Trajetórias de negros e negras no estado do Acre: das metamorfoses socioespaciais às lutas contemporâneas

Orientadora: Profa. Dra. Maria de Jesus Morais

A presente dissertação analisa as metamorfoses socioespaciais nas trajetórias de negros e negras no estado do Acre, desde as primeiras migrações, até às lutas contemporâneas. O objetivo central da pesquisa foi investigar as trajetórias de negros e negras no Acre, analisando as metamorfoses socioespaciais/socioeconômicas ocorridas nesse percurso, a partir das construções de raça, racismo, preconceito e discriminação como rugosidades do espaço geográfico. Nos objetivos específicos investigamos o processo geo-historiográfico sobre os espaços de lutas construídos por negros e negras na formação social brasileira, desde o período escravista, até a contemporaneidade. No segundo, buscou-se compreender as questões étnicoracias negras a partir da leitura socioespacial nas produções bibliográficas de Milton Santos. No terceiro, a intenção foi caracterizar e discutir as produções bibliográficas sobre negros e negras, desde o silêncio fundador, nos primórdios da formação do Acre, até as releituras desse apagamento com as pesquisas realizadas na contemporaneidade. No quarto objetivo foi analisar e compreender como se deram as trajetórias escolares, trabalhistas e ocupacionais, de negras e negras no Acre, correlacionando com as variáveis: racismo, preconceito e discriminação. Para sustentação teórica foram utilizados principalmente os seguintes livros de Milton Santos: “Metamorfoses do espaço habitado” (1988. O livro “O país distorcido: o Brasil, a globalização e a cidadania” (2002), no capítulo publicado por Milton Santos com o título: “Ser negro no Brasil hoje”, e o livro: “O espaço da cidadania e outras reflexões”, (2011) utilizado especialmente nas descrições, discussões e análises. Nas estratégias metodológicas foram realizados registros geo-históricos desde o período escravista, passando pelos períodos pré e pós-abolição, até as lutas e embates pela integração de negros e negras na sociedade de classes. Registramos um levantamento das produções bibliográficas de negras e negros no Acre, além de dez entrevistas com negras e negros de nove municípios acreanos. Nos resultados alcançados é possível afirmar que as oportunidades de acesso e permanência na escolarização formal foram bastante restritas, principalmente na gênese migratória. Apesar da maioria ter sido atraída pelo corte do látex, ou da seringa, após o ingresso de negros e negras no Acre, surgiram novas vertentes de possibilidades de ocupações, a exemplo, o trabalho militar, no funcionalismo público acreano, além de ocupações autônomas. Constatamos o quanto negros e negras militaram pelas causas sociais e políticas no Acre principalmente após a década de 1970. Também identificamos ao menos três fatores relevantes nas trajetórias das mulheres negras e dos homens negros entrevistados(as) na presente pesquisa: o quanto a influência da religião (Católica e Protestante), e da disciplina militar interferem diretamente nas trajetórias e nas metamorfoses socioespaciais, como também nas lutas contemporâneas. A terceira é a assimilação e normatização das práticas influenciadas pelo mito da democracia racial.

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PESQUISA CONCLUÍDA!