de História do Acre da Educação Básica, especialmente no segundo segmento do Ensino Fundamental, a fim de fazer com que os alunos sejam não apenas receptores do conhecimento, mas também produtores e atuantes no processo de produção deste, transformando-os em seres ativos e construtores de conhecimento histórico, levando-os a compreender que o homem é o autor de sua própria história. Este projeto se divide em oficinas que tratam deste tema para ampliar também o debate sobre ele; bem como em sequências didáticas, desde a elaboração em conjunto com as escolas que participam dele até a aplicação das mesmas nestas escolas com acompanhamento de toda a equipe no desenvolvimento destas sequências. Pág. 65.
NEGRAS ESCREVIVÊNCIAS, INTERSECCIONALIDADES E ENGENHOSIDADES: MOVIMENTOS NEGROS, PENSAMENTO, HISTÓRIA E RESISTÊNCIAS
Autoras/es: Flávia Rodrigues Lima da Rocha, Paulo Vinicius Baptista da Silva e Rita de Cássia Moser Alcaraz
Resumo: O título deste livro, Escrevivências, interseccionalidades e engenhosidades: movimentos negros, pensamento, história e resistências expressa a expectativa gerada para a Educação das Relações-Étnico Raciais e para o Ensino de História e Cultura Afro Brasileira e Africana antes da sanção da Lei de 2003. A possibilidade e sanção da Lei de 2003 só foi possível pela reivindicação histórica da ancestralidade de povos tradicionais organizada pelos movimentos negros e por acadêmicos negros. De forma relacional referenciar um trecho da mitologia Yorubá na epígrafe desse terceiro livro é lembrar que a essencialidade está no cultivo da memória, no berço e nas origens como território sagrado.
ENTRAVES E PERSPECTIVAS NA IMPLEMENTAÇÃO DA LEI 10.639/2003 NA AMAZÔNIA ACREANA APÓS DUAS DÉCADAS DE SUA APROVAÇÃO 2003 A 2023
Autoras/es: Ângela Maria Bastos de Albuquerque e Jorge Fernandes da Silva
Resumo: O artigo analisa os avanços e retrocessos na aplicabilidade da Lei 10.639/2003 nas formações deprofessores para educação básica na Amazônia acreana. Resgatamos os princípios das Resoluções CNE/CP no 1, de 17 de junho de 2004 e, da Resolução CNE/CP no 2, de 1o de julho de 2015 que regulamentam a institucionalização do ensino da história e cultura afro-brasileira nos cursos de formações de professores nas IES. Consubstanciamos esse conjunto de leis sob a ótica teórica de Almeida (2019) e Araújo (2021) no contexto de outras bibliografias produzidas em nível local e nacional. Compreendemos a importância dessas legislações nas vivências e experiências de pessoas negras ao tempo que reconhecemos os esforços de docentes comprometidos(as) com a temática porque a mesma não foi plenamente institucionalizada nas IES do Acre.
ESCREVIVÊNCIAS E RESISTÊNCIAS: UMA ANÁLISE EM CONTOS AFRO-BRASILEIROS DE CONCEIÇÃO EVARISTO E ELIZANDRA SOUZA
Autoras/es: Joely Coelho Santiago, Rosália Aparecida da Silva e Iza Reis Gomes
Resumo: Este estudo tem como objetivo geral analisar, nos contos "Olhos d' Água" e "Ayoluwa, a alegria de nosso povo", da autora Conceição Evaristo (2016), e "Afagos" e "Antes que as águas da cabaça sequem..." da autora Elizandra Souza (2020), estratégias de resistência nas tramas construídas pelas autoras a partir de escrevivências que se interligam e se misturam ao longo da obra, tecidas em contextos de periferia e no matriarcado negro. Justifica-se, este estudo, mediante à possibilidade de vislumbrar narrativas de autoras afro-brasileiras que constroem textos literários a partir do que viveram, viram e/ou ouviram. Para isso, utilizamos o conceito de Escrevivência cunhado por Conceição Evaristo como ponto de partida para a análise das narrativas. A pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa perpassou pelos seguintes teóricos numa perspectiva decolonial e literária: Antonacci (2014), Evaristo (2016, 2020), Fanon (2008), Gomes (2002, 2008), Hall (2011), Hampaté Bâ (2010), King (2015), Quijano (1999) e Theodoro (1996). Espera-se ao final do estudo, registrar vivências da mulher negra e estratégias de resistência para sobrevivência, em meio a tentativas hegemônicas de silenciamento, opressão e pagamento da cultura, estética e ancestralidade negra.
FRONTEIRAS SIMBÓLICAS ENTRE UMA EDUCAÇÃO TRADICIONAL HUNI KUĨ E EDUCAÇÃO ESCOLAR HUNI KUĨ
Autor: Ian Costa Paiva
Resumo: Analisaremos neste estudo alguns dos processos de (re) existência do povo Huni Kuĩ, localizados hoje no estado do Acre, objetivando compreender as múltiplas formas que versam sobre as relações de transferência de saberes e fazeres ancestrais do povo, ainda como os fenômenos sociais e econômicos que giraram em torno do apagamento destas memórias outras, bem como a sistematização curricular em um Plano Político Pedagógico, através do projeto Uma Experiência de Autoria, de 1983, em prol da retomada de seus milenares saberes, onde tiveram suas histórias marcadas por inúmeros conflitos entre seringalistas e fazendeiros ocasionando um epistemicídio (Carneiro, 2015) vivenciado por essas múltiplas identidades indígenas. Este artigo decorre do trabalho científico de uma pesquisa que envolve práticas metodológicas consistentes em análises documentais, e ainda a realização de entrevistas alicerçadas pela História Oral. O povo Huni Kuĩ, etnia originária sendo a mais populosa do estado do Acre, com 12 terras indígenas e 104 aldeias, habita um espaço territorial que vai do leste peruano à fronteira com o Acre, compreendida nas cabeceiras dos vales dos rios de cinco municípios do estado do Acre, são eles: Marechal Thaumaturgo, Santa Rosa do Purus, Jordão, Feijó e Tarauacá.
PANORAMA CONCEITUAL E HISTÓRICO DA LEI N° 10.639/20003
Autoras: Andressa Queiroz da Silva e Flávia Rodrigues Lima da Rocha
Resumo: Para compreender o tema da Educação das Relações Étnico-Raciais é necessário, primeiramente, re-aprender conceitos básicos, como: raça, etnia, preconceito, racismo, racismo científico, discriminação, estereótipo, miscigenação, branquitude, mito da democracia racial, meritocracia, as categorias do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE da autodeclaração de cor/raça (preto, pardo, amarelo, indígena); além de apreender outras definições, como: colorismo, maioria minorizada, representação, representatividade; e, por fim, aprender sobre a lei n°. 10.639/2003, desde os movimentos negros até a Conferência de Durban, em 2001, e posteriores ações. Para tanto, sugere-se como texto-base o artigo “Alguns termos e conceitos presentes no debate sobre as relações raciais no Brasil: uma breve discussão” da Profa. Dra. Nilma Lino Gomes, além das contribuições de referências como Hall (2016), Cardoso (2010), IBGE (2019), Santos (2020), Munanga (2004), entre outros.
PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DE MULHERES NEGRAS: CANDIDATAS DA ASSOCIAÇÃO DE MULHERES NEGRAS DO ACRE NO PLEITO ELEITORAL DE 2022
Autora: Amanda Silva Alves
Resumo: Este trabalho examina a participação política das mulheres negras nas eleições de 2022, especificamente as candidatas da Associação de Mulheres Negras do Acre. Abordando a interseção entre gênero, raça e política, o estudo revela complexidades intrincadas que essas mulheres enfrentam. Primeiramente, explora-se como elas navegam pela interseção de gênero, identidade e igualdade, desafiando normas patriarcais e estruturas discriminatórias. Em seguida, analisa-se o impacto da participação política das mulheresnegras ao confrontar as barreiras raciais historicamente arraigadas, promovendo uma representação autêntica e diversificada. Por fim, através das narrativas das candidatas, o artigo destaca a resistência e a luta das mulheres negras ao longo da história, construindo um legado de empoderamento. O estudo ressalta a relevância da interseccionalidade na compreensão dessas experiências, evidenciando que a luta não é singular, mas uma jornada complexa e multifacetada. As mulheres negras transcenderam as limitações impostas pela marginalização de gênero e raça, tornando-se agentes ativas de mudança política. Suas narrativas políticas ecoam vozes silenciadas e inspiram futuras gerações a desafiar sistemas de opressão. Em última análise, essa participação política transcende as eleições, moldando um futuro mais inclusivo e igualitário. O estudo conclui que a contribuição das mulheres negras para a política é fundamental para uma sociedade mais justa e representativa e que a análise dessas trajetórias políticas serve como um lembrete do trabalho ainda a ser feito para superar desigualdades sistêmicas e construir um espaço político verdadeiramente inclusivo e equitativo.
PROJETOS DE LETRAMENTO: PRAXIOLOGIAS DECOLONIAIS PARA FORMAÇÃO ANTIRRACISTA DE PROFESSORES DE LÍNGUA
Autora: Bruna Carolini Barbosa
Resumo: Este artigo visa socializar parte de uma pesquisa qualitativa em que foi desenvolvido um Projeto de Letramento que se destaca pela integração entre o letramento do professor e a decolonialidade (Kleiman, 2005, 2007, 2010; Marques, 2016; Mignolo, 2008). Especialmente focado na formação crítica e antirracista de professores de línguas, o projeto desafia a suposta neutralidade ideológica nas práticas educativas, defendendo a necessidade de uma nova epistemologia que subverta a opressão racial e cultive a justiça social, alinhando-se aos postulados de Pennycook (2001). De abordagem qualitativa e natureza aplicada, este trabalho emprega uma metodologia que se volta à análise de eventos de letramento. Nestes eventos, foram empregados dispositivos de formação, como os Círculos de Cultura (Freire, 2019a) e Diários de Leitura, que estimulam a reflexão crítica sobre racismo e identidade racial. Essa reflexão é fundamental, pois o projeto evidenciou que a integração dessas práticas de letramento, com ênfase na reflexão sobre questões raciais sob uma lente decolonial, contribui de maneira efetiva para a transformação de educadores em formação. A pesquisa revelou a importância de desenvolver uma consciência crítica entre os futuros educadores, principalmente no que tange ao racismo estrutural e à reflexão sobre suas próprias posições dentro deste contexto. Desta forma, conclui-se que a incorporação da praxiologia decolonial ao letramento do professor não é apenas vital para uma formação que busque equidade racial e justiça social, mas também serve como um instrumento desafiador dos padrões sociais hegemônicos, promovendo, assim, uma educação transgressiva.
EDUCAÇÃO PARA RELAÇÕES ÉTNICO RACIAIS EM GEOGRAFIA: IDENTIFICAÇÃO DE ALGUNS ASPECTOS PRESENTES NO CURRÍCULO DE REFERÊNCIA ÚNICO DO ACRE DA ÁREA DE GEOGRAFIA DO ENSINO FUNDAMENTAL II
Autoras: Karolayne Almeida de Souza e Lucilene Ferreira de Almeida
Resumo: O objetivo desse trabalho é discutir como a Geografia pode contribuir para o desenvolvimento do ensino a respeito da diversidade racial, mais especificamente, o ensino da história e cultura dos afro-brasileiros e indígenas a partir do que é assegurado na Lei n.o 11.645/2008, traçando um paralelo com a análise do Currículo de Referência Único do Acre no componente curricular de Geografia, anos finais do ensino fundamental, com o intuito de identificar como essa temática é proposta no currículo dessa disciplina. A partir dos apontamentos feitos sobre a educação das relações étnico-raciais em Geografia é possível afirmar que a disciplina tem instrumentos necessários, de acordo com as temáticas que aborda, para a promoção, junto a outras áreas do conhecimento, da educação para as relações étnico raciais. No Currículo de Referência Único do Acre, os objetos de conhecimento que dão margem para abordar a temática étnico-racial, encontram-se evidenciados de forma ampla. Os que estão mais específicos encontram-se no quadro organizador curricular do oitavo ano, a partir da temática sobre o continente africano. Dessa forma, entende-se que o professor de Geografia, mais atento as questões étnico-raciais e empenhado na educação que envolva desenvolver relações étnico-raciais positivas e respeitosas, trabalhará de forma aprofundada essas temáticas no ambiente da sala de aula.
O ZONEAMENTO ESCOLAR NA CIDADE DE RIO BRANCO: INDICADORES EDUCACIONAIS E DESIGUALDADES SOCIOESPACIAIS
Autora: Lucilene Ferreira de Almeida
Resumo: Apresentamos a análise realizada sobre o Zoneamento Escolar em Rio Branco, capital do estado do Acre, articulando o desempenho educacional com o contexto socioespacial, que caracteriza os bairros ou regionais da cidade. O objetivo é identificar e relacionar o contexto espacial intra e extraescolar e os resultados educacionais de cada zoneamento. O texto apresenta uma das etapas de uma pesquisa maior, com articulação entre sociologia da educação, geografia e educação. Os resultados foram construídos a partir: da caracterização geral dos zoneamentos escolares, no contexto da cidade; coleta, tratamento de dados e análise de indicadores educacionais por zoneamento; análise do desempenho educacional e relação com as características socioespaciais. Entre os indicadores educacionais, trabalhamos com: Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), Seape/AC (Sistema Estadual de Avaliação da Aprendizagem), Indicador de Nível Socioeconômico (Inse), Indicador de Adequação da Formação Docente da Educação Básica e Índice de Condições Materiais das Escolas. Os resultados da pesquisa evidenciaram que os melhores desempenhos estão no zoneamento onde há maior concentração de bens e serviços, infraestrutura urbana e melhores rendas, reforçando a hipótese que escolas localizadas em áreas mais privilegiadas da cidade, cujos alunos possuem melhores condições socioeconômicas, tendem a ter melhores desempenhos educacionais.
RACISMO E POVOS INDÍGENAS NO BRASIL: UMA REVISÃO DE ESCOPO
Autoras/es: Kathllen Kendra Rocha Silva, Marcus Eugênio Oliveira Lima e Patrícia da Silva
Resumo: A interação social entre o “homem branco” e os povos indígenas ocorreu seguindo um padrão colonial racista, que continua reverberando atualmente. O processo de colonização inoculou o vírus racista nas células da nossa sociedade, com sucessivas mutações e se adaptando a novos contextos. Não obstante a flexibilidade e as persistências históricas do racismo contra os povos originários, esta é, ainda, uma temá-tica pouco pesquisada no Brasil. Este trabalho apresenta uma revisão de escopo literário sobre o racismo contra povos indígenas. Especificamente, são identificadas as teorias que focam o fenômeno, analisando suas formas de expressão e verificando as possibilidades de investigação e intervenção sobre o tema. A busca na literatura foi feita nas bases de dados da Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, American Psycological Association, Biblioteca Virtual em Saúde, Periódicos Capes e SciElo, usando os termos “racismo and indígenas” ou “racismo and índios”. Foram localizados três Teses/Dissertações e sete artigos, sendo apenas um deles empírico. Os resultados encontrados indicam que o tema é pouco abordado e dis-perso; analisado por uma grande diversidade de áreas, que focam diferentes formas de expressão do ra-cismo com pouco aprofundamento conceitual e empírico. Esta pesquisa se conclui salientando a necessi-dade de novos estudos, haja vista a demonstração da sua importância para que a ciência não reproduza atitudes racistas e de invisibilização contra os povos indígenas.
RIO DA MEMÓRIA: UM MERGULHO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO NO LIVRO “HISTÓRIA AFRO-BRASILEIRA E INDÍGENA”
Autores: Danilo Rodrigues do Nascimento e Jardel Silva França
Resumo: Este texto, metaforicamente, seguirá o caminho de um rio-memória, começando por suas nascentes, onde surgem as primeiras ideias e inspirações. Nas nascentes de nossos estudos, encontramos o pontapé inicial derivado de nossas experiências em sala de aula e na Residência Pedagógica de Ensino de História na Universidade Federal do Acre (Ufac). Essas ações iniciais são como pequenas correntes de água que, ao se unirem formam um fluxo contínuo e crescente de questionamentos e objetivos.
UNIÕES INTER-RACIAIS EM PESQUISAS NA AMAZÔNIA ACREANA: OUTROS ESPAÇOS DE SIGNIFICAÇÕES
Autoras/es: Ângela Maria Bastos de Albuquerque e Jorge Fernandes da Silva
Resumo: O artigo é uma revisão bibliográfica sobre uniões inter-raciais em trabalhos de pesquisas no Acre. O objetivo foi mapear e problematizar as narrativas sobre uniões inter-raciais identificadas em bibliografias sobre negros(as) no Acre. Foram usadas as teorias de Bhabha (1998) e de Bastide & Fernandes (1959). Os resultados indicam que embora os registros sobre uniões inter-raciais sejam recorrentes em pesquisas primárias, não foi localizada nenhuma com essa temática como objeto de pesquisa.