Livro Racismos e Antirracismos nas Infâncias

Esta obra “Racismos e antirracismos nas infâncias” é resultado de um curso homônimo, promovido pelo Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas da Universidade Federal do Acre, em 2021, destinado especialmente a profissionais da educação que trabalham com crianças, no intuito de pensar e construir propostas de Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER) para as infâncias.

O curso e a obra construída a partir dele foram pensados por educadoras negras, estudiosas em ERER, a partir da compreensão da necessidade de romper com o histórico racismo que violenta nossas crianças de uma forma cruel e tácita, deixando-as muitas vezes sem reação e levando essas crianças a rejeitarem suas identidades negras e indígenas, visando inserirem-se no sistema da branquitude que regulamenta a sociedade, inclusive as relações, e exclui quem não pertence e quem não se adequa a ele. Esse curso foi uma resposta ao racismo sofrido pelas crianças indefesas que fomos um dia, no intuito de que cada vez menos crianças sejam desumanizadas em suas identidades e raízes não europeias, sejam elas crianças negras ou indígenas.

A obra foi organizada de forma coletiva e sem ônus, em um esforço conjunto para que o conhecimento produzido no curso possa ser compartilhado de forma democrática, acessível e gratuita a todas as pessoas. Este livro contou com uma parte introdutória que discute conceitos relacionados à ERER, produzida pelas/os palestrantes que contribuíram com o curso. Posteriormente, tem-se as propostas pedagógicas das/dos participantes do curso, fundamentadas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para a Educação Infantil. A obra contou com uma equipe de logística que organizou os textos, com um conjunto de pareceristas que contribuiu com sua construção conceitual, um grupo de revisores/as de língua portuguesa, que qualificou ainda mais os textos para a publicação e também contou com uma equipe de produção artística que merece um texto à parte, explicitando como as artes foram pensadas e criadas.

É importante dizer que a beleza desta obra é fruto da riqueza que foi a formação da qual é produto. Formação esta que contou com estudiosas/os extremamente comprometidas/os com 10 uma educação antirracista, tanto em sua organização quanto como palestrantes e, ainda, como participantes. O curso, que foi concluído com 110 participantes, contou com pessoas de todas as regiões do país, trazendo uma diversidade para a composição das propostas de práticas pedagógicas que compõem esta coletânea. Além disso, o curso contou com professores/as de Educação Infantil e dos Anos Iniciais, bem como educadores/as de outras áreas do conhecimento, mas igualmente comprometidos/as com a luta pela promoção da igualdade racial nas escolas. Alguns e algumas participantes eram vinculados/as ao sistema de gestão de seus municípios, de forma que cada participante foi também uma semente que já tem germinado, crescido, florescido e frutificado no lugar em que está plantado, tornando-se não apenas produtor/a de conhecimento, ora sistematizado nesta obra, como também uma pessoa multiplicadora destas aprendizagens em seu cotidiano.

Enfim, a obra Racismos e Antirracismos nas Infâncias foi pensada para que pessoas indígenas, negras, amarelas e brancas possam se reconhecer como sujeitos/as valiosos/as em suas identidades, histórias e culturas e possam assim somar forças na construção de uma sociedade mais justa e democrática. Além disso, constitui-se como uma valiosa contribuição para professores e professoras que atuam na perspectiva de uma educação antirracista. Vale ressaltar que a obra retrata um conjunto de práticas voltadas à etapa da Educação Infantil, por isso foi organizada a partir dos campos de experiências baseados em seis direitos de aprendizagem e em objetivos de aprendizagem, desenvolvimento, as interações e brincadeiras como eixos estruturantes. Um dos exercícios propostos pelo curso foi justamente pensar a respeito dos conhecimentos e aprendizagens referentes à diversidade étnico-racial na BNCC, uma vez que o documento não é transparente em relação a essa temática. Os campos de experiências, além de efetivarem os direitos de aprendizagem e desenvolvimento, como conviver, brincar, participar, explorar, expressar e conhecer-se, ainda garantem a aprendizagem das crianças, sempre partindo de suas próprias vivências e protagonismo. São eles: o eu, o outro e o nós; corpo, gestos e movimentos; traços, sons, cores e formas; escuta, fala, pensamento e imaginação; espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.

Para organizar o trabalho com as professoras no seminário proposto pelo curso, dividimos nos grupos os objetivos de cada campo de experiências, apenas como organização didática para cada grupo enfatizar mais aquele determinado campo. No entanto, é importante destacar que os campos de experiências se articulam entre si, estão entrelaçados e interrelacionados e não podem ser trabalhados de forma isolada, estanque. A transversalidade é 11 característica contundente nessa forma de organização da prática pedagógica, resultando em aprendizagens significativas para crianças e professores/as. Refletir sobre os objetivos de cada campo de experiências, articulando-os às práticas que pudessem ser antirracistas, levando em consideração as experiências cotidianas das crianças e planejando com intencionalidade, resultou no trabalho que se segue e que mostra a articulação dos conhecimentos trabalhados no curso com a Educação das Relações Étnico-Raciais.

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