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Conselho Universitário discute programa Future-se, do MEC

publicado: 20/08/2019 17h06, última modificação: 18/11/2022 16h10
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Estudantes, professores, técnico-administrativos e a administração superior da Ufac reuniram-se, em sessão solene do Conselho Universitário (Consu), para discutir o programa Future-se, nesta terça-feira, 20, no auditório do Órgão dos Colegiados Superiores. 

Lançado pelo Ministério da Educação (MEC) no último mês, o Future-se é apresentado pelo governo federal como um programa cujo objetivo seria o fortalecimento da autonomia administrativa, financeira e de gestão das universidades e institutos federais, através de ações desenvolvidas por meio de parcerias com organizações sociais. Porém, há muitas dúvidas sobre a elaboração e o formato de execução do programa.

Segundo a reitora da Ufac, Guida Aquino, as instituições de ensino superior não participaram do processo de elaboração do Future-se e foram surpreendidas com o convite para lançamento da possível nova política. Ela lembrou que o programa é apresentado em um cenário de extrema dificuldade para as universidades, com drástica redução orçamentária.

Conselho Universitário discute programa Future-se do MEC

“O Future-se apareceu de surpresa. Historicamente, os projetos governamentais para o ensino superior são construídos em conjunto com as universidades federais, seus órgãos e entidades representativos. No caso do Future-se, salvo exceções ainda não reveladas, esses atores só ficaram sabendo da existência do programa a partir do evento de apresentação”, disse Guida durante seu discurso. “Não sabemos exatamente quem elaborou o programa, mas é possível observar que nele predomina uma linguagem, até certo ponto, alheia ao ambiente acadêmico.”

Dividido nos eixos “Gestão, Governança e Empreendedorismo”, “Pesquisa e Inovação” e “Internacionalização”, o programa, de acordo com o MEC, não acarretará a privatização das universidades. Mas as entidades representativas que compõem a comunidade interna discordam.

“Nós temos uma tarefa muito importante: apresentar às pessoas o significado do Future-se, que é a privatização”, destacou o presidente da Associação dos Docentes da Ufac (Adufac), Sávio Maia. “A intenção é entregar este patrimônio público para a iniciativa privada, é vender o patrimônio físico da universidade, entregar o patrimônio coletivo do corpo técnico e docente altamente qualificado para o mercado.”

Para o presidente do sindicato dos trabalhadores em educação superior do Acre (Sintest-AC), Tadeu Coelho, o programa é malicioso. “É preciso ter cuidado para não nos deixarmos enganar”, alertou. “Se hoje há alguma dificuldade de acesso para algumas pessoas, não nos enganemos, pois, se aprovado, esse Future-se extinguirá a possibilidade de acesso dos mais pobres.” 

O presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Richard Brilhante, também demonstrou receio em relação à implantação do novo programa. “Essa proposta, que parece inovadora, na verdade tem objetivo exclusivo de entregar nossa estrutura para empresas privadas”, comentou. “O DCE deve organizar assembleias com os estudantes para deliberação coletiva. Meu posicionamento pessoal, entretanto, é de contrariedade à adesão ao Future-se.” 

Um grupo de estudo composto por representantes dos diversos segmentos que formam o Consu será formado para analisar o programa do MEC. A proposta é entender os impactos para a universidade, os pontos negativos, positivos e acompanhar o modelo final do Future-se, que será apresentado pelo governo federal.