Pesquisa

Artigo relaciona atividade física e eficácia de vacinas anti-covid-19

publicado: 23/02/2022 09h56, última modificação: 18/11/2022 16h24
230220221.jpeg

O professor do Centro de Ciência da Saúde e do Desporto da Ufac, Miguel J. S. Bortolini, publicou, em coautoria, artigo, em inglês, na “International Journal of Environmental Research and Public Health”. O trabalho questiona testes clínicos de vacinas contra covid-19 que não avaliam o nível de atividade física dos participantes.

O artigo intitula-se “Why Physical Activity Should Be Considered in Clinical Trials for Covid-19 Vaccines: A Focus on Risk Groups” (Por que a atividade física deve ser considerada em ensaios clínicos para vacinas contra covid-19: um foco em grupos de risco). Também assinam a publicação Bernardo Petriz (Centro Universitário UDF, Brasília), José Roberto Mineo (Universidade Federal de Uberlândia — UFU) e Rafael de Oliveira Resende (Fundação Oswaldo Cruz — Fiocruz).

Bortolini afirmou que, baseado em artigos sobre outras vacinas, o sistema imunológico de uma pessoa que realiza atividade física regularmente pode aumentar a eficácia da vacina de forma geral, nos testes clínicos. Por outro lado, se a pessoa participante do teste for sedentária, essa eficácia pode ser reduzida, assim como ocorre em pessoas com obesidade e não obesidade. Segundo o professor, os testes deveriam considerar o nível de atividade física dos participantes.

“No artigo, colocamos o que o exercício físico faz no sistema imunológico, quais são os parâmetros que ele melhora; colocamos fundamentos teóricos de outras publicações e explicamos que há essa lacuna nos testes clínicos e isso precisa ser corrigido”, disse Bortolini. “Inclusive há pesquisa em publicação sobre vacinas contra covid-19 e exercício que constatou aumento na quantidade de anticorpos, que é uma das respostas do sistema imune frente à vacinação.” 

O professor, que também coordena o Laboratório de Imunologia Translacional, destacou que o artigo é original e traz luz a uma discussão séria e nova. “Os pesquisadores de imunologia clássica não abordam a questão do exercício físico, que é algo que está surgindo e em alta nos últimos 15 anos na área da imunologia. Pesquisadores da área de educação física praticamente não têm imunologia nas suas grades curriculares, sendo o curso de bacharelado em Educação Física da Ufac um dos únicos do Brasil que tem essa disciplina.”

O artigo evidencia ainda um modelo de como os testes clínicos para vacinas deveriam proceder na análise do nível de atividade física do voluntário. Como desdobramento desse estudo, surgiu uma pesquisa experimental em parceria com os pesquisadores Ernesto Akio Taketomi (UFU) e Rafael de Oliveira Resende (Fiocruz). A pesquisa irá avaliar se exercícios físicos e alergias interferem na resposta à vacinação contra covid-19; atualmente aguarda por recursos financeiros para poder recrutar voluntários. A previsão de início é para março deste ano; mais de 500 voluntários devem participar.

230220222.png